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Crise reduz desembolsos do BNDES para logística

Por: Alice Wakai

Jornalista, atuou como repórter no interior de São Paulo, redatora na Wirecard, editora do Portal E-Commerce Brasil e copywriter na HostGator. Atualmente é Analista de Marketing Sênior na B2W Marketplace.

O Departamento de Logística do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou, em 2015, queda no volume de gastos para o setor em função da crise econômica.

Os recursos caíram de R$ 11,5 bilhões, em 2014, para R$ 8,3 bilhões, informou ontem (7) à Agência Brasil o gerente do departamento, José Dalto.

Ele disse que os desembolsos foram distribuídos em 2015 para projetos dos quatro principais modais, sendo 32% para ferrovias, 26% para rodovias, 22% para portos e 17% para aeroportos.

O restante se destinou, em sua maioria, à construção de embarcações para navegação em rios, que tem pequena participação no total de liberações.

O valor global de aplicações do BNDES no ano passado ainda não foi fechado, mas José Dalto estimou que, devido à situação econômica do país, as liberações para o setor de infraestrutura, englobando energia e logística, devem alcançar cerca de R$ 30 bilhões, dos quais R$ 8,3 bilhões para a área de logística.

Rodovias

O valor significa quase o mesmo patamar de 2014 para infraestrutura (R$ 29,9 bilhões).

Até 2014, a instituição estava injetando, no total, em torno de R$ 170 bilhões por ano.

Segundo Dalto, o número reduzido de lançamentos na área de rodovias pelo governo, no ano passado, levou essa modalidade a diminuir sua participação nos desembolsos do BNDES de 36%, em 2014, para 26% no ano passado, o que levou o setor ferroviário a ser mais representativo, contra participação de 21% no ano anterior. “Quando a gente fala de ferrovias, não fala só de infraestrutura. Fala também de aquisição de vagões, locomotivas, que o departamento também financia”, acentua.

Observou, entretanto, que nesse setor não estão incluídos desembolsos para sistemas metroviários, que fazem parte de outra área do banco, e de transporte de carga. Para portos e aeroportos, as participações assinaladas em 2014, nos desembolsos de logística, foram, respectivamente, de 25% e 15%.

Transferência

O gerente do Departamento de Logística lembrou que, quanto a  rodovias, alguns projetos foram transferidos para 2016, o que acabou frustrando as expectativas.

“Isso envolve, muitas vezes, o desembolso de empréstimo-ponte, bastante significativo e que pode chegar a até 30% do valor total financiado. Como não saiu muita coisa (em 2015), isso deu uma frustração de expectativa em rodovias”.

A crise acabou afetando o movimento das estradas. Com isso, demorou um pouco a análise desses projetos que representam receita futura, explicou.

De 2003 para cá, a carteira do Departamento de Logística do BNDES somou 200 projetos financiados, que resultaram em investimentos das empresas de R$ 140 bilhões, com participação do banco de R$ 63 bilhões.

Para os próximos quatro anos – de 2016 a 2019 – a projeção do BNDES é que os investimentos no setor de logística atinjam R$ 153 bilhões.

“E a gente está prevendo uma participação muito significativa para rodovias (57%), 22% para ferrovias, 10% para portos e 11% para aeroportos”. Os financiamentos do banco para logística no quadriênio devem totalizar R$ 49 bilhões.

Gastos

Para este ano, as perspectivas são promissoras, principalmente para o setor rodoviário, com a retomada do programa de concessões do governo federal e com projetos que estavam em carteira, mas que não tinham sido contratados.

As estimativas de gastos para a área de logística este ano alcançam R$ 9,3 bilhões, que resultarão em investimentos das empresas de R$ 38 bilhões.

Na área de aeroportos, deverá ocorrer a contratação de longo prazo do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no primeiro trimestre deste ano, e do Aeroporto de Confins, no terceiro trimestre, que já têm empréstimo-ponte.

Estão previstos desembolsos para projetos rodoviários e portuários, além daqueles dentro do Programa de Investimentos em Logística 2, cujas liberações são previstas para o final de 2016.

Fonte: Exame