A atenção do público de moda e beleza no Brasil nas plataformas digitais está cada vez mais voltada para o conteúdo criado por usuários. Segundo a pesquisa “Insights sobre Moda e Beleza”, da Winnin Intelligence, mais de 96% dos vídeos do segmento são User Generated Content (UGC), reforçando a força da produção espontânea em comparação ao conteúdo feito pelas próprias marcas.

Nos últimos 12 meses, o levantamento contabilizou 53 bilhões de visualizações em vídeos criados por consumidores sobre marcas, superando os 51 bilhões de views em conteúdos produzidos pelas próprias empresas — mesmo com impulsionamento pago. Quando se trata de engajamento, a diferença é ainda mais expressiva: 3,7 bilhões de interações vieram de UGC, enquanto o conteúdo produzido diretamente pelas marcas gerou 700 milhões.
Casos como o da Salon Line, com seu programa de creators MIGS, que já acumula mais de 22 mil vídeos, demonstram como empresas podem aproveitar a onda de conteúdo colaborativo. Outro exemplo é a campanha conjunta entre Mari Maria Make-Up e Burger King, que ofereceu um gloss na compra de produtos da rede, gerando repercussão orgânica e incorporando UGC à estratégia. Já a Elseve baseou a ação “Liso dos Sonhos” no convite a criadores para produzirem resenhas criativas, com o envio de kits como incentivo.

Cultural insights: temas mais quentes
A análise da Winnin também detalhou os assuntos com maior média de engajamento e visualizações nos últimos dois anos, com destaque para “beleza e maquiagem” (cerca de 650 mil de engajamento médio e 18 milhões de visualizações médias), “cabelos cacheados” (cerca de 650 mil de engajamento médio e 18 milhões de visualizações médias) e “arrume-se comigo” (380 mil de engajamento e 4,5 milhões de visualizações).
Tendências de conteúdo
A pesquisa também mapeou seis movimentos culturais em alta nas redes:
- Coreia nunca esteve tão perto: aumento de 153% no volume de conteúdo sobre skincare coreano no último ano;
- Ritualização do autocuidado: alta de 95% na relevância desde jan.de 2024;
- Crise das microtrends: conteúdo sobre brechós e desinfluenciadores somou 42 milhões de engajamentos;
- Melhor envelhecimento: aumento de 640% na relevância entre dezembro de 2022 e fev. de 2025;
- Cultura dos achadinhos e custo-benefício: crescimento de 290% na relevância de jan. de 2024 a janeiro de 2025;
- Era de cacarecar (busca pelo autêntico): relevância cresceu 494% de dez. de 2023 a abril de 2025;
- Female gaze: conteúdos com foco na libertação da aprovação masculina tiveram alta de 900% na relevância em um ano.
Estratégias para marcas
Para capitalizar essas movimentações, a Winnin recomenda atenção ao timing das tendências, investimento em micro e mid creators e presença qualificada em canais estratégicos. Atualmente, o Instagram responde por 35% dos vídeos publicados em moda e beleza, consolidando-se como um dos principais espaços para diálogo entre marcas e consumidores.