
O fim dos cookies e o (re)começo do marketing
Em um hoje já longínquo ano de 2006, Clive Humby, um matemático londrino especializado em ciência de dados, cunhou a famosa frase “dados são o novo petróleo”. Na época, nem mesmo o expert poderia imaginar o quão valiosas as informações seriam alguns anos mais tarde. Os dados se tornaram uma nova commodity no mercado, gerando uma indústria lucrativa e de rápido crescimento. Gigantes da tecnologia como Alphabet (controladora do Google), Amazon, Apple, Facebook e Microsoft construíram seu legado em cima de milhares de informações coletadas de usuários em todo mundo – e pareciam imparáveis em sua missão de absorver e compartilhar cada vez mais dados no universo digital. Mas algo mudou pelo caminho.
[caption id="attachment_110881" align="aligncenter" width="800"]
O processo gradual de descontinuação dos cookies do Google já está em andamento, e será concluído em 2022.[/caption]
Em janeiro de 2020, o Google fez um anúncio que impactou o mercado. A empresa decretou o fim dos cookies third-party. Também conhecidos como cookies de terceiros, se resumem aos dados registrados no histórico de navegação de um usuário. Tudo o que fazemos na internet deixa rastros, especialmente informações sobre a nossa atividade ao visitar sites. Quando falamos especificamente sobre o Google, estamos nos referindo às informações coletadas via Google Chrome, navegador da empresa. Hoje, essas informações são de extrema valia para o marketing digital, pois são capazes de revelar os hábitos dos consumidores — ou seja, permitem a identificação de públicos-alvo e melhor direcionamento das campanhas.
O caminho mais fácil e rápido para impactar a audiência, no entanto, já começou sua contagem regressiva para o fim. O processo gradual de descontinuação dos cookies do Google já está em andamento, e será concluído em 2022, seguindo o mesmo caminho que Firefox e Safari já trilharam. A principal justificativa das empresas envolve a segurança digital. Embora muitos especialistas advoguem que os cookies não são capazes de realmente revelar a identidade de um internauta, eles são sim classificados como identificadores eletrônicos pelas autoridades e, portanto, um dado pessoal.
Com o advento das regulações de privacidade e regulação de dados, os principais navegadores e sistemas operacionais vêm trabalhando para mitigar riscos quanto a essas informações, o que culminou com a “morte” dos Cookies 3rd Party. Casos recentes de vazamento de informações por grandes empresas jogaram ainda mais luz sobre o tema.
