- Sobrecarga de informação. Máquinas de busca são consideradas inadequadas para lidar efetivamente com bases de dados muito grandes, e os usuários necessitam de auxílios complementares e filtros;
- Alfabetização informacional. Há problemas na própria busca de informação, por parte dos usuários, levando à perda de tempo e informação útil;
- Terminologia organizacional. Classificações e tesauros publicados não refletem as linguagens particulares das empresas, nas quais, tipicamente, 80% da informação foi criada internamente;
- Desestruturação das organizações. Fusões e aquisições criaram problemas culturais em seu estágio de implementação. Problemas similares são encontrados em parcerias via extranets e em comunidades virtuais, uma vez que grupos diferentes começam a compartilhar informações dentro de contextos organizacionais.
Taxonomia para comércio eletrônico: diferentes perspectivas em front e back end (Parte 2)
Dando sequência ao artigo Taxonomia para comércio eletrônico: diferentes perspectivas em front e back end (Parte 1), vamos entender um pouco mais sobre arquitetura da informação, user experience e a Taxonomias para o comércio eletrônico de varejo.
3. Arquitetura da Informação e User Experience
Embora estejamos em uma época que ainda pode ser considerada híbrida, entre o mundo físico e o digital, podemos compreender mais facilmente o que é Arquitetura da Informação a partir do mundo como já o conhecemos.
É possível perceber o modo que o mundo e as coisas estão organizadas sempre que entramos em algum ambiente e tentarmos explorar as suas possibilidades.
Isso acontece em residências, shoppings, bares e lugares de divertimento e principalmente lojas e grandes mercados. Seres humanos são extremamente visuais e ao longo do tempo criam mapas mentais dos ambientes com os quais costumam interagir.
De acordo com Wodtke e Govella (2009), ambientes interativos, sejam físicos ou digitais, tem a necessidade de ter uma impressão digital própria, mas sempre pensando na ergonomia e em como é possível alocar conteúdo de forma que facilite para o público.
Sendo assim, num processo de analogia, é possível criar um breve paralelo entre uma grande loja física de varejo, com um grande varejo ponto com. A página inicial que o usuário vê é como se fosse a fachada da loja: é necessário sempre manter em destaque seus principais departamentos, melhores produtos e promoções e informações de utilização e serviço ao cliente.
Os grandes departamentos dessa loja física podem refletir, por exemplo, na forma em que estão organizados no site (exemplo: Eletrodomésticos); As alas ou seções podem ser consideradas as categorias do site e cada ‘estante’ poderia alocar um Tipo de Produto (por exemplo: Ar Condicionado).
Para cada tipo de produto existem múltiplas variações, ou ainda, suas facetas (cores, tamanhos, voltagens, etc.) que, em comércio eletrônico de varejo, são chamados de seletores SKU ou Stock Keeping Units, em português, Controles de seleção de variação (Investopedia, 2015).
Em uma loja online, o Search Engine Optimization é responsável pela indexação e rápida recuperação de itens de forma precisa. E online quando o público utiliza a busca no site, a página recuperada pode ser considerada um tipo específico de “vitrine”, reportando diferentes tipos de coleções: conjunto de produtos, sazonais (especial de dia dos namorados, dia das mães, natal), temáticas (casamento, casa nova), promocionais (black friday, produtos em desconto) e de marketing.
Nos anos 90, Morville (1998) definiu a Arquitetura da Informação como a arte e ciência de estruturar e classificar websites e intranets para ajudar pessoas a encontrar e gerenciar informações. Para Luz (2010), a AI tem como função para além da organização de ambientes digitais, a criação de estruturas informacionais e planejamento de caminhos de navegação.
Ainda de acordo com o autor, “a arquitetura da informação projetada de forma eficiente agiliza a conclusão de tarefas executadas pelos usuários na busca do conteúdo. Seu objetivo é que a experiência do usuário (navegação) seja satisfatória e eficiente” (Luz, 2010, p. 51).
Neste sentido, a definição de AI é um pouco mais ampla do que a de Experiência do Usuário. Embora em ambas áreas os profissionais trabalhem a partir de demandas por projetos, existe uma diferenciação entre a estrutura do design de interação e a usabilidade da interface em si.
De acordo com Garrett (2011), a experiência do usuário tem mais foco no produto propriamente dito, seja uma tela de interação que está sendo utilizada, informações disponíveis na descrição do produto ou tempo de espera no recebimento.
Pode-se assumir que o autor entende a experiência como algo menos conceitual e mais pragmático, mais aproximado do mundo, verificando as possíveis dificuldades de compreensão no uso, que também é capaz de modificar-se ao longo do tempo.
Na edição de Information Architecture for the World Wide Web, Morville e Rosenfeld (2006) fizeram diferenciações sobre sistemas de organização voltados para a Arquitetura da Informação entendendo que a “organização está proximamente relacionada a navegação, etiquetagem e indexação” (p. 58).
No entanto, Weinberger (2007) compreende que a mudança fundamental na Organização da Informação física para a digital, foi justamente a criação do hyperlink.
Em A Nova Desordem Digital o autor compreende que a divisão e separação dos objetos físicos exigem decisões binárias sobre a classificação das coisas, pois ainda é fisicamente impossível que dois objetos dividam o mesmo tempo e espaço. Já ideias, informações e conhecimentos, que podem ser representados de formas variadas, não precisam sofrer esse tipo de limitação.
Shirky (2005) também compreende que a partir do hyperlink, um objeto pode ser localizado em diferentes lugares no espaço digital e isso modifica a forma que compreendemos a organização hierárquica e inflexível, que é obrigatória no mundo físico.
Para Morville e Rosenfeld (2006), o sistema de hipertexto ainda envolve dois tipos principais de componentes: os conteúdos e os links, que podem complementar um esquema de organização hierárquica pré-determinado.
É possível deste modo compreender que embora seja possível a aplicação de práticas biblioteconômicas, estas mesmas práticas podem co-existir de modo a adaptarem-se a uma realidade de gestão da informação digital, consolidando-se no desenvolvimento de um modelo híbrido de organização e representação da informação, composto tanto por uma estrutura hierárquica e de categorias, quanto por hyperlinks que fazem as relações entre as próprias categorias como também relações externas.
Em AI e Experiência do Usuário, este modelo pode ser reconhecido de modo específico através do desenvolvimento de uma taxonomia única.
Realizando um novo paralelo, as leis de Ranganathan (Targino, 2010) se aplicam ao ambiente de comércio eletrônico uma vez que: os produtos são criados para serem consumidos; todo consumidor busca por seu produto; todo produto tem seu consumidor (ou nicho); é preciso poupar o tempo do consumidor; e um site de comércio eletrônico de varejo é, de fato, um organismo em constante crescimento.
As taxonomias fazem parte da experiência do usuário uma vez que, para o comércio eletrônico, a classificação, categorização e organização do que está a venda em um site é o próprio core do negócio, impactando inclusive em resultados de venda.
Com o desenvolvimento da tecnologia, o escopo de atuação de bibliotecários e demais profissionais da informação pode ser ampliado nesse sentido.
Hoje profissionais da informação já atuam em organizações privadas, juntamente como área-meio para azeitar processos de Gestão do Conhecimento, inteligência competitiva e até mesmo pesquisa de mercado, para citar alguns exemplos.
O desenvolvimento de uma taxonomia, tanto de front como de back end, pode ser entendida como curadoria de metadados e o profissional da informação tem os conhecimentos técnicos e conceituais necessários para este trabalho em específico.
4. Taxonomias para o comércio eletrônico de varejo
De acordo com Bräscher e Café (2010), a Organização da Informação (OI) é um processo que envolve a descrição física e de conteúdo dos objetos informacionais. O produto desse processo descritivo é a Representação da Informação, entendida como um conjunto de elementos descritivos que representam os atributos de um objeto informacional específico.
Alguns tipos de representação da informação são construídos por meio de linguagens elaboradas especificamente para os objetivos da OI. Entre os produtos advindos do processo de criação dessas linguagens, no contexto da biblioteconomia, podemos reconhecer os seguintes: para Classificação (CDD/CDU/Cutter-Sanborn), Catalogação (AACR2), Indexação (NBR 12676-1992) e criação de Resumos (NBR 6028-2003).
A Arquitetura da Informação e Experiência do Usuário são responsáveis pela identidade digital do website de comércio eletrônico, fazendo com que este possua características únicas que o diferenciem da concorrência.
Nessa estrutura informacional, a organização da informação se dá por meio da criação e desenvolvimento das taxonomias. Mesmo que empresas concorrentes possuam um catálogo similar, cada website possuirá uma taxonomia única, diferenciando-se a partir de uma série de fatores como critérios internos de priorização, sazonalidade, identidade da marca e de seu público alvo.
No mundo físico, a Classificação tem como objetivo fazer com que um objeto seja localizado fisicamente em determinado espaço na arquitetura de um local e a Catalogação descreve o produto de forma técnica, levando em consideração seus atributos e características.
Na literatura, não existe um acordo em relação ao significado do termos de Classificação e Categorização e eles são, muitas vezes, tomados um pelo outro. Jacob (2004) compreende que há diferença entre os processos de classificação e categorização e os diferencia entendendo que o processo de categorização é flexível e criativo (JACOB, 2004, p. 12).
É a partir dessa flexibilidade da categorização que o processo de indexação - que na biblioteconomia é compreendido como o processo que designa ou sugere palavras-chaves para um determinado item - pode se desenvolver em outros meios.
A partir da indexação podem ser derivados metadados para a criação e o desenvolvimento de vocabulários controlados e taxonomias para websites. Campos e Gomes (2008) também relatam a flexibilidade no uso das taxonomias, uma vez que elas permitem acesso através de uma navegação em que os termos se apresentam de forma lógica, em quantos níveis de especificidade sejam necessários.
Deste modo, em ambiente web, as taxonomias facilitam o acesso e navegação, contribuem para a findability e para recuperação inteligente. Gilchrist (2003) compreende que o termo taxonomia, na literatura internacional sobre o tema, geralmente é co-relacionado a temas como recuperação da informação, gestão do conhecimento, indexação, busca e navegação, intranets e portais.
Para o autor, o tema de taxonomia desenvolveu-se tendo em vista quatro fatores: