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Alta de 2% no frete não acompanha gastos dos caminhoneiros, revela FreteBras

Por: Dinalva Fernandes

Jornalista

Jornalista na E-Commerce Brasil. Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Política e Relações Internacionais pela FESPSP. Tem experiência em televisão, internet e mídia impressa.

Para calcular o valor de um frete rodoviário, além dos custos referentes à depreciação do caminhão e aos encargos sociais, que são fixos, a conta precisa incluir a manutenção do veículo e os gastos com óleo diesel. Entretanto, de acordo com o último Índice FreteBras do Preço de Frete (IFPF), de fevereiro de 2020 para fevereiro de 2021, houve alta de apenas 2% no preço dos fretes. O aumento é inferior à alta de 6,4% no valor do diesel comum (S500) na bomba no mesmo período.

De acordo com o IFPF, o preço médio do frete por quilômetro por eixo no Brasil é de R$ 0,99. Considerando a comparação entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2020, a região Norte é a que contabiliza a maior alta (5,60%), apresentando o quilômetro por eixo mais caro do país, com o valor de R$ 1,10. Porém, esta região contabiliza também uma das maiores altas no preço do diesel para o consumidor, de 6,35%.

Em contrapartida, apesar de contabilizar o segundo maior aumento do frete no país (2,08%), o Sudeste é a região onde o preço do frete é o mais baixo, com custo de R$ 0,98 por quilômetro por eixo. É também a segunda região com maior subida de preços do S500 na bomba (6,74%).

“Apesar dos esforços do governo em reduzir os custos para os caminhoneiros, com a eliminação das taxas de importação dos pneus e a redução de impostos federais sobre o diesel, a alta ainda é expressiva para os motoristas. O combustível representa, atualmente, de 40% a 50% dos gastos do caminhoneiro para a realização de um frete, mas as despesas ainda incluem o desgaste de pneus, óleo lubrificante, estadia e alimentação”, explica Bruno Hacad, diretor de operações da FreteBras.

Variações regionais de frete

Segundo a empresa, um grande desafio da logística no país é a necessidade de empresas e transportadoras se adaptarem às variações dos estados. Com uma área de 8.516.000 km², o Brasil é três vezes maior que a Argentina e 22 vezes maior que o Japão. Com isso, muitas vezes os caminhoneiros enfrentam realidades diferentes entre os estados em um mesmo frete.

Para entender as diferenças de custo entre os estados, o IFPF analisou as principais variações regionais no período entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021. O estudo revela que o Amapá foi a origem com o frete mais caro do Brasil no período, com valor de R$ 1,33 por quilômetro por eixo. Em contrapartida, o Rio de Janeiro foi o estado de origem mais barato, com preço médio de R$ 0,93. Roraima teve a maior alta (34,83%) no período, alcançando o valor de R$ 1,20. Por outro lado, o Piauí teve a maior queda (9,52%), chegando a R$ 0,95.

De acordo com o levantamento, São Paulo teve variação de apenas 1,04% no período, atingindo o valor de R$ 0,97. Neste estado, o diesel comum atingiu alta de 7,28% nas bombas. Já Minas Gerais, registrou alta significativa no preço do frete de 5,37%, batendo os R$ 0,98 por quilômetro por eixo, porém, o combustível chegou ao consumidor final 6,22% mais caro, o que impactou a rentabilidade dos motoristas que carregam e abastecem nesta região.

Ainda segundo os dados, o estado do Rio de Janeiro contabilizou uma queda de 2,1% no preço do frete e alta de 5,50% no diesel. A Paraíba teve queda de 7,27% alcançando R$ 1,09, enquanto o seu diesel aumentou na mesma proporção (7,02%). Mato Grosso registrou baixa de 6,93% e os fretes no estado chegaram a R$ 0,94, e novamente o diesel surpreendeu com alta de 1,94%.

Na análise comparativa dos dois primeiros meses deste ano, o IFPF registrou variações significativas em diversos estados. Entre os estados que registraram elevações estão Acre (25%), Sergipe (20,22%) e Maranhão (14.70%). Já entre os que tiveram redução, estão Mato Grosso (9,61%), Paraíba (8,92%), Tocantins (7,89%) e Santa Catarina (3%).

Fretes por segmento

Segundo levantamento da Fretebras, com mais de 600 mil cargas publicadas por mês, é possível identificar os segmentos que mais se destacam no volume de fretes transportados. São eles o Agronegócio, a Construção e os Produtos Industrializados.

No Agronegócio, os principais produtos transportados no início do ano foram fertilizantes, milho e soja e o preço do frete na categoria aumentou 3,03% na comparação entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2020. Em Industrializados, os itens mais relevantes foram os alimentícios, siderúrgicos e máquinas e equipamentos e o frete aumentou 1,03% no mesmo período. Em Construção, os produtos mais comuns foram cimento, telha e pisos e foi justamente nesta categoria onde se registrou a maior alta no preço do frete, 3,15%.

Quando comparados os dois primeiros meses de 2021, houve queda de 1,92% no preço do frete no segmento Agro. Já as categorias Construção e Industrializados se mantiveram estáveis. Em ambos os casos, houve uma variação pequena de apenas 1%.

Metodologia

Os dados que compõem o Índice FreteBras de Preço do Frete (IFPF) têm base no fluxo de dados da FreteBras, principalmente nas informações extraídas da tecnologia Análise de Rota, ferramenta oferecida pela empresa aos clientes. Com mais de 500 mil caminhoneiros cadastrados e 12 mil empresas assinantes, os fretes publicados na plataforma cobrem 95% do território nacional.

Foram analisados também os preços de combustíveis publicados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) principal índice de preço de combustíveis no Brasil.

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