Diversificação de estratégias
Outro ponto positivo para a indústria, quando ela aposta no D2C, é a ampliação do seu market share, já que ela está criando mais um canal de vendas, no qual pode analisar seu desempenho diante da concorrência, medir seu grau de valor e analisar se suas vendas estão aumentando ou caindo. Um case para exemplificar esse movimento de expansão é o Compra Certa, da Whirlpool. Criado em 1988, o objetivo do serviço, naquela época, era vender produtos da Brastemp e da Consul diretamente para o consumidor, que não tinha acesso a grandes lojas. O projeto, aperfeiçoado, tornou-se um clube de compras online com descontos exclusivos e entregas para todo Brasil. Se antes a plataforma restringia-se a ter apenas produtos da Whirlpool (Brastemp, Consul e KitchenAid), com o tempo atraiu novos parceiros e novas marcas à sua vitrine, como a Philips. A Philips disponibilizou diferentes produtos no clube de vendas, tendo a plataforma como mais um canal, onde negocia diretamente com o consumidor final. O modelo de venda direta permite à indústria captar o máximo possível de informações sobre o seu cliente, disponibilizando uma plataforma que atenda às suas necessidades e gerando novos insights do que a indústria pode oferecer de novidades para ele. Nesse caso, podemos mostrar como a Melitta conseguiu captar isso e oferecer ao seu público final algo exclusivo. Em abril deste ano, em comemoração ao Dia Mundial do Café, a Melitta lançou o café especial Lua de Sangue, que teve sua colheita feita à noite, durante o eclipse lunar, na Serra da Canastra, em Minas Gerais. Por ser um produto exclusivo e feito artesanalmente, a marca disponibilizou as vendas apenas em seu e-commerce e com um microlote de 200 unidades, limitando a venda a um público específico. Produtos e ações desse tipo geram o interesse de quem realmente gosta da marca e de café - além de ajudar na fidelização do cliente, que sempre vai procurar a indústria quando quiser novidades e exclusividades.Estrutura sólida
Quem aposta no D2C também deve ter por trás uma forte estrutura de apoio para que a estratégia dê certo. Mesmo com a evolução da integração entre on e offline, ainda temos alguns pontos que, se não trabalhados de maneira alinhada, acabam dificultando o sucesso da estratégia. Um grande desafio da indústria é saber administrar e planejar bem as operações em um e-commerce. Como a fábrica não tem a expertise do varejo, quando começa em um projeto online, depara-se com algumas dificuldades. Entre elas, a logística fracionada, na qual não precisa fretar um veículo inteiro para transportar mercadorias, e sim contar com um serviço de transporte de excelência para entregar diferentes produtos, de diversos clientes, em uma rota. Outra dificuldade são as formas de pagamento, pois agora a indústria vende direto para um consumidor que pode pagar à vista em boleto ou parcelar a compra em 12 vezes no cartão de crédito. Para evitar dor de cabeça e ganhar a confiança do cliente, o ideal é que a indústria busque o outsourcing desse projeto, em que a empresa contratada cuide de toda a gestão do e-commerce - desde o faturamento de nota ao consumidor final até uma estratégia de marketing personalizada ao público-alvo, tendo, assim, uma solução completa para atender a todas as demandas da compra. Outro ponto para se ter um certo cuidado e no qual se deve investir é o pós-venda. Ter uma equipe de SAC preparada para atender seus clientes, além de lidar com reclamações e críticas, é fundamental. Nem sempre o varejista irá repassar as informações do jeito que a marca deseja e, nesse cenário, a indústria deve apostar em atendimento ao consumidor de excelência, no qual todas as dúvidas serão esclarecidas e, os problemas, resolvidos da melhor maneira. Dar a atenção que o cliente deseja (e merece) é um meio de estreitar relações e posicionar a marca no mercado do jeito que ela deseja.O futuro é o D2C
Todo esse cenário mostra que o D2C não é um modismo, e sim uma maneira de entender como as pessoas querem consumir. Tanto os mercados de bens de consumo não duráveis e duráveis devem se atentar, caso não estejam nessa tendência de vender diretamente para o seu público final. A transformação digital mostra que, cada vez mais, o cliente quer ser surpreendido e não se sente atraído pelas mesmas estratégias de antes. Por mais que ainda haja algumas barreiras na conversão de compra de determinados produtos, o digital está se reinventando para oferecer ao cliente características até então exclusivas do offline, em que pode sentir, cheirar e ver produtos que irá adquirir, graças às soluções customizadas de inteligência artificial. A previsão é de que nos próximos anos a indústria esteja fortemente ativa no online e não porque ela quer, mas porque seus clientes estão lá. O D2C é mais um caminho desse novo mundo que, cada vez mais, precisa de dados para entender o seu cliente e o seu comportamento. Em um mercado mais competitivo e cheio de possibilidades, é fundamental, para o sucesso do seu negócio, saber exatamente o que o consumidor quer - tanto no online quanto no offline. Este artigo foi publicado, originalmente, na Revista E-Commerce BrasilGostou desse artigo? Não esqueça de avaliá-lo! Quer fazer parte do time de articulistas do portal, tem alguma sugestão ou crítica? Envie um e-mail para redacao@ecommercebrasil.com.br