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Build" ou "buy"? Na era da IA, o low-code redefine essa escolha

Por: Rodrigo Soares

Rodrigo Soares é Solution Architecture Manager para a América Latina na OutSystems, onde atua desde 2020 liderando equipes técnicas e apoiando clientes na adoção de plataformas low-code. Com mais de 15 anos de experiência em tecnologia, acumula passagens por empresas como Loggi, onde foi Lead Sales Engineer, e ClickSoftware, atuando como Solution Consultant para as Américas. Também empreendeu como cofundador da empresa Frispy (setor de alimentos saudáveis e inovadores). Rodrigo Soares tem sólida formação acadêmica: é PhD em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo (USP) e possui MBA Executivo com ênfase em Liderança e Inovação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi professor universitário por mais de oito anos na Universidade Presbiteriana Mackenzie, contribuindo na formação de alunos dos cursos de Ciência da Computação e Sistemas de Informação. Sua carreira combina visão estratégica, expertise técnica e vivência acadêmica voltada à inovação.

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A antiga dicotomia entre build ou buy aplicações deixou de ser suficiente para orientar as decisões estratégicas de tecnologia nas organizações. Em um cenário corporativo cada vez mais híbrido, distribuído e orientado à inovação, a resposta correta hoje é uma abordagem combinada: construir (build) internamente, adquirir (buy) soluções prontas se necessário e integrar ambos (blend) de forma inteligente e ágil.

Homem encaixa cubos translúcidos em cenário digital, simbolizando integração tecnológica, inovação e arquitetura componível.
Imagem gerada por IA.

Um novo equilíbrio entre desenvolvimento e aquisição

Essa abordagem – build e blend – significa que as organizações podem optar por desenvolver sistemas do zero ou adotar um modelo híbrido com relação ao que já adquiriu, até mesmo para modernização do legado, de modo a extrair o melhor dos dois mundos. Isso permite, por exemplo, aproveitar soluções SaaS (Software como Serviço) consolidadas para acelerar resultados em áreas padronizadas, ao mesmo tempo em que se desenvolvem aplicações sob medida para atender às necessidades específicas e estratégicas. Ao final, o foco está na integração eficiente entre componentes diversos, garantindo flexibilidade, velocidade e alinhamento com os objetivos de negócio.

Além disso, essas soluções em nuvem SaaS precisam conviver com sistemas legados, hospedados em nuvens privadas ou ambientes on-premises. Surge, então, a necessidade de arquiteturas mais componíveis, modulares e flexíveis, capazes de integrar sistemas próprios e de terceiros ou tudo em tempo quase real e com visualização da organização como um todo.

O papel das plataformas low-code e da IA generativa

É nesse ponto que as plataformas low-code ganham protagonismo. Elas viabilizam o desenvolvimento rápido de aplicações sob medida, com robustez empresarial, reduzindo drasticamente o tempo e os custos associados ao desenvolvimento tradicional. Ao mesmo tempo, oferecem a flexibilidade necessária para unir soluções existentes e preencher lacunas estratégicas com inovação personalizada.

Uma plataforma low-code com inteligência artificial (IA) apoia a abordagem de build, buy and blend software proporcionando redução dos custos iniciais de desenvolvimento e manutenção, de modo a prover maior flexibilidade na escolha da estratégia, permitindo adaptação a qualquer uma delas. Isso significa que há mais espaço para inovação e criação de produtos e serviços diferenciados pelas organizações.

No passado, a compra de pacotes prontos, com pequenas customizações, era suficiente para digitalizar processos. Hoje, isso não basta. A diferenciação e a vantagem competitiva exigem soluções únicas, alinhadas a estratégias específicas de negócio e cada vez mais customizadas ao perfil de negócios de cada organização. Soluções low-code permitem justamente isso: inovar com velocidade e segurança, aproveitando a expertise da equipe interna e os ativos digitais já existentes.

Governança e visão estratégica na nova era digital

Soma-se a isso o avanço da IA generativa que amplia ainda mais esse potencial. Ao combinar IA com desenvolvimento inteligente e automatizado, surgem as chamadas plataformas de geração de aplicações. Elas são capazes de transformar requisitos de negócios em sistemas funcionais completos com interfaces, lógica de negócios, modelos de dados e integração. A IA generativa acelera a criação, enquanto os profissionais refinam e ajustam conforme as exigências da organização.

Essa nova abordagem não visa eliminar a expertise técnica, mas potencializá-la. A IA pode sugerir e estruturar soluções com base em linguagem natural, mas é a experiência humana que garante coerência, segurança, governança e aderência às necessidades reais da empresa.

Nesse contexto, a governança se torna ainda mais crítica. Não basta desenvolver rapidamente – é essencial que os processos estejam respaldados por políticas claras de acesso a dados, segurança, conformidade e boas práticas. Ferramentas modernas já incorporam esses elementos no próprio design, permitindo que produtividade e controle caminhem juntos.

A transformação digital não é mais um projeto com começo, meio e fim, é um processo contínuo de adaptação, aprendizado e inovação. E, para que essa transformação seja bem-sucedida, é fundamental repensar o modelo de desenvolvimento. Combinar soluções é mais do que uma escolha técnica: é uma estratégia de sobrevivência e crescimento em um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo.

Low-code, IA generativa e arquiteturas componíveis formam o novo alicerce para essa jornada. A empresa que conseguir orquestrar esses elementos com visão, agilidade e responsabilidade estará muito mais preparada para liderar a próxima onda de inovação digital.