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Brasil avança na simplificação de negócios estrangeiros, mas desafios persistem

Por: Giuliano Gonçalves

Jornalista do portal E-Commerce Brasil, possui formação em Produção Multimídia pelo SENAC e especialização em técnicas de SEO. Sua missão é espalhar conteúdos inspiradores.

O Brasil tem feito esforços significativos para simplificar a tributação e reduzir as barreiras para o investimento estrangeiro, mas ainda enfrenta desafios consideráveis. Para entender um pouco mais sobre as barreiras que o Brasil preserva em relação ao mercado externo, conversamos com Carolina Secches, diretora de Global Entity Management da TMF Group no Brasil. 

Para ela, apesar das diversas travas ainda existentes, o país tem passado por mudanças cruciais para atrair capital e estimular o crescimento econômico sustentável. A seguir, você acompanha uma entrevista exclusiva do E-Commerce Brasil com a executiva.

Investimento estrangeiro e complexidade tributária

Segundo Secches, o Brasil tem progredido na redução das dificuldades para investidores estrangeiros, especialmente na área de regulamentação cambial e tributária. “Antes, havia muito mais requisitos e obstáculos para o investimento estrangeiro, e muitos desses foram simplificados”, afirmou. 

No entanto, ela ressalta que a complexidade tributária ainda é um desafio significativo. “Existem benefícios tributários e redução de tarifas para investimentos estrangeiros, mas a regulamentação e a constante mudança de regras criam um ambiente de incerteza”.

Impacto no e-commerce

Um dos maiores desafios para empresas estrangeiras que buscam vender produtos no Brasil, especialmente por meio do e-commerce, é o sistema de importação. De acordo com Secches, o processo de desembaraço aduaneiro é bastante complexo e a tributação de importação é alta. 

Além disso, ela destaca que a insegurança regulatória, com mudanças frequentes nas regras, também complica o cenário. “Recentemente, a tentativa de simplificar a importação de mercadorias de até US$50 foi revertida, aumentando a incerteza para empresas como Aliexpress e Shein, por exemplo”.

Diferenças regionais e conformidade

“A maioria dos investidores estrangeiros se concentra na região Sudeste, que possui a maior atividade econômica. Existem algumas zonas francas com benefícios fiscais, mas no geral, não há grandes diferenças regionais que afetem a conformidade”.

Carolina Secches, diretora de Global Entity Management da TMF Group no Brasil

Soluções e melhoria do ambiente de negócios

Para mitigar os desafios regulatórios e tributários, Secches sugere maior estabilidade nas regras e simplificação dos processos de importação. “Precisamos de mais estabilidade regulatória e uma redução na tributação de importação para facilitar os negócios. A contratação de um bom despachante aduaneiro também pode ajudar a navegar pelo complexo sistema brasileiro”.

GBCI e a evolução do Brasil

“Essa melhora se deve mais ao aumento da complexidade em outras jurisdições do que a mudanças internas significativas. No entanto, o Brasil tem feito avanços importantes, especialmente na digitalização e simplificação da regulamentação cambial”.

Esperança de simplificação

Apesar dos desafios, Secches mantém uma perspectiva otimista sobre o futuro do ambiente de negócios no Brasil. “Tenho esperança de que o Brasil continuará a simplificar e melhorar o ambiente de negócios, embora o progresso possa ser lento. A intenção de facilitar o investimento estrangeiro está clara, e acredito que a tendência é de melhora”.

Brasil subiu da primeira para a sétima posição em complexidade

Na 11ª edição do Global Business Complexity Index (GBCI), conteúdo divulgado recentemente pela TMF Group, o Brasil saiu da primeira posição em 2022 para a sétima em 2024. Essa melhoria, no entanto, ocorreu principalmente devido ao aumento da complexidade em outros países. 

A Grécia lidera o índice de complexidade deste ano, enquanto a América Latina permanece como a região mais complexa para negócios. E a lista inclui Colômbia, México, Brasil e Peru entre os 10 países mais complexos.

As 10 economias mais complexas são:

  • Grécia
  • França
  • Colômbia
  • México
  • Bolívia
  • Turquia
  • Brasil
  • Itália
  • Peru
  • Cazaquistão

Economias menos complexas:

  • Jamaica
  • Ilhas Virgens Britânicas
  • Jersey
  • Reino Unido
  • Nova Zelândia
  • Hong Kong
  • Dinamarca
  • Curaçao
  • Ilhas Cayman
Carolina Secches, Diretora de Global Entity Management da TMF Group no Brasil