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Caminhoneiros prometem greve, mas paralisação não é consenso

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

Caminhoneiros de todo o país prometem iniciar uma greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira (1º). Porém, a adesão à paralisação não é consenso e a extensão do movimento ainda é incerta. Por volta das 11h, não havia registro de prejuízo ao setor de comércio eletrônico.

As principais entidades à frente da convocação são a CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística), a ANTB (Associação Nacional de Transporte no Brasil), e o CNTRC (Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas).

Outras entidades são contra a manifestação, inclusive algumas que participaram da greve de 2018, como a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) e a Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Autônomos).

O CNTRC afirma que a orientação é que os caminhoneiros e apoiadores fiquem parados em casa por causa da pandemia de Covid-19. A instrução está no ofício que a entidade enviou ao governo e autoridades na sexta-feira (29) notificando sobre a greve.

O entidade também orienta aos motoristas “que estejam em trânsito” e “lideranças e colaboradores que estejam em apoio na pista, nos pátios, nos pontos de parada e nos piquetes de informação” a seguirem as normas de saúde, como distanciamento social e uso de máscara e álcool gel.

Conselho x liminares

O Conselho diz ser formado por 26 entidades da categoria, entre sindicatos, associações e cooperativas representativas dos transportadores rodoviários de cargas, congregando 40 mil caminhoneiros.

A CNTTL afirma que há 800 mil caminhoneiros em sua base e que a greve tem apoio de outras 13 entidades representativas da categoria.

Uma liminar concedida pela Justiça Federal do Rio no sábado (30) proíbe os caminhoneiros em greve de bloquear, mesmo que parcialmente, a rodovia BR-101, que margeia o litoral do país, no estado, desde Paraty, no litoral sul, a Campos, no litoral norte.

Em São Paulo, o Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu liminar na sexta-feira (29) proibindo bloqueios da rodovia Presidente Dutra, trecho da BR-116 que liga São Paulo ao Rio.

Greve não é consenso 

O tamanho do apoio à greve ainda é incerto. A categoria é muito pulverizada, com diversas lideranças e entidades representantes. Algumas delas são publicamente contrárias à paralisação.

Segundo reportagem do UOL, a CNT (Confederação Nacional do Transporte), representante de empresas do setor, afirmou na quinta-feira (28) que não apoia nenhum tipo de paralisação. A CNTA, que participou da greve de 2018, também disse que não participará do movimento deste ano, assim como a Abrava.

Apesar de contrárias à greve, quase todas as entidades possuem as mesmas pautas de reivindicações.

Quais são as reinvindicações?

Os caminhoneiros reclamam da alta do preço de combustíveis e são contra a política da Petrobras, baseada na paridade com os preços internacionais.

Outros pontos questionados são os baixos preços dos fretes e o descumprimento da lei que prevê o piso mínimo de fretes, medida cuja constitucionalidade está para ser analisada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Os profissionais também pedem mudanças na BR do Mar, o marco regulatório do transporte marítimo, que incentiva a navegação por cabotagem, ou seja, entre os portos do país, além de melhores condições de trabalho, incluindo alterações nas regras de jornada e aposentadoria especial.

Protesto autônomo de caminhoneiros

Na manhã desta segunda-feira, caminhoneiros bloqueavam duas pistas na Castello Branco, em São Paulo, na altura de Barueri (SP), em protestou contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

O bloqueio começou por volta das 6h no km 30, sentido capital. Após cerca de 40 minutos em busca de adesão, eles iniciaram uma caminhada pelas duas pistas da direita da rodovia.

Ainda de acordo com o UOL, este protesto foi organizado por autônomos. A reivindicação, porém, diferencia das que foram apresentadas pelas entidades que organizam a greve, que tem como principal bandeira a alta do preço de combustíveis (veja abaixo outras).

Não há registro de bloqueio em outras rodovias de São Paulo até o momento. Na Castello Branco, o grupo promete caminhar até um terminal da Petrobras, no km 19,5.

Em nota, o Ministério da Infraestrutura e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informaram que até as 7h “todas as rodovias federais, concedidas ou sob gestão do DNIT, encontram-se com o livre fluxo de veículos, não havendo nenhum ponto de retenção total ou parcial”.

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Fonte: UOL