A indústria brasileira deve encerrar 2025 com avanço de 1,7%, abaixo do ritmo registrado no ano passado. A projeção é da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e reflete o desempenho mais fraco da indústria de transformação, além do impacto do aumento das importações e da expectativa de queda nas exportações por conta do tarifaço.

Conforme declara a entidade, fatores como juros elevados e a sobretaxa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros tendem a limitar a atividade industrial.
Segundo Mário Sérgio Telles, diretor de Economia da CNI, a indústria de transformação tem mostrado sinais de estagnação, mesmo diante do aumento da demanda doméstica. “O mercado interno está crescendo, principalmente pelo efeito do aumento de renda do mercado de trabalho, ainda bem aquecido, mas esse aumento de demanda nos últimos meses tem praticamente ou quase que totalmente sendo atendido pelas importações”, afirma.
Vale lembrar que o Governo Federal lançou algumas ações nas últimas semanas para auxiliar empresas prejudicas com a cobrança das tarifas norte-americanas. A ajuda, chamada de Plano Soberano, contam com uma linha de crédito de R$ 31 bilhões liberados.
Sobretaxa dos EUA
Desde 6 de agosto, produtos brasileiros enfrentam tarifa de 50% para entrar nos Estados Unidos. A medida resulta da decisão do governo norte-americano de aplicar uma sobretaxa adicional de 40% sobre bens já taxados em 10%. Embora o presidente Donald Trump tenha justificado a iniciativa por motivos políticos, uma lista de exceções foi divulgada posteriormente, incluindo o setor aéreo.
Negociações e oportunidades
Em missão que liderou nos EUA na semana passada, Ricardo Alban, presidente da CNI, tratou das tarifas com autoridades estadunidenses e se disse “otimista”. O dirigente afirma que a agenda de negociações deve continuar e destaca que, além da busca por redução das alíquotas, foram apresentadas possibilidades de cooperação entre os dois países.
Entre os temas mencionados estão projetos de pesquisa e desenvolvimento em insumos para data centers, utilização de energia renovável para produção de combustível sustentável de aviação (SAF) e estudos sobre minerais críticos e terras raras.