A experiência de compra online evoluiu, e o consumidor moderno espera muito mais do que uma vitrine digital. Ele quer encontrar algo que converse com sua personalidade, que atenda a seus desejos e que ofereça uma jornada fluida, vantajosa e, acima de tudo, encantadora. Seja uma curadoria personalizada, um desconto atrativo, um brinde exclusivo, uma entrega rápida ou um processo de troca sem burocracia, o consumidor escolhe quem oferece a melhor experiência.
Do outro lado, o lojista precisa acompanhar esse novo comportamento com atenção e agilidade. Ele precisa estar presente nos canais certos, testar novas formas de divulgação, criar campanhas promocionais mais inteligentes e garantir que, quando o cliente finalmente acessar sua loja virtual, tudo funcione da forma mais simples e eficiente possível.

E no meio disso tudo, está o produto digital que conecta essas pontas: a plataforma de e-commerce. Em um ecossistema no qual diferentes ferramentas coexistem – ERP, gateways de pagamento, hubs de marketing , a plataforma assume o papel de elo entre quem vende e quem compra. Ela precisa permitir que o lojista acompanhe o ritmo do consumidor, sem deixar de oferecer soluções escaláveis, aplicáveis a diferentes contextos, que não travarão a evolução do sistema.
Desenvolver um produto SaaS já é um desafio por si só. Mas desenvolver um SaaS para o comércio digital – em que as mudanças são constantes – é um desafio ainda maior. E é sobre isso que quero falar aqui.
Foco no usuário: por onde tudo começa
Sem o usuário, não existe produto. Hoje, mais do que nunca, entendemos que ter o usuário no centro das escolhas ao desenvolver uma solução é fundamental. Não adianta criar um produto cheio de recursos, com uma interface bonita, que atenda a diretrizes de segurança e performance, se ele não resolve os problemas e as necessidades reais de quem o usa.
Quem trabalha com produto – ou com software no geral – provavelmente já viu (ou viveu) esta cena: o cliente explica uma coisa, o time entende outra, o desenvolvimento entrega algo diferente e, no fim, nada resolve de fato o problema.
A famosa tirinha “What the Customer Really Needed” virou quase um retrato fiel do que acontece quando o usuário não é o centro das decisões. Cada área interpreta a demanda sob seu próprio viés, sem se aprofundar no contexto, nos porquês e nos reais objetivos por trás do pedido.

Manter o foco no usuário é justamente evitar esse efeito dominó. É investigar antes de executar. É perguntar “por que” mais de uma vez. É garantir que o problema esteja claro antes que a solução comece a ser desenhada.
Quando existe clareza de objetivo, criamos valor de verdade – para o usuário e para o negócio. Mas e quando o produto precisa atender usuários com necessidades e realidades muito diferentes?
Em soluções SaaS para e-commerce, esta é uma realidade comum: um único core deve ser capaz de sustentar cenários diversos, com flexibilidade para se adaptar sem perder a consistência.
Uma solução, muitos cenários
Quando uma solicitação surge, é muito comum ver discussões pautadas em “como a gente resolve isso?”. Mas, quando o assunto é criar soluções, essa não é a melhor abordagem. Antes de pensar no como, é imprescindível entender o “o quê” e o “para quem”. É preciso mergulhar nos detalhes: quais são as necessidades e os interesses, quais são as motivações, quem pretende usar, como imagina usar, quais as exceções, os desvios, os porquês.
Quando essa etapa do discovery é bem conduzida, ela revela mais do que o problema em si – expõe as particularidades do contexto, as regras de negócio, as prioridades, as expectativas e muito mais. O maior desafio, então, é transformar uma necessidade que surge em um cenário específico em uma solução robusta, que seja, ao mesmo tempo, flexível o bastante para atender públicos diferentes.
No modelo SaaS, não se cria uma versão do produto para cada cliente – pelo contrário, a proposta é construir um único sistema capaz de atender a diversos perfis e modelos de negócio. Essa solução precisa lidar com regras e dinâmicas variadas sem sacrificar a consistência nem a escalabilidade do sistema.
Para alcançar esse equilíbrio, é fundamental adotar uma abordagem de abstração inteligente. Em vez de replicar cada cenário de forma isolada, é necessário identificar os padrões comuns e as variações reais entre os diferentes contextos. Essa abstração não busca simplificar o problema de maneira superficial, mas reorganizá-lo de forma que os elementos compartilhados possam ser reaproveitados, enquanto as diferenças são tratadas de modo configurável.
Dessa forma, é possível criar uma base sólida, mesmo diante de novas demandas.
Arquitetura que acompanha a evolução
No desenvolvimento de um produto SaaS, garantir a manutenção e a escalabilidade é um desafio constante. Diferentemente de soluções customizadas para um único cliente, o SaaS precisa funcionar para múltiplos usuários e contextos, tudo em um único core.
Manter essa base robusta exige atenção para que novas funcionalidades, ajustes ou correções não comprometam a estabilidade do sistema nem interfiram negativamente em outras áreas ou usuários. Cada mudança precisa ser planejada para evitar “efeitos colaterais” que possam gerar retrabalho e aumentar o custo de manutenção.
A escalabilidade, por sua vez, não é só sobre aumentar capacidade ou volume. Trata-se também de assegurar que o produto consiga se adaptar às diferentes demandas e às constantes transformações do mercado, sem perder desempenho ou coerência. Isso requer uma arquitetura flexível, capaz de incorporar variações sem precisar reinventar a roda a cada nova implementação.
Por fim, a verdadeira complexidade está em equilibrar essa escalabilidade técnica com a evolução contínua do produto, garantindo que a plataforma continue competitiva e sustentável no longo prazo, mesmo frente às demandas específicas e variadas dos usuários.