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Aluno da Escola Superior de E-Commerce, que mora em Kiev, relata como empresa de tecnologia está reagindo à guerra

Após uma semana de guerra na Ucrânia, forças russas estão aparentemente moderando seus ataques enquanto novas tratativas diplomáticas acontecem nesta quinta-feira (03). Ainda assim, o futuro é incerto e empresas globais com escritórios na capital Kiev e outras cidades ucranianas precisaram agir com rapidez para conseguir adaptar suas operações e minimizar os danos causados pelos efeitos dos conflitos.

O brasileiro Caiki Flaeschen, Regional Manager Brazil & Latin America da Admitad Global, aluno do MBA da Escola Superior de E-Commerce e parceiro do E-Commerce Brasil, trabalha em um escritório de tecnolgia em Kiev e contou, em conversa com a redação, que as atividades da companhia precisaram ser distribuídas em outras bases ao redor do mundo, já que na Ucrânia as operações foram suspensas. 

“A gente fornece serviços de performance para diversos clientes brasileiros, sejam brasileiros de raiz, como B2W e Banco Santander, até internacionais [no Brasil], como Aliexpress e Shopee”, explica ele. Segundo Flaeschen, a Admitad, empresa MarTech e AdTech, possui um escritório em São Paulo que está assumindo as operações brasileiras que eram de responsabilidade da base na Ucrânia, assim como outros escritórios na Índia, Estados Unidos e Alemanha também estão fazendo. “Mesmo com tudo isso, os processos ficam um pouco mais devagar por conta de novas integrações, etc. Mas passados esses 6 dias [de guerra] a gente já está conseguindo colocar tudo nos trilhos de novo e estamos retomando os atendimentos com novos clientes”.

Em relação aos funcionários, Flaeschen, que conseguiu sair de Kiev e está agora em Varsóvia, na Polônia, conta que a empresa iniciou um processo de assistência financeira aos trabalhadores de Kiev para minimizar os impactos com ajuda de US$ 950 para que eles possam tentar sair das zonas de conflitos e comprar suprimentos. Há também a possibilidade de transferir essas pessoas para a Polônia, onde a empresa já estava abrindo um escritório. 

“Existe esse trabalho humano de entender o que fazer para que o time continue operacional, porque a ideia é que todo mundo esteja bem e que a gente consiga realocar todo mundo para ambientes seguros, mentalmente e fisicamente”, complementa.

Entre outras ações da empresa, a Admitad Holding também decidiu não realizar novos investimentos no mercado russo. Isso porque a Holding tem um braço que é um fundo de investimentos para startups e novos projetos que possam estar ajudando o ecossistema de performance para o e-commerce. Desses investimentos, saíram grandes escritórios na Rússia, mas a empresa decidiu suspender a ajuda na região por conta da guerra e passou a direcionar os fundos para outros mercados, como, Itália, Polônia e até o Brasil está incluído neste novo foco.

Em relação aos impactos externos, empresas de e-commerce que oferecem serviços para a América Latina já devem estar sofrendo com as consequências, conforme aponta Flaeschen. “A concorrente da Taboola, a MGID, está crescendo bastante no Brasil agora, e eles são totalmente ucranianos. Acredito que eles também terão que reajustar as estratégias de entrega, pois com certeza, os funcionarios baseados na Ucrânia também estão sem ou com poucas condições de trabalhar”, avalia.

Debandada na Rússia

Do outro lado estão as empresas com escritórios na Rússia. Pensando nas práticas ESG, nos últimos anos, marcas têm se esforçado para gerar impacto positivo no futuro do planeta e da sociedade – ou ao menos mostrar aos consumidores que estão se esforçando. Por isso, já é notável uma rejeição em massa por parte não só dos países que — além de se posicionarem contra a investida russa, também impuseram sanções severas, como limitação do espaço aéreo, bloqueio de bens e exclusão da Rússia no sistema global de pagamentos —, como também por parte das companhias.

Pensando em suas reputações, empresas globais precisaram cortar relações com a Rússia o quanto antes. Gigantes de energia como BP e Shell, o banco HSBC e a AerCap – maior empresa de leasing de aeronaves do mundo – estão entre as companhias que estão tentando de tudo para sair do país. A Shell, por exemplo, rompeu uma parceria equivalente a US$ 3 bilhões com a Gazprom – empresa russa de energia.

O setor automotivo também se mostrou preocupado: a fabricante de caminhões AB Volvo, a alemã Daimler Truck e a francesa Renault também pararam de produzir e vender por lá.

Entre as empresas de tecnologia, o Google, da Alphabet, confirmou que desativou temporariamente, na Ucrânia, algumas ferramentas do Google Maps que fornecem informações em tempo real sobre as condições do trânsito e a movimentação, para evitar que o exército russo seja beneficiado. Enquanto isso, o YouTube e o Facebook bloquearam a monetização dos canais russos.

Por Marina Teodoro, da redação do E-Commerce Brasil

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