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Real Digital: em que pé está a implementação da moeda digital brasileira?

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

Em 5 e outubro de 2020, foi lançado o Pix pelo Banco Central. A nova forma de transferir dinheiro 24 horas por dia, todos os dias das semanas, ganha cada vez mais adeptos e mudou a forma como fazemos pagamentos. Pouco tempo depois, o BC anunciou o projeto do Real Digital, que nada mais é uma moeda digital brasileira que deve ser outro marco na história dos meios de pagamento no país.

O Real Digital não é criptomoeda, mas sim uma versão digital da moeda brasileira. “O Real Digital é real. A ideia é usar essa tecnologia para incorporar novos modelos de negócios e levá-lo para o consumidor final. Existe a possibilidade de fazer pagamento offline com ele, mas não é o foco”, disse Fabio Araujo, coordenador do projeto do Banco Central, no 16º CMEP (Congresso de Meios Eletrônicos e Pagamento), realizado pela Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), na última quarta-feira (29).

De acordo com Araujo, o Real Digital é Real, não uma criptomoeda

De acordo com ele, ter uma moeda digital própria não é exclusividade do Brasil. Nos últimos anos, vários países procuraram formas de resolver problemas específicos. Atualmente, são quase 100 países em algum estágio de desenvolvimento de moedas digitais. Fazendo essa análise, o Banco Central separou três grupos por tipos de aplicações práticas:

– Pagamentos por atacado: Europa, Cingapura e Suíça
– Pagamentos instantâneos: Bahamas, China, Suécia e Europa
– Fomento a novos modelos de negócios: Brasil, Coreia e Canadá

Segundo Araujo, no caso de pagamentos instantâneos, a China é a mais avançada. Outro destaque é o da Suécia, que testa um projeto piloto há três anos, pois não querem mais usar moeda física. “Como o mercado de pagamentos deles é muito concentrado, essa alternativa é interessante. É similar ao ocorrido na China, onde antes apenas duas grandes empresas dominavam o mercado de pagamentos”, conta.

Já na Europa, o interessa é promover a interligação de pagamentos. “Há muita dificuldade porque cada país que compõe a zona do euro tem um sistema próprio de pagamento. Uma moeda digital seria uma forma de resolver isso”, explica o executivo. “Já no Brasil, o problema foi resolvido com o Pix, pois temos uma penetração muito grande e sem problemas de uma ou duas empresas dominando o sistema. Em 2020 e 2021, o foco eram os pagamentos instantâneos. Em 2023, temos dois novos elementos em foco: os depósitos e registro para facilitar as transações”, complementa.

Afinal, em que pé está o Real Digital?

Araujo diz que há poucos dias foi o piloto do Real Digital e há várias aplicações rodando no meio empresarial. Também foi aberta uma chamada no meio empresarial perguntando o que o mercado quer fazer com essa tecnologia. Após essa ação, o Banco Central recebeu 47 respostas e deve divulgar um relatório com soluções para essas respostas no dia 25 de abril. “Esperamos que em maio essas ações sejam incorporadas aos pilotos para serem simuladas em nível de usuário final”, afirma.

O Banco Central espera fechar esses testes da primeira etapa em dezembro deste ano e a segunda etapa em fevereiro dem 2024. Em seguida, deve começar uma fase de alinhação. Se todos os problemas e preocupações que surgirem no caminho foram resolvidas e testadas, a fim de garantir privacidade, os próximos protocolos do projeto devem ser iniciados em março de 2024, revela Araujo.