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Todo mundo quer entender a Black Friday 2025, mas o segredo está no comportamento

Por: Pedro Henrique Sobral

Gerente de Marketing

É gerente de marketing na Tray, unidade de e-commerce da LWSA. Com mais de 10 anos de vivência no mercado de tecnologia e e-commerce, Pedro, gerenciou equipes de marketing de conteúdo, mídias sociais, branding, comunicação e marketing de produto. Tem MBA em Marketing, graduação em Processos Gerenciais e licenciatura em Filosofia, também atua como palestrante e professor no ensino superior.

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A Black Friday 2025 se aproxima com um novo protagonista: o consumidor planejado. Se nas primeiras edições do evento o impulso era a força motriz das compras, hoje o que guia o comportamento de consumo é a estratégia.

A data segue relevante, mas o modo de comprar e de vender mudou.

Duas mulheres vestidas de preto posam sorrindo em fundo amarelo; uma segura sacolas de compras e a outra exibe um cartaz escrito “Black Friday”.
Imagem: Freepik.

Dados recentes mostram que sete em cada dez brasileiros já se preparam com antecedência para a Black Friday, e o ticket médio esperado ultrapassa os R$ 500.

Mais do que números, esses dados refletem um movimento cultural: a consolidação de um consumidor digital, informado e exigente, que faz do planejamento uma forma de empoderamento.

Planejar é o novo impulsionar

Durante muito tempo, o consumo foi pautado pela urgência: descontos relâmpagos, mensagens de “última chance”, campanhas que exploravam o medo de perder.

Hoje, o público parece menos suscetível a esse tipo de gatilho. O consumidor aprendeu a esperar, comparar e calcular. Ele sabe o que quer e, principalmente, quando e como comprar.

Ainda há espaço para o comportamento espontâneo: 32% dos brasileiros ainda deixam para decidir na última hora, mas a tendência dominante é o planejamento.

As compras por impulso cedem lugar a decisões baseadas em preço, custo de frete e formas de pagamento.

Essa mudança impõe um desafio silencioso: entender que a jornada de compra começa semanas antes da Black Friday, quando o consumidor está observando, filtrando e construindo sua percepção sobre o que vale ou não a pena.

A força do digital e a consolidação do mobile

A compra digital já não é novidade, mas a maneira como ela acontece está em transformação.

Hoje, 75% dos consumidores afirmam que farão suas compras pelo celular. O mobile se consolidou não apenas como um canal, mas como um espaço de decisão.

Nele, o consumidor compara preços, lê avaliações, segue recomendações e, muitas vezes, finaliza a compra em poucos cliques.

Essa agilidade, no entanto, aumenta a sensibilidade a qualquer obstáculo: fretes altos e processos de checkout complexos continuam entre as principais causas de abandono de carrinho.

O dado é expressivo: 48% desistem da compra por causa do frete, e mais da metade espera por frete grátis.

A logística, portanto, tornou-se parte da experiência emocional de compra. O frete não é apenas custo, é percepção de valor.

Pix: o reflexo da busca por autonomia

Entre as mudanças mais significativas da Black Friday 2025 está o avanço do Pix, que já representa 38% das intenções de pagamento.

Mais do que uma escolha técnica, essa preferência traduz um desejo por autonomia e praticidade.

O Pix elimina intermediários, reduz o tempo de espera e oferece ao consumidor a sensação de controle sobre a transação.

Por outro lado, ele desafia o varejo a repensar processos e a garantir segurança e fluidez nas operações.

É um sinal claro de que o consumidor brasileiro valoriza a conveniência, mas sem abrir mão da confiança.

Entre desejo e necessidade

Os produtos mais buscados continuam sendo os de desejo: eletrônicos, eletrodomésticos, moda e beleza, mas há uma mudança importante em andamento – cresce o interesse por categorias de necessidade, como produtos para casa, alimentação e itens de uso diário.

Essa ampliação do escopo de consumo reforça a maturidade do público. A Black Friday já não é apenas o momento de “comprar o que sempre quis”, mas também o de economizar no que é essencial.

Essa racionalização, porém, não elimina o entusiasmo pela data. O que muda é o significado: o desconto deixou de ser o fim e passou a ser o meio de uma compra consciente.

Black Friday como espelho do varejo

Observar o comportamento do consumidor na Black Friday é observar o próprio varejo em transformação.

O digital deixou de ser uma tendência e se tornou um ponto de partida. O consumidor é multicanal, o pagamento é instantâneo e a experiência é tão importante quanto o preço.

Nesse contexto, marcas e varejistas precisam entender que a data não é apenas sobre vender mais, mas sobre ler melhor o seu público.

A Black Friday se tornou um estudo de caso em tempo real sobre como o brasileiro compra e, mais do que isso, sobre o que ele valoriza.

Um consumidor que ensina

A cada edição, a Black Friday deixa uma lição nova. Em 2025, ela nos lembra que o consumidor brasileiro aprendeu a planejar, comparar e exigir.

Aprendeu também que tecnologia e conveniência podem andar juntas de forma inteligente e que confiança é um ativo tão valioso quanto o desconto.

O futuro do varejo, portanto, não será definido pelo tamanho das promoções, mas pela qualidade da experiência.

O consumidor não quer apenas economizar: ele quer comprar com consciência, propósito e autonomia.

E isso talvez seja o maior desconto que a Black Friday 2025 tem a oferecer: o da pressa – substituída por escolhas mais pensadas e conectadas com o que realmente importa.