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Como a Amazon lida com a precificação dinâmica

Por: Ricardo Ramos

Ricardo Ramos, CEO e fundador da Precifica, empresa especialista em soluções de pricing. Empreendedor com foco em inovação no setor de tecnologia SaaS. Também é palestrante sobre os temas de e-commerce, inteligência de mercado, gestão de empresas e empreendedorismo.

Gigante do comércio eletrônico mundial, dona de um faturamento de US$ 74,45 bilhões em vendas no ano passado e com 65 milhões de visitas por mês em seu site, a Amazon vem adotando a precificação dinâmica como uma ferramenta para tornar-se ainda mais competitiva.

O market place aumentou significativamente as mudanças de preços dos seus produtos no ano passado. De acordo com dados da Profitero, a empresa passou de pouco mais de 269 mil mudanças em dezembro de 2012 para mais de 2,5 milhões um ano depois. Isso mesmo: são mais de 2,5 milhões de alterações de preço em um mesmo dia.

As duas principais concorrentes, Walmart e BestBuy, não passaram de 50 mil mudanças no último mês de novembro. O total de itens com preços alterados também teve um crescimento elevado: de 50 mil em abril de 2013 para 415 mil após seis meses. E o número não para de subir.

Mas por que um e-commerce tão dominante adotou de vez a precificação dinâmica em seus produtos?

O conceito deixou de ser novidade e se transformou em algo essencial para o desenvolvimento do e-commerce mundial. Sucharita Mulpuru, vice-presidente da Forrester Research, uma das maiores consultorias do mercado, afirmou em palestra na NRF – Retail’s Big Show 2014 que “preço dinâmico é uma tendência que veio para ficar no comércio eletrônico”.

O principal motivo é a otimização do tempo. Com recursos tecnológicos cada vez melhores, a precificação dinâmica permite que o empresário possa monitorar a concorrência, ter um volume maior de vendas e criar subsídios para definir estratégias em relação aos preços em um processo muito mais rápido do que seria sem a ferramenta.

O preço é uma das principais premissas de todo negócio. No entanto, a forma de trabalhá-lo e os recursos disponíveis para isso se atualizam constantemente. Hoje em dia o empresário não pode depender de pesquisas manuais para definir qualquer alteração nos seus produtos. A automatização possibilita dinamismo e acesso à informação em tempo real para definir a melhor estratégia para o negócio.

E como está essa situação no e-commerce nacional?

Aqui o empresário virtual ainda não usufrui de todas as possibilidades do conceito. Mesmo com um grande exemplo vindo dos Estados Unidos, há o receio de que a precificação dinâmica possa extrapolar limites, tanto para cima quanto para baixo. Mas é importante deixar claro que existem regras pré-estabelecidas para que a automação aconteça, bem como gestão de risco, para precaver possíveis erros.

Além disso, há quem pense que utilizar uma ferramenta como essa serve apenas para baixar o preço e não se atenta para as demais oportunidades que podem ser apresentadas, como aumentar o preço quanto estiver muito abaixo da concorrência ou até mesmo quando estiver com o estoque exclusivo de um determinado produto frente aos seus concorrentes.

O tema ainda é novo e pouco explorado. O cenário, porém, é totalmente favorável para crescimento. A Pesquisa Frete Junho de 2013 mostrou que o preço é o principal estímulo para a pessoa comprar em um e-commerce, com 82% da preferência. Os números não mentem: a precificação dinâmica  será essencial tanto para os pequenos empresários quanto para gigantes do setor.