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Inteligência artificial migra do hype ao help, segundo executivos do Google

Por: Helena Canhoni

Jornalista

Bacharel em Comunicação Social pela ESPM. Experiência em tráfego pago, cobertura de eventos, planejamento de marketing e mídias sociais.

A inteligência artificial está cada vez mais em pauta e para o evento Think with Google da última terça-feira (16), não poderia ser diferente. A manhã apresentou uma visão geral sobre os desdobramentos, tendências e potenciais da IA para o comércio.

Telão de auditório no evento Think With Google
Imagem: reprodução

Abrindo o dia, Fábio Coelho, presidente do Google Brasil, afirmou: “essa não é a primeira e nem a última vez que vamos falar sobre transformação”.

Para os negócios é primordial compreender que a inteligência artificial tem o potencial para facilitar e alavancar as empresas. Segundo o executivo, há três principais aspectos que a nova tecnologia pode ajudar: gerar mais receita, mais eficiência e produtividade e fazer coisas de uma maneira que não foram feitas até agora. 

Outubro de 2022

Tendo seu início em 2022, os sistemas inteligentes se tornaram auxiliares nas tarefas e participam, a cada dia mais, no cotidiano dos consumidores. Ademais, em 2023, o boom dos Large Language Models (LLMs) despertou o interesse dos consumidores e a aproximação dos usuários com as novas tecnologias. Coelho ainda menciona que nos últimos doze meses, aproximadamente, 46% dos brasileiros usaram IA, contra uma média global de 38%.

A ideia é que, por meio da IA, “sejamos capazes, em poucos segundos, de resolver problemas básicos”, diz o executivo. 

Entretanto, 2024 se apresenta como um ano de inflexão, ou seja, há uma batalha entre a experiência e a prática. Porém, ainda é um momento único para o varejo com a oportunidade de aproveitar a inteligência artificial para crescer. 

Atualmente, o presidente do Google afirma: “isso vale para a publicidade também, 80% dos anunciantes já usam pelo menos uma solução de IA”.

Tanto para os consumidores quanto para as empresas ainda existe uma dificuldade em transpor, na prática, a utilização da inteligência artificial. Ao mesmo tempo que as tecnologias estão crescendo exponencialmente, as organizações precisam compreender como melhor aplicá-las e como desenvolver novas maneiras de se conectar com os consumidores nessa nova Era. 

“As revoluções só são possíveis, pois acreditamos que a IA é um fator positivo para a sociedade; mas ela precisa ser tratada com ousadia e responsabilidade”, declara Fábio.

Transformando uma nova Era em realidade

A entrada da inteligência artificial no comércio marca o começo de uma Era. Rodrigo Rodrigues, diretor geral de Google customer solutions Brasil, comenta que ao lado do desenvolvimento de novas realidades, é necessário estar atento à privacidade dos clientes. Dessa maneira, é possível garantir a satisfação na experiência de compra ao lado da segurança para a marca. 

De acordo com o executivo, aproximadamente 50% das pessoas trocariam sua marca favorita por outra que oferecesse melhores condições de privacidade. 

“A nova comunicação precisa estar centrada em privacidade, porém ainda deve ser relevante para o cliente”, diz Rodrigues. Por conta disso, o tratamento e a coleta de dados proprietários deve ter fundamentos sólidos, tanto em qualidade quanto em respeito às leis de privacidade. 

Além disso, Rodrigo declarou que até o final deste ano os cookies de terceiros serão encerrados nos navegadores Chrome; ressaltando, novamente, a importância para as marcas ao se trabalhar com dados proprietários. 

Fornecendo algumas dicas para a nova realidade das empresas, em conjunto com a IA, o diretor geral elenca três elementos chave para re-posicionar as estratégias de marketing. Fortalecer a confiança do consumidor com dados proprietários – 66% dos consumidores querem experiências de consumo personalizadas; aumentar o uso de soluções de IA – quanto mais ricas as informações, melhores os resultados que a IA preditiva pode entregar; e, por fim, métodos de mensuração robustos. 

Completando o aspecto da mensuração, Rodrigo Carvalho, head of measurement solutions Google Brasil, acrescenta que as estratégias de marketing devem ser “econometricas”, ou seja, fazer uso de conceitos da economia para o desenho do plano de comunicação.  O triângulo do novo marketing é formado pelas seguintes três pontas: fundação técnica durável, mensuração holística e conexão com negócios. 

“O novo marketing é preditivo”, resume Carvalho, destacando o papel da inteligência artificial para compreender os novos consumidores sem o auxílio dos cookies de terceiros. “Sem a identificação dos clientes, oriunda dos cookies, a gente modela; ou seja, eu identifico as características e modelo, quem eu não conheço, a partir da IA para estruturar a visão do todo”.

Humanização e inteligência artificial lado a lado?

Apesar da aparente contraposição, a diretora de negócios do Google Brasil, Mônica de Carvalho, defende que é através da IA que os indivíduos serão capazes de se concentrar nos aspectos que mais os tornam humanos. 

Com tempo de sobra para outras atividades, tal como a criatividade, a inteligência artificial abre portas para que as marcas invistam na humanização da sua comunicação ao lado de uma hiper personalização das experiências dos clientes. 

“Estamos no meio de jornadas não lineares e múltiplas; o consumidor quer receber atenção, customização, relevância e, mais do que tudo, ele quer ser ouvido na comunicação”, explica a executiva. 

Outro aspecto que deve ser levado em consideração são os novos interesses do consumidor. Segundo a palestrante, 15% das buscas diárias na plataforma são inéditas, ou seja, 15% do interesse do consumidor é sempre novo.

Nessa Era existem dois desafios, elencados pela palestrante, a execução e o repertório. O primeiro já está encaminhado com a IA, uma ferramenta poderosa capaz de transformar todos os ‘e se’ em realidade. O maior obstáculo das empresas vai ser o repertório, portanto, Mônica resume que a concepção vai ser o destaque, “a IA é capaz de potencializar o criativo, estamos a um prompt de distância de uma boa ideia”. 

Fechando o evento, vale lembrar uma das frases de Fábio: “a inteligência artificial não pode pensar nas estratégias ou objetivos; somente os profissionais humanos podem conectar o objetivo, estratégia, execução e intenção”.