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Gerações Z e Alpha: como atender melhor a esse perfil omniconsumidor?

Por: Elói Prado de Assis

Diretor do segmento de Varejo e Distribuição da TOTVS, desde setembro de 2018. Formado em Marketing pela Universidade Mackenzie, tem MBA em Gestão de TI pela Live University. O executivo já foi CIO do projeto de transformação digital do Grupo Ri Happy/PB Kids, diretor de TI da Avianca Brasil e passou por outras grandes empresas, como TAM, UOL e AB-Inbev, maior companhia de bebidas do mundo.

É repetitivo dizer que nos últimos dois anos, em decorrência da pandemia e das restrições de circulação, os hábitos de consumo dos brasileiros mudaram, e eles passaram a privilegiar os canais digitais para suas compras. Mas não tem como negar que, para o varejo, isso foi uma virada de chave – e que já mostra seus efeitos práticos. Segundo o Índice de Produtividade Tecnológica (IPT) de Varejo, pesquisa encomendada pela TOTVS e conduzida pela H2R Pesquisas Avançadas, 94% dos varejistas, hoje, possuem pelo menos um canal digital de vendas, um número impensável há cinco anos.

Geração Z + alphas = omniconsumidores

Junto com a geração Z, dos nascidos entre 1995 e 2009, os alphas são os pilares que formam os novos omniconsumidores. Essa geração é ainda mais conectada e preocupada com o futuro do planeta, mudanças climáticas e causas sociais. Mas atenção: não estamos falando de consumo infanto-juvenil, e sim da geração que vai ditar o futuro do consumo e do varejo. Para se ter uma ideia, no Brasil, esse público já representa 42% da população total e em 2030 (apenas mais oito anos!) eles vão passar as gerações anteriores em poder de compra, atingindo 49% da população brasileira. Alguém de 2010, começo da geração Alpha, terá 20 anos. Ou seja, quanto mais cedo a gente entender o que eles querem, melhor.

Primeiro que, para eles, falar em omnicanalidade soa até estranho. Como é que você explica a água para um peixe? Eles não entendem o conceito, pois, para eles, não existe outra alternativa. Quando começaram a consumir, já o fizeram muitas vezes em canais e empresas que já tratam o digital e o físico como uma coisa só. Então, não existe para eles uma omnicanalidade – para eles, é assim que o varejo funciona, com os canais integrados como um só.

Expectativas do omniconsumidor

Esse omniconsumidor tem expectativas totalmente diferentes e isso é um desafio, pois os líderes, as pessoas por trás da operação, ainda são na sua maioria das gerações anteriores. Por isso, é preciso ouvir e entender esse novo omniconsumidor, e com urgência, pois não se trata de futuro, mas do presente: em 2021, 44% dos usuários do Instagram utilizaram o aplicativo semanalmente para realizar compras, e 90% afirmaram que seguem pelo menos um perfil de negócios e lojas, conforme estatísticas da gerenciadora de redes sociais Hootsuite.

Com esse panorama, é imprescindível que os varejistas não só entendam a relevância das plataformas digitais, mas invistam na evolução de seus canais online. E isso não pensando apenas em efetivar a venda, mas em proporcionar uma experiência de compra agradável para esses novos consumidores que naturalmente transitam entre o mundo digital e a loja física.

E o varejista?

Falando agora sobre o outro lado do balcão, o lado do varejista: quando falamos da gestão do negócio, é fundamental que as informações estejam centralizadas e sejam as mais reais possíveis, de preferência em consonância com os da ocorrência, para que os tomadores de decisão tenham os dados corretos para agir. A estratégia de omnicanalidade não foge dessa regra. A ideia é integrar os canais de relacionamento e venda, sejam eles digitais ou offline, para que não só a experiência de compra do consumidor em diferentes plataformas seja igual, como também o negócio caminhe de forma única para o mesmo alvo.

As ferramentas voltadas para a omnicanalidade fazem a função de integrar a loja física às plataformas digitais de forma única, sem barreiras ou entraves para o cliente. Ou seja, o sistema acompanha o cliente durante sua compra, faz a compensação dos estoques – esse produto saiu da loja X e irá para a casa do cliente -, checa se esse consumidor possui algum benefício ou desconto com base em compras anteriores e todas as nuances que permeiam a compra. Dessa forma, o cliente que visitar a loja física terá os mesmos atributos e garantias que aquele que realizou a mesma compra em outras plataformas digitais.

Sei que para alguns pode soar estranho falar de loja física em meio a essa potência e ascensão dos canais digitais, que eu mesmo já reiterei ao longo do texto. Mas não se engane: as lojas físicas ganham novas funções nesse novo cenário, proporcionando serviços agregados no momento da compra. Um exemplo: se no digital não é possível colocar um provador de roupas de neve com temperatura de menos -2°C, eu – varejista -, consigo chamar o meu consumidor a experimentar aquela peça em uma de minhas lojas físicas, que tem um provador especial que simula um cenário de temperaturas abaixo de zero.

Os canais podem e devem se complementar, porque no fim do dia é tudo sobre entender o consumidor e fazê-lo sair o mais satisfeito possível daquela experiência de compra. Afinal, experiências bem-sucedidas transformam consumidores comuns em consumidores fiéis – independentemente da geração. E a tecnologia é o caminho para isso.