Recentemente, ao refletir sobre a trajetória da tecnologia e inovação no Brasil, lembrei-me de um artigo que escrevi em 2012, enquanto CTO e co-fundador da eBehavior, Startup de Inteligência Artificial para e-commerce investida pelo Buscapé em 2010, sobre o e-mail marketing 3.0.
Naquela época, já discutíamos a importância da hiper segmentação e da personalização automatizada, conceitos que só agora, 12 anos depois, estão ganhando tração no mercado brasileiro. A pergunta que não me sai da cabeça é: por que demoramos tanto para abraçar a inovação?
A resistência à inovação não é um fenômeno exclusivo do Brasil, mas parece ser particularmente pronunciada aqui. Em um estudo da McKinsey, apenas 30% das empresas brasileiras se consideram pioneiras em adoção tecnológica, em comparação com 45% nos Estados Unidos. Esse dado é preocupante, considerando o potencial transformador da tecnologia em todos os setores da economia e a criatividade dos Brasileiros.
A luta pela hiper personalização
Em 2012, nossa equipe na eBehavior desenvolveu uma solução de e-mail marketing que utilizava algoritmos de Inteligência Artificial para personalizar automaticamente o conteúdo dos e-mails e de vitrines de recomendação nas páginas das lojas virtuais, com base no comportamento de navegação dos usuários. A promessa era clara: aumentar significativamente as taxas de conversão e o valor médio do ticket médio.
No entanto, convencer os lojistas de que essa tecnologia realmente funcionava mesmo mostrando dados comprovados pelo google analytics foi um desafio monumental. Muitos estavam presos a métodos tradicionais e relutantes em investir em algo novo, mesmo diante de evidências concretas de sucesso.
O desafio da conservadorismo
Essa relutância em adotar novas tecnologias pode ser atribuída a vários fatores. Um deles é o conservadorismo inerente ao ambiente empresarial brasileiro. Muitas empresas preferem manter processos estabelecidos, a vaca leiteira como alguns chamam, mesmo que ineficazes, mas que ainda funcionam, a correr o risco de implementar algo novo para ter resultados maiores. Esse comportamento é agravado pela falta de incentivos governamentais e pela burocracia, que muitas vezes sufoca a inovação.
Dados que provocam reflexão
Investimento em P&D: o Brasil investe apenas 1,3% do seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, enquanto países como Coreia do Sul e Israel investem mais de 4%.
Adaptação ao Digital: segundo a IDC, 60% das empresas brasileiras ainda estão em estágios iniciais de transformação digital.
Educação e Qualificação: apenas 18% dos brasileiros possuem ensino superior completo (Eu mesmo não tenho), o que limita a capacidade de inovação e adoção de novas tecnologias.
Reflexões para o futuro
Será que estamos, como executivos, empresários e funcionários, realmente investindo tempo e recursos em iniciativas inovadoras? A máxima “se quer resultados diferentes, faça diferente” nunca foi tão relevante. Precisamos questionar o quão diferente estamos agindo no nosso dia a dia para impulsionar a inovação.
A resistência à inovação no Brasil pode ser um grande obstáculo, mas também representa uma oportunidade imensa para aqueles que estão dispostos a desafiar o status quo. Precisamos criar um ambiente que valorize e incentive a inovação, desde a educação básica até as políticas empresariais e governamentais. Só assim conseguiremos transformar o potencial tecnológico do Brasil em realidade e, finalmente, alcançar um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
Gostaria de ouvir suas opiniões e experiências sobre a adoção de novas tecnologias em suas empresas. Quais são os maiores desafios que vocês enfrentam? E o que estão fazendo para superá-los? Compartilhem nos comentários!
Segue o artigo de 2012:
Quem tem medo do e-mail marketing?, por André Franken, publicado em 01 de novembro.