No primeiro semestre de 2011, o faturamento estimado do comércio eletrônico no Brasil girou em tomo de R$ 8,8 bilhões, montante maior do que todo o faturamento de 2008, que ficou na casa dos R$ 8,2 bilhões. A expectativa é de que, até o final do ano, esse valor chegue próximo dos RS 20 bilhões. No ano passado, foram R$ 14,8 bilhões em vendas pela internet.
O número representa acréscimo de quase 40% ante os R$ 10,6 bilhões registrados em 2009. Em 2010, foram registrados mais de 23 milhões de e-consumidores. Ao todo, no período, se consumaram mais de 40 milhões de pedidos em todo o território nacional. Os números são da e-bit, especializada na divulgação de informações sobre comércio eletrônico. Eles demonstram a força da evolução desse canal de vendas nos últimos anos. “Lá pelo ano 2001, o perfil do comprador era mais elitizado, ele pertencia a quem tinha acesso ao computador, às classes A e B”, lembra Alexandre Umberti, diretor de marketing e produtos da e-bit.
Na época, os produtos mais vendidos eram livros, CDs e DVDs e os tíquetes eram debaixo valor. “Os consumidores não tinham tanta segurança? justifica. Hoje, as condições são outras. O poder aquisitivo da população cresceu nos últimos anos e o número de pessoas com computador em casa aumentou de forma significativa.
Muitos consumidores da classe C passaram a fazer compras online. Calcula-se em 27 milhões o número de brasileiros que fizeram ao menos uma compra online até hoje. Somente nos primeiros seis meses do ano, quatro milhões de pessoas fizeram sua primeira compra virtual. Luiz Goes, sócio sênior da GS&MD – Gouvêa de Souza, consultoria especializada em varejo, também credita à elevação do poder aquisitivo da população grande parcela na evolução do comércio eletrônico. “Com o crescimento da renda, há a tendência de os consumidores se tornarem mais multicanais”, explica, ao avaliar que ainda existe muito potencial de evolução.
Hoje, as lojas físicas respondem por 95% vendas do varejo. Outros meios tradicionais de distribuição – feiras, vendas diretas, telefone – e os canais dividem os 5% restantes. “A participação da internet ainda é muito pequena, fica em torno de 1%”, revela. Outros canais digitais, celulares e TV interativa ainda estão em processo incipiente. Outro fator que pode colaborar com o aumento dos volumes negociados é o do consumidor estar se tomando cada vez mais global. “Fizemos uma pesquisa recente com internautas e 45% deles já realizaram compras em outro país”, conta Goes.
O valor dos tíquetes cresceu. Pesquisas realizadas pela e-bit constatam essa variação. O valor médio das compras no ano passado foi de R$ 373, contra R$ 335 em 2009 (crescimento de11%). O tíquete das compras femininas aumentou de RS 240, em 2005, para R$ 314 em 2010. A média dos gastos efetuados pelos homens no ano passado foi de RS 425. “O aumento do valor se deve à mudança do perfil das compras”, explica.
No ano passado, pela primeira vez, os eletrodomésticos ficaram com a liderança entre os itens mais vendidos. Eles responderam por 14% das vendas, seguidos por livros, assinaturas de revistas e jornais (12%), produtos de saúde, beleza e medicamentos (12%), informática (11%) e eletrônicos (796). “A realização da Copa do Mundo em 2010 ajudou esse panorama, incentivou a venda de aparelhos de TV”, diz Umberti. Entre as categorias com bom potencial de crescimento, desponta a de moda. Cresce a procura, por exemplo, por camisetas de clubes ou de marcas esportivas famosas, como Nike, Adidas e Puma.
A comodidade e a facilidade de se comprar um produto e recebê-lo sem a necessidade de sair de casa são outros fatores que explicam o bom desempenho deste canal de vendas, acrescenta Ludovino Lopes, presidente da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. “O internauta não precisa usar seu automóvel para ir à loja, gastar gasolina, enfrentar trânsito, pagar estacionamento”, emenda. Outra vantagem: as empresas não precisam manter uma loja com espaço físico de porte. Essa característica, combinada com administração eficiente, permite aos varejistas virtuais praticar preços competitivos.
Fonte: Revista Meio & Mensagem
(Leia a íntegra da reportagem na revista impressa de 15.08)
Com informações de Camara-e.net