A mais recente edição do IODE-PMEs, indicador econômico da Omie voltado para empresas com faturamento de até R$ 50 milhões, confirma um cenário de desaceleração no início de 2025. O índice acompanha 736 atividades econômicas nos setores de comércio, indústria, infraestrutura e serviços, e aponta retração em segmentos importantes da economia, em meio a um ambiente marcado por incertezas macroeconômicas e queda na confiança dos consumidores.

Perda de dinamismo afeta PMEs
De acordo com Felipe Beraldi, economista da Omie, a perda de ritmo já era perceptível desde o quarto trimestre de 2024. Fatores como incerteza fiscal, elevação das taxas de juros e pressões inflacionárias têm impactado negativamente o consumo das famílias e o ambiente de negócios. No cenário internacional, a instabilidade gerada pela política tarifária dos EUA e pelas reações de grandes economias, como a China, agravam o quadro.
Confiança em queda
A deterioração da percepção econômica é reforçada pela queda de 7,6% na confiança do consumidor entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, segundo a FGV-IBRE. A Sondagem Omie das Pequenas Empresas, realizada em março, revela aumento no pessimismo dos empreendedores: 51% esperam piora na economia, ante 39% na edição anterior (setembro de 2024).
Comércio: desempenho positivo impulsionado pelo atacado
Apesar do cenário desafiador, o setor de comércio registrou crescimento de 7,9% no faturamento médio real no primeiro trimestre de 2025. O bom resultado foi puxado pelo comércio atacadista, que cresceu 10,2%. Atividades como ‘comércio atacadista de bebidas’, ‘resinas e elastômeros’ e ‘resíduos de papel e papelão’ se destacaram.
No varejo, porém, o movimento foi de retração: queda de 1,3% no trimestre. Ainda assim, alguns segmentos tiveram desempenho positivo, como ‘medicamentos veterinários’, ‘equipamentos para escritório’ e ‘livros’.
Serviços: estabilidade com sinais mistos
O setor de serviços, o maior em número de PMEs, apresentou estabilidade, com variação de -0,2% no faturamento médio. Enquanto segmentos como ‘alimentação’ e ‘serviços pessoais’ recuaram, atividades de ‘Informação e comunicação’, ‘transporte e armazenagem’ e ‘atividades financeiras’ sustentaram o setor.
Indústria: retração disseminada
A indústria registrou queda de 5,8% no primeiro trimestre, acentuando a perda de fôlego iniciada em 2024. Dos 23 subsetores industriais monitorados, 15 apresentaram desempenho negativo. As exceções ficaram por conta de ‘impressão e reprodução de gravações’, ‘produtos de madeira’ e ‘produtos de metal’.
Infraestrutura volta a cair
Após alta de 9,7% no último trimestre de 2024, o setor de infraestrutura recuou 3,3% no primeiro trimestre deste ano. O desempenho foi impactado pela retração em atividades como ‘obras de infraestrutura’, ‘construção de edifícios’ e ‘serviços especializados para a construção’. Por outro lado, o segmento de ‘gestão de resíduos e descontaminação’ amenizou as perdas.
Desempenho regional evidencia desigualdade
Na análise regional, Sudeste (+0,6%) e Centro-Oeste (+2,5%) seguiram em crescimento. Já as regiões Sul e Nordeste registraram queda de 3,5%, enquanto o Norte teve o pior desempenho do país, com retração de 10,4%.