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O combate aos golpes digitais que atingem os players do e-commerce

Por: Bruno Tortorello

Com mais de 21 anos de experiência na área de logística e distribuição, Bruno Tortorello é um dos executivos mais destacados do setor. Graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP, com especialização em Administração pela FGV e MBA em Gestão Internacional pela FIA, Tortorello foi presidente da Total Express e, anteriormente, liderou áreas comerciais e operacionais do braço logístico do Grupo Abril. Chegou na Jadlog com a missão de alavancar as vendas e os negócios por meio das operações do e-commerce e do fortalecimento do negócio B2B de pequenas encomendas, contribuindo para que a transportadora alcançasse o faturamento de R$ 1 bilhão em 2020.

O avanço da digitalização nos últimos anos alavancou o e-commerce, mas também trouxe a reboque uma quantidade maior de golpes por meios digitais, que estão cada vez mais refinados. De uma maneira geral, os estelionatários usam como iscas perfis falsos em redes sociais, mensagens por e-mail, via SMS e sites fraudulentos para oferecer oportunidades que atraem as pessoas, apropriando-se, muitas vezes, da marca de empresas conhecidas para dar credibilidade a ofertas inexistentes, como vagas de trabalho no setor de logística e transportes.

O avanço da digitalização trouxe o aumento de golpes digitais. Saiba como as empresas devem se preparar para isso.

Essa tendência se confirma no Mapa da Identidade e da Fraude, realizado pela CAF, em que foi constatada uma alta nas fraudes no segmento de mobilidade neste primeiro trimestre de 2023, que engloba serviços de transportes e delivery. Segundo o relatório, 1,27% das transações do segmento se mostraram fraudulentas, contra 1,03%, em 2022. E a taxa de fraudes por transação documental foi de 2,94%, número que chamou atenção, pois é por meio desses documentos que ocorrem os cadastros de motoristas em plataformas de entregas de última milha, que englobam as do e-commerce.

O desafio das fraudes digitais

As fraudes digitais tornaram-se um desafio que impacta todos os players do e-commerce e de outros setores, especialmente aqueles com maior representatividade em vendas, que possuem grande capilaridade e estrutura nacional. Como empresas que possuem atuação em todo o território nacional e empregam milhares de pessoas diretamente e indiretamente, as transportadoras e os operadores logísticos também são alvos dessas quadrilhas e das fake news que os criminosos disseminam.

O setor tem sido impactado diretamente pela ação de estelionatários que oferecem vagas de trabalho inexistentes e levam dinheiro de candidatos, por meio de páginas falsas nas redes sociais, e-mail e mensagens de SMS, como se fossem oficiais das empresas. Os golpes atingem especialmente pessoas desempregadas com poucos recursos e até consumidores, que recebem mensagens de cobrança para liberação de encomendas. Dezenas, centenas e milhares de casos já foram indentificados, com pagamentos feitos pelas vítimas que variam de R$ 500 a R$ 1,2 mil.

O problema torna-se ainda mais grave diante da falta de medidas das redes sociais para conter a ação dos criminosos. E dentro desse contexto, a alternativa para as empresas vítimas é notificar extrajudicialmente as plataformas das redes sociais para que os perfis falsos sejam retirados do ar. Contudo, devido à dificuldade e à morosidade dos processos, em alguns casos é necessário processar as plataformas por meio de ação judicial, com pedido de liminar para suspensão imediata dessas páginas nas redes sociais.

A medida judicial se justifica pela responsabilidade das plataformas em cumprirem o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/14), os próprios Termos de Uso e Políticas das plataformas, a Lei de Propriedade Intelectual, além do Código Civil e da Constituição Federal, que prevê a inviabilidade da imagem das pessoas físicas e jurídicas.

Situações assim requerem ainda uma comunicação formal dos players às autoridades policiais, para que seja iniciado um processo de investigação e de identificação dos responsáveis pelas fraudes.

Outra iniciativa importante é atuar para evitar que novos golpes ocorram e para minimizar seus efeitos. Nesse sentido, é necessário elaborar alertas de fraude nos sites das empresas e em suas páginas oficiais nas redes sociais, reiterando que a comunicação na internet para informações e oportunidades de trabalho é feita apenas em seus canais oficiais e sem qualquer solicitação de pagamento para que os candidatos concorram às vagas ou para eventuais liberações de encomendas.

Com o avanço das tecnologias, inclusive a inteligência artificial, é previsto que as fraudes digitais cresçam ainda mais. Daí a importância de se promover um alerta sobre essas ocorrências e de as empresas estarem preparadas para reagir rapidamente e, inclusive, buscar mecanismos para conter os golpes, que impactam principalmente as pessoas mais vulneráveis socialmente.

(*) Bruno Tortorello é CEO da Jadlog