
Créditos: Alexander Kovacs
No Brasil, também houve impacto. Quando, por exemplo, os gigantes do e-commerce Amazon e Mercado Livre anunciaram expansão pelo país, em 2018, investidores ficaram assustados. E as ações das três maiores administradoras de shoppings chegaram a cair 19%. Mas o mercado brasileiro de shoppings é muito diferente do americano, e os seus empreendedores estão sabendo fazer da ameaça uma oportunidade. Sempre se referiram ao comércio eletrônico como “complementar” ao físico e não exatamente um “concorrente”. E logo iniciaram também os seus processos internos de transformação digital, aprendendo a tirar vantagens das novas tecnologias. Rapidamente surgiram vitrines virtuais espalhadas pelo mall – uma das tentativas (sempre válidas) de integrar as modalidades de vendas e aproximar os mundos digital e físico. E, claro, lançaram seus próprios marketplaces, entendendo que o consumidor é o mesmo para os dois mundos. Mais do que isso, aprenderam que “a jornada do cliente tende a começar no digital”, como enfatizou Allison Peterson, Chief Customer Office da Best Buy, durante o festival de tecnologia South by Southwest (SxSW). E que, assim, o varejo físico pode funcionar como um suporte para o digital e vice-versa. E é aí que introduzimos duas considerações importantes: a primeira é de que o e-commerce tem suas complexidades - sobretudo logísticas - e que o pequeno varejista precisa de apoio para ter êxito nas operações digitais. Os shoppings, que sempre representaram esse apoio no varejo físico, passam a cumprir esse papel no digital. A segunda consideração diz respeito à característica de vários empreendimentos brasileiros, que é a localização privilegiada - o cliente final está na “primeira milha” para o shopping. E o que é melhor: essa milha desaparece, pois o shopping é o destino final, o ponto de encontro dos produtos e de seus consumidores. Então, resta a esses empreendimentos investir cada vez mais nesse encontro, apoiar varejistas em suas vendas físicas e digitais e apoiar o consumidor em suas compras, sejam elas online ou dentro do mall.
Créditos: Fernanda Vidoti
Nessa jornada, os shoppings criaram pontos de entrega de produtos em armários inteligentes, os e-Boxes. É bom para o consumidor - ele já escolhe o shopping como o seu ponto de passagem, um local agradável e conveniente para retirar suas encomendas. É bom para o varejista - evita percalços na retirada na loja, mantendo o foco dos vendedores no atendimento ao cliente e em novas vendas. E é bom para o shopping, que gera novos fluxos de clientes que consomem outros produtos e serviços no centro comercial, além de alimentar todo o ecossistema de varejo - conecta consumidores, marcas, facilidades, conforto, tecnologia, prazer. No omnichannel, a percepção de valor dos shoppings está cada vez mais relacionada a esses incrementos que fazem em seus ecossistemas, nos serviços e comodidades que oferecem, nas oportunidades que promovem, nas inovações.