Logo E-Commerce Brasil

IACommerce: uma nova forma de vender está surgindo

Por: Fausto Reichert

Co-founder e Chief Strategy Officer (CSO) do PipeRun CRM de Vendas., possui mais de 20 anos de atuação em Marketing e Vendas de Serviços. É técnico em Processamento de Dados e Graduado em Marketing e MBA Ciências de Consumo na ESPM. Com seu trabalho à frente da SalesTech PipeRun, busca ampliar a produtividade em vendas de empresas em todo o Brasil.

Ver página do autor

Tenho visto uma pergunta surgir com frequência quase religiosa em mentorias, eventos e imersões com profissionais de marketing: como a inteligência artificial pode impulsionar nossas vendas? É uma dúvida legítima, mas a resposta exige mais profundidade do que as manchetes vendem. O que temos visto no Brasil, especialmente no setor de serviços e no varejo digital, é uma enxurrada de iniciativas envolvendo “IA” que, na prática, têm pouco de inteligência e muito de improviso.

Profissionais colaborando em ambiente moderno com destaque para "IACommerce".
Imagem gerada por IA.

Vivemos uma era em que basta dizer “nosso produto tem IA” para ganhar atenção, atrair investidores ou justificar decisões apressadas. Só que do ponto de vista comercial e estratégico, esse comportamento pode ser um tiro no pé. Muitas empresas estão embarcando na onda sem antes responder a uma pergunta fundamental: que problema real do meu cliente estou resolvendo com isso? O resultado são soluções bonitas na apresentação e irrelevantes na rotina de quem vende ou atende.

E se você lidera um e-commerce, um time de inside sales ou está estruturando canais digitais de venda, preste atenção: nem toda IA gera resultado e muitas estão mais confundindo do que ajudando.

Armadilhas comuns no uso da IA

Quatro armadilhas têm aparecido com frequência. A primeira é a tecnologia sem dor real: a IA implementada só porque parece certo, mas que não responde a nenhuma necessidade concreta do cliente. Depois vem a IA sem entrega: encanta no discurso, mas trava a operação e frustra a linha de frente com o consumidor. Soma-se a isso a mania de copiar o concorrente e, por fim, os protótipos que funcionam em demo, mas colapsam na vida real, na qual cliente não segue roteiro.

O conceito de IACommerce

É por isso que a inteligência artificial precisa estar a serviço de uma estratégia – e não o contrário. Durante uma palestra, ouvi de um cliente: “Você acredita no nascimento de um e-commerce com cérebro?”. Sim, acredito. E já estamos vendo isso acontecer. Chamamos de IACommerce: a integração entre inteligência artificial aplicada, processos de vendas consultivas, automações via CRM e canais digitais que entendem o consumidor em tempo real. Trata-se do e-commerce deixando de ser apenas um canal transacional e assumindo um papel mais estratégico, inteligente, adaptável e personalizado.

Só que IACommerce não é sobre tecnologia pela tecnologia. É sobre resolver uma dor concreta, acelerar decisões sem comprometer a confiança e melhorar a experiência de compra sem aumentar a fricção. É sobre fazer a tecnologia trabalhar para o negócio, e não o contrário. E isso só acontece quando há clareza sobre o público, maturidade no processo comercial e uma entrega de valor consistente.

A importância da estratégia humana

A provocação que deixo para os líderes de marketing, vendas e atendimento é direta: a IA pode ser o motor da sua operação, mas quem guia ainda é você. Antes de assinar contrato com uma nova plataforma, pergunte: isso resolve um problema real ou só me deixa com cara de inovador? Meu time vai usar ou vai boicotar? O cliente vai se engajar ou se afastar? Essa funcionalidade ajuda a vender ou só adiciona mais uma etapa? Porque no fim do dia, a decisão continua sendo humana e os humanos compram de quem entende suas dores e desejos.

O hype vai passar, como passaram os apps “revolucionários” e as automações que prometiam vender sozinhas. Mas a IA, como tecnologia de suporte a processos bem desenhados, vai ficar. E quem souber usá-la para entregar valor real, escalar o que já funciona e ampliar margens vai sair na frente. A IA não salva o que já está ruim. Mas, nas mãos certas, é combustível para ir muito, mas muito mais longe.

O futuro das vendas está sendo redesenhado agora. Não por quem busca atalhos, mas por quem entende que tecnologia sem estratégia é só barulho. E a pergunta que fica é: você vai liderar essa transformação ou ser mais um espectador do hype?