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Transformação da indústria requer aprendizado e parceria com o varejo

Por: Giuliano Gonçalves

Jornalista do portal E-Commerce Brasil, possui formação em Produção Multimídia pelo SENAC e especialização em técnicas de SEO. Sua missão é espalhar conteúdos inspiradores.

Depois de mais de 12 anos contribuindo para o varejo digital, Edilaine Godoi passou a integrar o time da Hypera Pharma — maior indústria farmacêutica do Brasil, com aproximadamente 7,5 mil colaboradores. Apesar da ansiedade de “reaprender” a trabalhar sob os antigos processos presentes na indústria, ela garante que é a indústria que está aprendendo com o varejo. “No ponto de venda as coisas são diferentes. A indústria peca em coisas pequenas e não percebe, mas isso é possível de corrigir e ter ótimos resultados”, garantiu a Gerente de E-Commerce no Fórum Indústria Digital 2020.

Indústria no caminho de rebanho

Um ponto de partida para a indústria acertar na transformação digital é sair da famosa “transformação de rebanho”. Para a especialista, é preciso sempre parar e analisar se o processo da empresa não está seguindo uma onda digital, se faz sentido usar isso na estratégia. “Na indústria de beleza, as influenciadores se tornaram a bola da vez, e a indústria investe pesado nisso. Entretanto, dentre aqueles milhões de seguidores, sempre surge a famosa pergunta: ‘onde eu encontro o produto?’. Então, a pessoa é direcionada ao site institucional, que aponta 3 locais de compras. Ou seja, há muitas oportunidades perdidas que precisam ser repensadas”.

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Para entender o número de oportunidades citado por Edilaine, se somar o universo de pontos que vendem produtos farmacêuticos, há mais de 20 milhões de visitas por mês. “Sabendo desse número, será que eu estou fazendo o meu trabalho corretamente nos varejos?”, provocou, completando que o mercado de beleza gera mais de 22 milhões de visitas/ano.

Percurso do consumidor

Se existem quesitos buscados pelo consumidor, eles são preço, prazo e disponibilidade. Para Edilaine, se a indústria não tem isso, a pessoa percorre os sites. “Hoje, dentro do volume de vendas de uma Beleza na Web, grande parte do fluxo vem do Mercado Livre. Será mesmo que eu como indústria não devo investir em um marketplace desses?” Dentro dessa analogia, ela também levanta a oportunidade de a indústria estudar se vale concorrer com o varejista nesses canais ou sentar e conversar com lojistas para entender o produto como um todo. “Eu já falei com representantes do Mercado Livre, que me garantiram que a indústria não olha dentro do canal”, afirmou.

Hoje, uma indústria sabe perfeitamente a movimentação de um consumidor dentro de uma loja física. Mas, será que é assim também no digital? “Simplesmente não existe um trade digital feito pela indústria. O comercial não sabe como falar com o varejista digital, e isso também precisa ser revisto”.

Quer fazer bons negócios, converse com o time de compras

Segundo Edilaine, é preciso desenhar uma estratégia diferenciada, sem vender bannerzinhos. O mesmo vale para a montanha de dinheiro investida em influenciadores, que pode também ser investido nos varejistas. “O varejista precisa vender, e esses movimentos permitem criar coisas novas. O marketing está preocupado com embalagens e canais de mídia, mas a relação com o varejista também deve ser mais estreitada”.

Uma das dicas de Edilaine foi de oferecer um patrocínio com embalagens do varejista, por exemplo. “É um dos valores que mais podem ajudar esses negócios, pois a logística é muito cara ao para esses negócios, A Amazon, aliás, faz isso lá fora. Essa troca deve acontecer o tempo todo. Se eu estou negociando para esse influenciador soltar um post, isso está errado. Não é disputar com os varejistas, é construir algo novo”, encerrou.

Por Giuliano Gonçalves, via E-Commerce Brasil.