Em setembro deste ano, o Índice Fipe/Buscapé teve elevação de 0,85%, e acumulando variação de 6,38% em nove meses, tomando como base dezembro de 2014. Este é o quarto mês com aumento de preço no comércio eletrônico em 2015 – refletindo a elevação geral dos preços e a desvalorização do real -, mas a série de 56 meses é caracterizada por queda de preços em 43 meses, ou 77% do período. As variações de preços predominantemente negativas do Índice Fipe/Buscapé expressam o dinamismo e competitividade do setor de e-commerce, e a natureza dos produtos que são predominantemente vendidos no mesmo.
Dos 10 grupos de produtos que compõem o Índice Fipe/Buscapé, seis apresentaram aumento de preço no mês de setembro: eletrodomésticos (1,71%), informática (1,41%), eletrônicos (1,15%), esportes e lazer (0,52%), cosméticos e perfumaria (0,16%) e brinquedos e games (0,11%). Das 164 categorias pesquisadas, 104, ou 63%, tiveram aumento médio de preço de 1,44%, com destaque para: multiprocessador (3,90%), piscina (3,88%), patins (3,87%), ar condicionado (3,83%), liquidificador (3,80%) e cafeteira (3,58%).
Quatro dos 10 grupos tiveram queda de preço, com destaque para Casa e Decoração com variação de – 1,77%, devido principalmente às quedas nos preços de sofá/estofado (-2,78%), cama (-2,77%) e colchão (-1,39%). Das 164 categorias de produtos pesquisadas no mês de setembro, apenas 60, ou 37%, tiveram queda média de preço de -1,02%, com destaque para: no break (-2,92%), aquecedor de ambiente (-2,49%), aquecedor de água (-2,46%), estabilizador (-2,21%), cooler para bebidas (-1,95%), camisa de time de futebol (-1,39%) e skate (-1,26%).
Considerando-se as variações anuais (mês t/mês t-12), houve expressiva reversão de tendência nos últimos seis meses – abril/15 (1,37%), maio/15 (1,21%), junho (0,26%), julho (2,03%), agosto (1,98%) e, principalmente, setembro (3,54%) – dado que a variação média anual estava em um patamar de -3%, conforme ilustra a figura 3. Esta reversão reflete a aceleração da inflação geral, que medida pelo IPCA passou de um padrão de variação anual de 6,5% para 9,5%, e também a recente valorização do dólar, que apresenta forte ascensão ao longo do ano: 1º tri15/14 (21,6%), 2º tri15/14 (37,7%) e 3º tri15/14 (54,8%).
É importante ressaltar, neste sentido, que várias as categorias que têm mais peso no e-commerce são diretamente influenciadas pelo câmbio e vão sendo influenciadas de forma defasada pelo aumento do mesmo: eletrônicos, informática, fotografia Os preços no comércio eletrônico têm variação anual 7% inferior à variação dos preços médios do IPCA no período Ago15/Ago14, e que enquanto neste período os preços do e-commerce subiram apenas 1,98%, o IPCA registrou o expressivo aumento de 9,53%. Ao longo de 2012 – antes do impacto da desvalorização cambial sobre os preços dos produtos importados, que têm grande peso no e-commerce – a variação do Índice Fipe/Buscapé era cerca de 13% inferior à variação dos preços médios da economia. A despeito dos aumentos anuais do índice Fipe/Buscapé nos últimos quatro meses, é provável que sua variação anual continue pelo menos 6% abaixo do IPCA neste segundo semestre. Os números traduzem uma significativa competitividade dos preços dos produtos comercializados no e-commerce em relação aos preços médios que compõem o orçamento familiar, explicando parcialmente o expressivo crescimento do setor, que em 2014 foi de 24,3% em termos nominais, e de 26,7% em termos reais, com base na variação de -1,92% do Índice Fipe/Buscapé. Este crescimento é muito relevante considerando-se um contexto no qual o PIB cresceu 0,1%.
No período anual de setembro de 2014 a 2015, dos 10 grupos pesquisados, oito apresentaram aumento de preço e 2 apresentaram queda, havendo expressiva diferença entre os grupos de produtos que compõem o índice, que vai de uma queda de -11,46%, em moda e acessórios, a um aumento de 10,33% em casa e decoração. Das 164 categorias pesquisadas, 145, ou 87%, tiveram aumento médio de preço 7,95%, e 19, ou 13%, tiveram queda média de preço de -3,08%.
O grupo com a maior queda anual de preço em setembro de 2015 e de 2014 foi moda e acessórios (-11,46%), muito influenciado por tênis (-18,70%), e o segundo grupo com a maior queda de preço foi o de Telefonia (-9,79%) – devido a celular/smartphone (-5,92%). O grupo com maior aumento de preço foi Casa e Decoração (10,33%) – no qual se destacaram aparelho de jantar (17,09%), jogo de panelas (17,04%), frigideira (17,00%) e faqueiro (15,82%).
Entre todos os produtos que compõem o índice, os que tiveram aumentos destacados no período anual entre setembros, além dos já citados, foram: cartucho para impressora (22,40%), processador (17,82%), depilador elétrico (17,74%), climatizador (16,77%), repelente (13,90%), PC (12,95%), secador de cabelo (12%) e shampoo para cabelo (11,20%). Os que tiveram maiores quedas foram: chuteira (-18,70%), bola de futebol (-7,81%), jogos diversos (-2,60%), piscina (-1,81%) e esteira (-1,62%).
Os aumentos anuais de 3,54% do Índice Fipe/Buscapé no período Set15/Set14, 1,98% em agosto, 2,03% em julho, 0,26% em junho, 1,21% em maio e 1,37% em abril – embora revertendo uma longa série de quedas anuais – contrastam com as variações bem superiores nos índices gerais, como o IPCA-IBGE e o IPC-Fipe, que tiveram aumento anual de preço de 9,53% e 9,06%, respectivamente, no período entre agostos de 2015 e de 2014. Parcela significativa destas diferenças pode ser explicada pelos seguintes fatores: a) o Índice de Preços Fipe/Buscapé monitora uma cesta de produtos diferente daquela avaliada pelos índices de preços gerais, ou seja, apenas aqueles produtos que são comercializados de forma mais significativa por meio da internet; b) os pesos dos produtos que compõem o Índice Fipe/Buscapé são bastante diferentes dos pesos dos mesmos produtos nos índices genéricos; c) o canal de distribuição monitorado pelo Índice Fipe/Buscapé é exclusivamente o e-commerce, enquanto os outros índices monitoram vários outros canais tradicionais e físicos.