Você já deve ter ouvido falar na nova rede social Ello, e talvez tenha até recebido um convite para participar. Como todo lançamento que limita a participação dos usuários (você se lembra do Gmail?), a Ello já apresenta números bastante expressivos. São mais de 31 mil pedidos por hora, segundo seus fundadores, e chegou a sair do ar algumas vezes por conta do alto trafego gerado. Já de inicio o usuário se assusta um pouco, pois o layout proposto por seus criadores mescla a timeline já conhecida do Facebook, com o estilo de publicações do Twitter, mas sem a limitação dos 144 caracteres do microblog.
Mas o grande diferencial da rede é mesmo a promessa do seu fundador, Paul Bundnitz, que afirma não tolerar anúncios dentro do site. A intenção é oportunizar aos usuários uma rede “simples, charmosa e sem publicidade”. Mas o que de fato é publicidade, e o que acaba se tornando?
Hoje o Facebook permite a criação de campanhas complexas, abordando grupos segmentados e com um alto índice de conversão. Sabemos o grau de escolaridade, os amigos, o comportamento em si de cada usuário, o que nos permite elaborar uma estratégia mais assertiva, além dos métodos de mensuração que estão disponíveis para a extração de dados importantes da ação. Já a Ello jamais permitiria algo do tipo, já que iria contra os seus princípios fundamentais.
Mas o que de fato pretendo pontuar aqui é que nem sempre a publicidade vem em forma de banner em flash ou em um gif animado que chama a sua atenção. Voltamos à velha pergunta: O que é uma Rede Social?
A definição mais clara é um fórum digital onde pessoas compartilham opiniões, ideias, concordam ou discordam umas das outras. Produzem dicas e conteúdo, rejeitam ou aceitam conselhos de referências em assuntos diversos e compartilham a sua opinião conquistando “Followers” ou “Haters“. Difícil é encontrar alguém que seja indiferente a tudo.
Analisando com essa ótica, temos a clara ideia de que é impossível uma rede social estar imune a qualquer tipo de publicidade. A Ello não permitirá banners ou propagandas, mas imagine o quão irônico será quando começarem a fazer posts patrocinados por lá?
Não é segredo para ninguém que um grande grupo de formadores de opinião executam trabalhos de divulgação, pulverizando anúncios através do Twitter, Instagram entre muitos outros meios e redes sociais. Sabemos também que o ROI, retorno de investimento dessas campanhas, invariavelmente é bastante positivo. Então, não se assuste quando vir alguma celebridade publicando uma opinião aparentemente tendenciosa a favor de um produto ou uma marca conhecida.
Outro ponto relevante é que, quando adquirimos um produto e gostamos muito, tendemos a verbalizar nossa opinião afim de que nossos amigos possam gozar da mesma experiência que nós. Assim, nos sentimos parte de algo maior. São os tão sonhados “brand advocates”, o sonho de toda marca. Aquele grupo que defende ferrenhamente um determinado tipo de celular, ou um refrigerante qualquer. Essas pessoas fazem propaganda a cada menção ou estão apenas expressando a própria opinião? E nesse caso, uma opinião não vale mais que um banner para a empresa? É uma linha bem tênue que separa o social natural do social manipulado. Como a Ello lidará com isso?
Mas, no momento, acredito que a preocupação maior dos fundadores da Ello é se a rede veio para ficar, ou será apenas mais uma ideia “bacaninha” como o Google Plus ou o Diaspora, que fizeram certo barulho no início, mas que por falta de engajamento acabaram vazias como o finado Orkut. Ou se continuará como uma rede secundária e menos abrangente como o Digg.
O que não podemos desconsiderar é que uma rede social só alcança o sucesso se as pessoas socializarem por lá. Vamos aguardar os próximos capítulos.