A delegação brasileira organizada pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo – SBVC, Varese Retail e BTB Educação e Consultoria para a NRF Big Show deste ano contou com 180 pessoas entre varejistas e ecossistema do setor. O objetivo da visita a Nova York era tirar insights e inspirações tecnológicas dos norte-americanos para serem aplicadas no Varejo nacional. Os executivos viram de tudo concluindo que analytics, internet das coisas e impressoras 3D são, de fato, as palavras-chave para o setor em 2016.
Na visão do presidente da SBVC, Eduardo Terra, de um ano para outro, os presentes na feira puderam testemunhar a evolução dessas tecnologias e já podemos dizer que estão cada vez mais aplicáveis ao setor varejista, inclusive no Brasil. “As tecnologias que agregam valor – big data e internet das coisas, por exemplo – são aquelas que estão dentro da empresa, fazendo parte da estratégia de crescimento do varejista e não aquelas pirotécnicas”, alerta Terra.
Segundo ele, dos 600 expositores da NRF que levaram as mais diferentes tecnologias e aplicações para o Varejo, os que apresentaram soluções de big data e analytics foram os que mais se destacaram. “Neste ano, presenciamos menos teoria e mais aplicações. Haviam muitas varejistas usando essas soluções para endereçar as estratégias de negócio”, afirma o presidente.
A internet das coisas também foi um ponto forte de discussão e essa tendência está vivendo um divisor de águas. Na opinião de Eduardo Terra, os smartwatches, por exemplo, não foram grande sucesso entre os consumidores, mas também não podemos dizer que foi um fracasso. O ponto de equilíbrio e aplicabilidade está na estética com aparelhos bonitos sendo usados principalmente entre as mulheres.
“O equipamento que tiver conectividade embarcada e fazer mais sentido de uso na vida do consumidor terá mais sucesso. As marcas de moda já estão se apropriando disso desenvolvendo produtos mais atraentes e conectados à internet. A IoT tem muito a evoluir não só para as pessoas, mas também nas lojas inteligentes.”
E por falar em aplicabilidade, as impressões 3D também evoluíram. Se antes, as impressoras desenvolviam objetos mais simples com menos representatividade, hoje podem criar produtos de maior valor agregado. É o caso da marca Normal que cria fones de ouvido personalizados de acordo com a orelha da pessoa. “Eu comprei e recomendo, o som tem muita qualidade e o fone se encaixou perfeitamente”, afirma Eduardo Terra.
Geração digital
Outro ponto de destaque na NRF 2016 é a geração Y, os millennials como foram nomeados. Segundo Terra, as pesquisas apresentadas na feira indicaram que 3 em 4 jovens afirmam usar sempre um smartphone na hora da compra. Isso gera um enorme desafio para o varejista, pois tem que haver uma contrapartida na hora da venda, alimentar o vendedor de informações. Além disso, esse consumidor cada vez mais procura por produtos sustentáveis.
“Mas a minha maior surpresa foi uma visita ao Google. Em uma pesquisa de mercado, eles concluíram que nos últimos quatro anos, o fluxo das lojas físicas caiu 54%, mas as vendas cresceram 15%. Isso significa que o fluxo de compra começa pela internet com pesquisa de preços e informações do produto, a loja é usada apenas para arrematar a aquisição”, diz.
“Isso comprova a força do digital no Varejo em todo mundo e não será diferente no Brasil. Ao invés do empresário investir mais em uma loja física, talvez, o ideal seja gastar dinheiro e esforços para uma estratégia digital. O comércio eletrônico e as redes sociais se tornaram a vitrine do Varejo e a loja física um espaço para concluir a venda”, acrescenta.
Para ele, essa migração digital será o maior desafio nos próximos anos. “Cada vez mais as redes fecharão lojas físicas e eu vejo isso com bons olhos. A Macy’s, por exemplo, já anunciou o fechamento de várias lojas para focar mais no digital. No Brasil, tem muita marca fazendo isso, mas em muitos casos essa estratégia é vista como um reflexo da crise e não como uma evolução do próprio mercado”, conclui Eduardo Terra.
Fonte: Decision Report