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3 erros que acabam com o resultado de quem importa para vender online

Por: Lincoln Fracari

CEO da China Link

Fundador e diretor executivo do Grupo China Link. Especialista e consultor na área de negócios com a China e Ásia, empresário, investidor, escritor e palestrante. Formado em Administração pela Universidade Paulista e especializado em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas.

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A importação pode ser uma das decisões mais inteligentes para um e-commerce que deseja crescer de forma sustentável e aumentar a margem de lucro. Ao trazer produtos de outros países, é possível acessar novidades antes da concorrência, negociar preços mais competitivos e oferecer ao cliente um portfólio diferenciado. No entanto, junto com as oportunidades, existem armadilhas que podem transformar essa estratégia em um prejuízo significativo.

Descubra como as novas taxas de importação estão impulsionando o mercado nacional e criando oportunidades no dropshipping brasileiro.
(Imagem: reprodução)

Muitos lojistas que começam a importar cometem erros que não apenas impactam o resultado financeiro, mas também afetam a imagem da marca e a satisfação do consumidor. Entre os mais graves, três merecem atenção especial.

Ignorar o tempo total da operação

Um dos erros mais comuns é acreditar que o prazo de importação se resume ao transporte internacional, seja ele marítimo ou aéreo. Na prática, esse é apenas um pedaço do caminho. Antes de o produto embarcar, pode haver semanas de produção, especialmente quando o fornecedor está fabricando um lote exclusivo para o lojista. Depois, é necessário consolidar a carga, realizar inspeções de qualidade, preparar a documentação e organizar o embarque.

Quando a carga chega ao Brasil, ainda é preciso passar pelo desembaraço aduaneiro, que envolve conferência de documentos, cálculo e pagamento de impostos, análise por órgãos anuentes quando necessário e, em alguns casos, inspeção física da mercadoria. Somente após a liberação a carga é encaminhada ao centro de distribuição para, então, seguir ao consumidor.

Ignorar esse ciclo completo leva muitos lojistas a prometer prazos de entrega que não podem cumprir. Imagine um e-commerce que anuncia a chegada de um produto importado para a Black Friday, mas esquece de considerar um atraso no embarque marítimo ou um procedimento de fiscalização extra na alfândega. O resultado é um atraso que pode frustrar clientes e gerar uma enxurrada de pedidos de cancelamento.

A solução está no planejamento. É preciso criar um cronograma detalhado, considerando não apenas o tempo médio de cada etapa, mas também possíveis imprevistos. Para produtos sazonais, o ideal é iniciar a negociação e o processo de importação com vários meses de antecedência.

Escolher o frete apenas pelo preço

Outro erro recorrente é selecionar a modalidade de frete internacional apenas com base no custo inicial. O transporte de carga pode ser feito de diferentes formas e cada modalidade impacta não apenas o prazo, mas também a previsibilidade de custos e o risco envolvido.

Uma escolha equivocada comum é optar pelo DDU (Delivered Duty Unpaid), que deixa o pagamento de impostos e taxas para ser feito no destino. Embora possa parecer mais barato no início, esse modelo pode gerar custos extras imprevistos, além de atrasos no desembaraço caso haja divergência na documentação ou no valor declarado.

O DDP (Delivered Duty Paid), por outro lado, costuma ter um custo inicial maior, mas oferece segurança, pois todos os tributos e taxas são pagos na origem. Isso evita surpresas e permite que o lojista tenha clareza total sobre o custo final do produto. Em operações de e-commerce, essa previsibilidade pode fazer toda a diferença para a formação de preços e para a margem de lucro.

O modal de transporte também influencia. O frete marítimo é mais barato, mas mais lento e sujeito a variações sazonais de prazo. O aéreo é mais rápido, mas significativamente mais caro, e pode não ser viável para produtos de baixo valor agregado. Entender o perfil da mercadoria, o giro de estoque e o ticket médio do produto é essencial para escolher a modalidade correta.

Não integrar estoque e logística

A integração entre estoque, logística e loja virtual é fundamental para evitar prometer ao cliente um prazo de entrega que não será cumprido. Muitos e-commerces vendem produtos que ainda estão no porto, em trânsito ou aguardando liberação aduaneira, o que inevitavelmente leva a atrasos e insatisfação.

Um exemplo prático: um lojista anuncia um lote de 500 unidades de um produto recém-comprado no exterior e lança uma campanha de vendas. O problema é que essas unidades ainda não chegaram ao estoque físico e a previsão de entrega depende de várias etapas da importação. Se qualquer uma delas atrasar, todos os pedidos feitos durante a campanha serão comprometidos.

A solução é utilizar sistemas integrados, que permitam acompanhar o status da importação e atualizar automaticamente o estoque da loja virtual somente quando a mercadoria estiver realmente disponível. Além disso, é importante alinhar o time de marketing com o time de logística, para que as campanhas sejam planejadas de acordo com a disponibilidade real de produtos.

A importância de alinhar as áreas e planejar com dados

Evitar esses erros exige muito mais do que atenção pontual. É preciso adotar uma visão integrada de toda a operação, envolvendo as áreas de compras, logística, marketing e atendimento ao cliente. Quando cada setor entende o papel da importação dentro da estratégia do negócio, fica mais fácil tomar decisões assertivas e evitar prejuízos.

O planejamento detalhado, o acompanhamento de indicadores como prazo médio de importação, custo logístico por unidade e giro de estoque, e a criação de processos claros para comunicação entre equipes são fundamentais para que a importação se torne uma vantagem competitiva.

Em um mercado cada vez mais disputado, onde o cliente espera agilidade, transparência e qualidade, não há espaço para erros básicos. A importação, quando bem executada, é uma ferramenta poderosa para crescimento. Mas, quando mal gerida, pode se transformar rapidamente em um obstáculo difícil de superar.