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Alternativas de entrega - quem precisa dos Correios?

Por: João Cristofolini

Fundador e Co-CEO da Pegaki, fundador do ResumoCast, host do Pudo Brasil e autor de 7 livros

Vamos começar de forma prática: muita gente precisa dos Correios. Estamos falando da maior empresa de envio e entrega de correspondência do País e estão presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros. É responsável por cerca de meio bilhão de objetos postais por mês. Mas, apesar da ampla área de cobertura e do tamanho da operação logística desenvolvida pela empresa, nem sempre a estatal é a melhor opção para vendedores e consumidores.

Com localidades que possuem restrição para entrega domiciliar, possibilidades de greves como a que ocorreu em 2020 e paralisação dos serviços por meses, é necessário pensar em alternativas para que as entregas não parem. Digo isso especialmente no cenário de crescimento no número de envios postais no País.

Imagem de uma pessoa fazendo uma anotação em caixa de papelão para a entrega do produto

Na logística ainda há lugares de difícil acesso e com restrição de entrega domiciliar para transportadoras e Correios.

Com a pandemia, o número de consumidores online cresceu 29% em 2020. Neste caso, chegou a 79,7 milhões de pessoas e 194 milhões de pedidos virtuais, como aponta a pesquisa Webshoppers da consultoria Ebit|Nielsen. Em 2020, o e-commerce precisou se adaptar à maior greve da história dos Correios. Lembrando que isso ocorria ao mesmo tempo em que o número de pedidos virtuais só aumentava. Segundo o relatório Omnichannel 2020 da consultoria Kantar, o e-commerce cresceu em poucos meses o que levaria anos.

A primeira solução que vem à mente é o envio por meio de empresas privadas, mas mesmo essas têm problemas. Afinal, nem todas as localidades estão dentro da área de cobertura; pode não haver filiais em determinadas regiões; o destinatário pode estar ausente ou muitos outros motivos que impossibilitam a entrega. Essas questões ainda deixam lacunas na operação logística — o que impulsionou o desenvolvimento e implementação de novas alternativas.

Alternativa PUDO

Uma delas é a rede de PUDOs (sigla em inglês para “Pick Up & Drop Off”, que poderia ser traduzido para algo como “pegar e largar”), e a opção oferecida por lojistas de realizar a compra online e retirar o produto no estabelecimento, sem custo de frete. O frete gratuito ou mais barato é um dos fatores que mais pesa na decisão do consumidor. A pesquisa Webshoppers indica que, quanto maior o custo do envio, maior a chance do cliente fazer alguma reclamação sobre qualquer aspecto da compra. Além disso, o frete grátis é um ponto decisivo para que seja efetuada a compra.

A rede de PUDOs, por sua vez, também vem se ampliando e se tornando mais conhecida no Brasil. Aqui, esse modelo é conhecido como pontos de coleta e de retirada, tendência que traz vantagens aos e-commerces e também aos consumidores. Afinal, reduz o número de insucesso nas entregas e reduz os custos de frete. Mesmo com a ampla área de cobertura oferecida tanto pelo Correios quanto pelas muitas transportadoras, ainda há lugares de difícil acesso e com restrição de entrega domiciliar. Portanto, os pontos de coleta são uma opção para  vendedor, distribuidora e consumidor final.

Essa conveniência permite ao lojista ter a liberdade de deixar o produto em um ponto credenciado de sua escolha, para que o consumidor final retire por conta própria. Predições da Doddle, empresa britânica do setor de logística, indicam que os PUDOs devem continuar crescendo e se estabilizar como uma das principais formas de entrega e retirada de compras online.

Vantagens dos pontos de coleta

O investimento das empresas nesse mercado vem crescendo no mundo todo. Para ter uma ideia, os pontos de coleta já podem ser encontrados em outros países, como a China e a Polônia. Isso porque a possibilidade de realizar a entrega em estabelecimentos comerciais dribla diversas inconveniências, como:

  • tentativas de entrega em horários em que não há ninguém em casa;
  • prédios sem portaria;
  • assim como outras ocorrências comuns em entregas realizadas pelo Correios.

Além disso, os pontos de coleta facilitam a fase final da entrega, etapa conhecida como “última milha” — determinante para o cumprimento do prazo. Ao otimizar a rota, a frota faz um percurso menor e maximiza a capacidade de ocupação dos veículos.

Escolher a melhor alternativa de entrega dos produtos é um diferencial para os e-commerces, desde os menores até as grandes empresas. É necessário haver alternativas para viabilizar o envio em menos tempo e com menor custo, a fim de proporcionar uma melhor experiência para o consumidor final. Quanto mais os e-commerces se atentarem à logística dos envios e às melhores oportunidades de operações, mais irão fidelizar seus clientes e proporcionar boas experiências de compra.