Os Correios encerraram o segundo trimestre de 2025 com prejuízo líquido de R$ 2,64 bilhões, resultado pior que o registrado nos três primeiros meses do ano, quando a perda foi de R$ 1,72 bilhão. No acumulado do semestre, o déficit chega a R$ 4,37 bilhões. O prejuízo trimestral também representa quase cinco vezes o valor negativo de R$ 553 milhões apurado no mesmo período de 2024. As informações são da Reuters.

No início de julho, a companhia anunciou o lançamento do próprio marketplace, Mais Correios, para tentar contornar a crise e gerar receita. Durante o mês, também foi anunciado um plano de aceleração que inclui a criação de Pontos de Coleta para estimular o empreendedorismo local e a logística de última milha.
Após o lançamento do marketplace, o presidente da estatal entregou seu pedido de demissão ao Palácio do Planalto em meio às discussões sobre cortes e prejuízo bilionário.
Receita e custos
Entre abril e junho, a receita líquida somou R$ 4,236 bilhões, queda anual de 11,4%. O custo dos produtos vendidos e serviços prestados ficou em R$ 3,94 bilhões, próximo ao nível do ano anterior (R$ 3,97 bilhões). O resultado bruto da companhia foi de R$ 294,5 milhões.
As despesas gerais e administrativas, que incluem pessoal e precatórios, mais do que dobraram: saltaram de R$ 889,9 milhões no segundo trimestre de 2024 para R$ 2,19 bilhões em 2025.
O principal impacto veio do aumento do pagamento de precatórios, que passou de R$ 131,4 milhões para R$ 1,199 bilhão, devido a decisões judiciais trabalhistas desfavoráveis à estatal.
Impacto da “taxa das blusinhas”
Na demonstração de resultados, os Correios afirmam que fatores conjunturais externos afetaram diretamente a geração de receitas. Entre eles está a retração no segmento internacional após a implementação da chamada “taxa das blusinhas”, que estabeleceu cobrança de 20% de Imposto de Importação sobre compras de até US$ 50.
Segundo a estatal, a medida reduziu o volume de postagens internacionais e aumentou a concorrência, impactando negativamente as receitas ligadas ao segmento.
Resultado financeiro e universalização
O resultado financeiro da companhia também pesou no trimestre, com saldo negativo de R$ 292,7 milhões, contra perda de R$ 79,2 milhões no mesmo período de 2024.
A empresa reforçou ainda seu papel de universalização dos serviços postais. De acordo com o relatório, cerca de 71% das localidades atendidas não geram lucro, operando apenas para garantir cobertura em todo o país. Esse índice sobe para 89% quando são considerados os custos totais da estrutura de suporte e despesas administrativas.