Quando recebi a missão de escrever sobre a True Body Store, confesso que fiquei um pouco preocupado. Afinal, entendo pouco de moda, muito menos de lingerie. Mas, assim que eu acessei o site da empresa para ver do que se tratava, percebi o tamanho da oportunidade que tinha acabado de cair no meu colo! Afinal, o que eu via ali era uma linha de roupas cujo único propósito era o de promover o bem-estar às mulheres. E eu não digo que era a uma parcela de mulheres, não. Os produtos naquela vitrine, com modelos “reais e sem retoques”, eram voltados para todas elas!
Muito mais animado e confortável com o case, entrei em contato com a Yasmin de Oliveira para entender melhor como nasceu a ideia da sua empresa. Detalhe: ela começou o projeto da True Body Store aos 16 anos de idade! Foi ali, pelo WhatsApp mesmo, que começamos a conversar. Eu não sei você, mas eu consigo sentir quando uma pessoa tem boa energia até mesmo num bate-papo virtual (em tempos de pandemia, então, isso ficou ainda mais perceptível para mim, já que é o recurso que mais utilizo). “Desde cedo, eu não queria mais depender dos meus pais financeiramente”, justificou Yasmin quando perguntei por que começou a empresa tão jovem. Ainda assim, ela foi enfática ao afirmar que “não começaria algo se não houvesse propósito”.
A marca foi criada para oferecer lingeries lindas e confortáveis para todas as mulheres. Imagem: Divulgação
Ao lado de seu marido (que à época ainda era namorado), sua mãe e sua sogra, ela iniciava um projeto que, como já imaginava, transformaria a vida de muitas mulheres. Porém, até que uma mulher se sentisse representada com lingeries lindas e confortáveis, Yasmin passou poucas e boas para o negócio engajar. “Eu era muito nova, né? Então não tinha noção alguma de como administrar uma empresa. Os primeiros anos da True foram bem difíceis, tudo era muito novo para mim. Meu erro foi não ter estudado antes sobre meu negócio”, admitiu.
Depois de alguns anos – mais especificamente em 2019 – ela foi atrás de organizar a casa. Para isso, começou estudando marketing, costura, modelagem… “Eu mergulhei nos estudos e, em 2020, finalmente comecei a ver os resultados”. E em nossa conversa a empresária aproveitou para fazer um alerta aos iniciantes: “Antes de se empolgar e começar a trabalhar na emoção, entenda o modelo do seu negócio. Do contrário, certamente você vai investir em coisas que não trarão o resultado esperado”. Deu para entender, né? Nada de misturar dinheiro com emoção…
O trabalho por trás da True Body
Curioso para saber a rotina de trabalhos da True Body Store, perguntei sobre a dinâmica do dia a dia da empresa. “Eu faço o planejamento da semana aos domingos. A parte de conteúdos das redes sociais também é minha, e produzo tudo às terças. Na segunda e na quinta-feira a gente coordena separação e envio dos produtos e, às quartas, tiro o dia para ir à confecção e resolver as coisas de rua”. Ficou cansado aí só de ouvir? Pois é, eu também… Uma dica interessante da Yasmin para a organização das tarefas: além do conhecido Trello, a empresária utiliza um aplicativo chamado Notion – segundo ela, ambos são ótimos aliados nesse quesito. “Dei um Google” nesse último app, e realmente é bem interessante (se ainda não conhece, vale conferir).
“Não usamos photoshop ou qualquer artifício para mexer nas imagens. São como são, lindas”, orgulha-se Yasmin. Imagem: Divulgação
Enquanto a parte administrativa é dividida entre Yasmin e seu marido, a confecção (artesanal) ocorre em um ateliê, também em São José dos Campos. A logística, segundo ela, é o que mais pega para o seu negócio: “Temos um problema em questão de valor de frete para lugares distantes. Vendemos para todo o Brasil e, por mais que hoje existam plataformas que facilitem essa etapa, o valor espanta muitas pessoas”.
Ainda que o preço do frete às vezes seja um empecilho, o “valor” da marca se sobrepõe. Modelos lindas, bem resolvidas com os corpos, esbanjam amor próprio em cada foto. “Não usamos photoshop ou qualquer artifício para mexer nas imagens. São como são, lindas”, orgulha-se. Há todo um contexto por trás dos produtos para levar conforto às mulheres. “As peças são produzidas em renda, algodão e elastano, porque eu sei que cada corpo é único, e as peças devem se adequar – não o contrário”.
O efeito da pandemia
Como a True Body nasceu digital, o efeito da pandemia nas vendas foi oposto ao ocorrido nas lojas físicas. Portanto, enquanto o mercado baixava as portas, Yasmin vendia como nunca: “Jamais pensei que receberia tantas clientes novas de uma só vez. Batemos recordes de vendas mês após mês, e praticamente triplicamos o faturamento até outubro de 2020”. De outubro até março deste ano, ela disse que as vendas diminuíram um pouco. Em seu entendimento, “as pessoas ficaram receosas por perceberem que a pandemia continuava, por isso reduziram os gastos”.
Para não perder essa onda, Yasmin surfou nos aprendizados adquiridos e reinventou a forma de interagir com as clientes. O Instagram, por exemplo, tem postagens diárias, e até o TikTok é usado para conversar com o público. “Fazemos campanhas de remarketing todos os dias, tanto para quem já compra de nós como para quem ainda não. Essa atenção está em nosso DNA, e conta muito para o sucesso da True”.
Yasmin de Oliveira é proprietária e criadora da True Body Store. Imagem: Divulgação
Lembra que eu falei lá no começo que sinto a energia das pessoas até mesmo pelo WhatsApp? Para a minha alegria, acho que não estou ficando louco. Afinal, Yasmin disse que o app de mensageria é um dos preferidos de suas clientes. “Muitas delas preferem receber o atendimento por ele, porque além de mais exclusivo faz com que elas se sintam mais especiais. Eu acho que, de todos, esse é o canal digital mais humanizado que encontramos”.
O que o futuro reserva
O papo estava muito bom, mas tanto Yasmin quanto eu precisávamos encerrar a conversa para continuar com as nossas rotinas. Por isso, só fiz uma última pergunta para ficar com o coração tranquilo de que aquele projeto tão lindo ainda iria longe: e o futuro da True? “Temos muita coisa boa ainda por vir. Além de vender para fora do Brasil, coloquei como meta alcançar outros perfis de consumidoras. Hoje, os produtos são comprados por mulheres entre 20 e 34 anos, mas quero ir além dos 35 anos. Também quero aumentar as grades de medidas, que hoje vão do PP ao XGG”.
E o que eu aprendi depois desse papo? Falando francamente, eu nunca imaginei que pudesse existir um trabalho tão lindo de empatia por trás das lingeries. Afinal, o que sempre chegou para mim foram propagandas com aquele padrão de beleza habitual: mulheres “manequins”, bem diferentes da maioria da população. Hoje, graças à Yasmin, pude construir um olhar muito mais sensível e humanizado para entender o que é se sentir bem com o seu corpo real.
Este texto foi retirado da Edição 64 da Revista E-Commerce Brasil, publicada em agosto de 2021
Por Giuliano Gonçalves, da Redação do E-Commerce Brasil
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