Em um país de dimensões continentais como o Brasil, em que o consumo é descentralizado e há inúmeros desafios logísticos, proporcionar agilidade e precisão na entrega de mercadorias é essencial para a sobrevivência do varejo. Nesse sentido, a integração multimodal emerge como uma das principais estratégias para promover solidez à cadeia de suprimentos do setor, ao passo que combina diferentes modais de transporte, como rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo.

O principal desafio de capilaridade no varejo brasileiro está justamente no fato de o Brasil dispor de centros de consumo espalhados por regiões com diferentes graus de infraestrutura. Considerado o 5º maior país do mundo em extensão territorial, a nação enfrenta problemas crônicos, a exemplo das estradas precárias, custos elevados com combustíveis e baixa previsibilidade.
Desafios do modelo rodoviário tradicional
Hoje, contar apenas com o transporte rodoviário é um risco logístico e financeiro para as empresas varejistas que precisam abastecer lojas físicas, centros de distribuição e clientes finais em diferentes localidades. Em paralelo, o crescimento do e-commerce exige níveis maiores de rapidez, previsibilidade e visibilidade de ponta a ponta. Dessa forma, a integração multimodal vai além de uma decisão operacional, representando uma estratégia competitiva, que impacta diretamente a experiência do consumidor e a capacidade de escalar operações de forma sustentável.
A integração com modais ferroviário, aéreo e marítimo compensa essas fragilidades, uma vez que aproveita o melhor de cada modal, seja em velocidade, custo ou sustentabilidade. Segundo um levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT), esse processo reduz em até 15% os custos operacionais.
Ganhos operacionais e competitivos com a multimodalidade
Além de mitigar os riscos climáticos e operacionais, comuns em rotas exclusivamente rodoviárias, a integração multimodal fomenta a escalabilidade com menores custos marginais por unidade entregue. Essa estratégia é fundamental em períodos sazonais de alta demanda, como a Black Friday e o Natal, tornando-se um diferencial decisivo e competitivo.
Empresas líderes no varejo brasileiro já investem em plataformas de orquestração logística, capazes de selecionar automaticamente os melhores modais e rotas de acordo com prazo, custo e disponibilidade. Entre elas estão Magalu, Mercado Livre e Via, por exemplo. Esse processo proporciona respostas mais rápidas às mudanças de demanda e rupturas na cadeia de suprimentos, além de contribuir para operações mais sustentáveis e alinhadas com metas ambientais, colaborando para a redução significativa das emissões de CO₂.
Integração multimodal como padrão futuro do varejo
A consolidação da integração multimodal no Brasil ainda demanda investimentos coordenados entre setor privado e políticas públicas. No entanto, adotá-la como pilar torna o varejo brasileiro mais robusto para enfrentar volatilidades econômicas, oferecendo uma experiência de consumo ainda mais rápida, segura e confiável.
Em um ambiente de consumo dinâmico, margens comprimidas e exigência por entregas ágeis, conectar modais com inteligência é crucial para garantir eficiência operacional, presença nacional e sustentabilidade. Portanto, conforme o setor avança em digitalização e os investimentos em infraestrutura ganham escala, a multimodalidade se consolida como padrão logístico para empresas que desejam crescer de forma estruturada. Reconhecê-la como uma estratégia essencial, e não mais opcional, é indispensável para assegurar a solidez do varejo brasileiro.