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Sinalizando recuperação, setor atacadista fecha semestre praticamente estável e mostra crescimento real em junho

Por: Alice Wakai

Jornalista, atuou como repórter no interior de São Paulo, redatora na Wirecard, editora do Portal E-Commerce Brasil e copywriter na HostGator. Atualmente é Analista de Marketing Sênior na B2W Marketplace.

O difícil cenário econômico vivido pelo país desde o início de 2015 impôs perdas a praticamente todos os segmentos econômicos, incluindo o atacadista distribuidor. Contudo, ao encerrar-se o primeiro semestre de 2016, este segmento sinaliza de forma mais consistente uma leve recuperação, segundo os resultados da pesquisa mensal do Banco de Dados ABAD, realizada pela FIA (Fundação Instituto de Administração).

As perdas reais acumuladas no ano passaram de -0,7%, em maio, para -0,22% em junho, aproximando o setor da projeção de estabilidade anunciada no início do ano. Levando-se em conta que a economia ainda apresenta algum grau de incerteza, o resultado, embora ainda negativo, é considerado satisfatório.

Já os dados nominais (não deflacionados) de junho apontam crescimento de 4,5% em relação a maio e 11,31% na comparação com o junho do ano passado. No acumulado do ano, a variação é de 9,41% sobre os primeiros seis meses de 2015.

Somados aos resultados da pesquisa Termômetro de Vendas, também apurada pela FIA, que oferece uma projeção para o mês recém-terminado (julho), os dados disponíveis embasam o aumento do otimismo do setor quanto a encerrar o ano com um pequeno crescimento de até 1%.

Segundo o Termômetro de Vendas de julho, a variação nominal do faturamento do setor será positiva em todas as análises: 3,03% em relação a junho, 7,49% em relação a julho de 2015 e 9,12% no acumulado do ano, em relação ao mesmo período de 2015.

Para o presidente da ABAD, José do Egito Frota Lopes Filho, o cenário de otimismo é complementado pelas recentes pesquisas que apontam o aumento da confiança do consumidor e da indústria, que devem levar a alguma recuperação no consumo no segundo semestre.

“As empresas do setor, desde 2015, vêm fazendo ajustes internos e investindo em melhorias na operação e na gestão, de modo a garantir a competitividade diante de um cenário profundamente desafiador. E, pela primeira vez em vários meses, enxergamos que a confiança vai retornando ao mercado, permitindo vislumbrar uma real retomada a partir de 2017”, avalia José do Egito.

Maior evento do setor, o ENACAB – Encontro Nacional da Cadeia de Abastecimento, realizado de 8 a 10 de agosto, é também um marco dessa visão positiva quanto ao desempenho futuro. Promovendo o alinhamento estratégico da cadeia e trazendo fornecedores de todo o país para fazer negócios com os agentes de distribuição, a ABAD sinaliza sua aposta na recuperação. “Não trabalhamos com o conceito de crise, mas sim de oportunidades a serem mais bem aproveitadas pelas empresas que saírem na frente em inovações e investimentos. Nossa expectativa é gerar 20 bilhões em negócios no evento”, completa o presidente da entidade.

Sobre a ABAD

Criada em 1981, a ABAD representa nacionalmente o segmento e reúne mais de quatro mil empresas de todo o Brasil que comercializam produtos alimentícios industrializados, candies, bebidas, produtos de higiene pessoal e de limpeza doméstica, produtos farmacêuticos e de perfumaria, papelaria e material de construção, entre outros.

De acordo com os resultados da pesquisa do Ranking ABAD/Nielsen, em 2015 o segmento atacadista distribuidor apresentou queda de -6,8% em termos reais e crescimento de 3,1% em termos nominais, atingindo faturamento de R$ 218,4 bilhões, a preço de varejo. Com isso, os agentes de distribuição respondem por uma fatia de 50,6%% do mercado mercearil nacional, que foi de R$ R$ 431,3 bilhões no ano passado. É o décimo-primeiro ano consecutivo em que a participação do segmento nesse mercado permanece superior a 50%.