Logo E-Commerce Brasil

Bags falsificadas de aplicativos de entrega alimentam golpes de falsos entregadores

Por: Alice Lopes

Jornalista no E-Commerce Brasil

Jornalista no E-commerce Brasil, graduada pela Universidade Nove de Julho e apaixonada por comunicação.

Ver página do autor

Uma rápida busca em sites de e-commerce revela a venda de bags com estampas falsas de iFood e 99Food, dois dos principais aplicativos de entrega do país. Os produtos, que deveriam ser exclusivos para entregadores cadastrados, acabam servindo de disfarce para criminosos.

Bag do iFood
(Imagem: reprodução)

Esses itens são encontrados tanto em plataformas digitais quanto em lojas físicas. No Mercado Livre e na Shopee, por exemplo, os anúncios variam entre R$ 35 e R$ 134, dependendo do modelo, que pode incluir apenas a capa ou também o isopor. Em São Paulo, a venda também ocorre em pontos comerciais. Questionada pela reportagem, uma vendedora afirmou que não há impedimento para a personalização das estampas, já que conta com o apoio de gráficas parceiras.

Para Alan Fernandes, mestre em ciências policiais de segurança e consultor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o uso de mochilas com logos de marcas conhecidas favorece a ação de criminosos. Segundo ele, desestimular a venda não autorizada seria uma forma de dificultar esse tipo de disfarce.

Posição das empresas de delivery

No iFood, o uso da mochila oficial não é obrigatório. A empresa comercializa o item por R$ 170 para entregadores cadastrados e também o distribui em eventos. As bags originais possuem QR Code e selo de autenticidade, mas a marca esclarece que esses recursos apenas confirmam a originalidade do produto, sem vincular a mochila ao usuário.

Já a 99Food oferece algumas mochilas como brinde a entregadores, sem venda direta e sem obrigatoriedade de uso. A companhia afirma que pode notificar e até mover ações judiciais contra a comercialização de produtos falsificados.

A Polícia Civil de São Paulo informa ter apreendido mais de 41 milhões de produtos falsificados desde 2023, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Investigações contra crimes patrimoniais, incluindo golpes praticados por falsos entregadores, estão em andamento. Um investigador ouvido pela reportagem, que preferiu não se identificar, destacou que a credibilidade das marcas de delivery é justamente o que torna esses golpes eficazes.

Entre os marketplaces, o Mercado Livre afirma utilizar ferramentas que permitem denúncias de violações de propriedade intelectual. A Shopee, por sua vez, não respondeu ao pedido de posicionamento.

Leis estaduais tentam barrar irregularidades

Diante do aumento dos casos, legislações estaduais buscam criar barreiras. Em São Paulo, uma lei sancionada em maio pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) prevê que mochilas e baús usados por entregadores tenham QR Code e chip de identificação, além de obrigar as plataformas a manter um cadastro de prestadores.

No Rio de Janeiro, a lei aprovada pelo governador Cláudio Castro (PL) estabelece que apenas as plataformas digitais possam fornecer as bags, gratuitamente, com identificação do entregador e registro atualizado pela empresa.