Nunca se falou tanto em valorizar a experiência do cliente, mas será que as empresas estão realmente preparadas para entender e atender às demandas do seu público?
Digo isso porque, no dia a dia, ainda vemos muitas empresas falhando no desenvolvimento de estratégias adequadas para o seu target.
O primeiro passo para refinar o planejamento das ações é considerar a importância de cada geração no composto do seu negócio.
Olhando para o presente do e-commerce, temos que atender às exigências de grupos distintos: millennials, Z e alpha, além dos adultos e idosos, que formam geração X e os Baby Boomers.
Neste artigo vamos nos concentrar na Geração Z que, além do aumento no volume de compras, nos interessa pelo importante papel que tem na indicação de tendências.
Como entender a divisão das gerações?
Para começar a responder esta pergunta, temos que considerar que não existe uma unanimidade entre os especialistas no que diz respeito, por exemplo, à data de nascimento que demarca cada geração.
As propostas são variadas, mas, apenas como referência, podemos levar em consideração o seguinte recorte de gerações:
- Baby Boomers – temos aqui os nascidos entre 1940 e 1960 (têm hoje entre 60 e 80 anos);
- X – nascidos entre 1960 e 1980 (atualmente com 40 a 60 anos);
- Y (millennials): nascidos entre 1980 e 1995 (têm entre 25 a 40 anos)
- Z: nascidos entre 1995 e 2010 (público que se encontra na faixa etária dos 10 aos 25 anos)
- Alpha: nascidos a partir de 2010 (atualmente com até 10 anos)
Por que olhar para a Geração Z?
Depois de toda a atenção conferida aos Millennials, neste momento o foco do marketing deve se concentrar na Geração Z.
A explicação é simples: a partir de agora são eles que vão ditar as tendências do mercado de consumo.
Estamos nos referindo às pessoas que têm entre 10 e 25 anos e apresentam algumas características determinantes, como o fato de serem “nativas digitais”, uma vez que cresceram num ambiente no qual já existia aparelho celular, redes sociais etc.
No mercado de consumo, é esta a geração que mais desafia o varejo, justamente porque este grupo não faz distinção entre físico e digital.
“Ah!, vamos ter que pensar nessa geração nos próximos anos”. Quem pensar assim corre grandes riscos no negócio.
No Brasil, estima-se que a genZ, como também é chamada, já representa 30% da população e, considerando-se que contempla o público entre 18 e 24 anos, é o público prioritário de um grande número de empresas que se concentra no jovem.
E temos que olhar para eles de forma mais atenta porque apresentam comportamentos mais disruptivos em relação às gerações anteriores.
Vamos ver alguns exemplos práticos!
O que muda com a genZ?
Com base nos estudos realizados sobre esse grupo, podemos chegar a algumas conclusões relacionadas à forma como entendem as marcas de consumo:
- tratam-se de pessoas menos fiéis. Em outros termos, eles são menos conectados com as marcas do que as gerações anteriores;
- no estudo realizado pelo Google em 2019, concentrado na faixa etária de 18 a 24 anos, muitos entrevistados tiveram dificuldade para indicar marcas preferidas, tanto entre as que consomem como entre marcas que pretende consumir;
- essa percepção, segundo os especialistas, está vinculada ao fato deste grupo ser menos influenciado pela publicidade tradicional. Ou seja, essas pessoas não são tão impactadas pelas ações que visam o branding;
- e como as empresas podem fazer para agregar valor às marcas neste ambiente? Investindo na autenticidade. Ainda naquela pesquisa do Google, o que apareceu com destaque, em termos de estratégia de comunicação, foi justamente o apreço por empresas que investem na transparência;
- veja o dado: 64% dos respondentes disseram que gostam de um vídeo de marca quando ele é autêntico e fala a verdade sobre a empresa, ou seja, reflete a realidade;
- nessa mesma linha, as pesquisas também indicam o maior comprometimento dessa geração com questões ambientais e de gênero. Mais do que apoiar iniciativas, esses jovens têm se posicionado como ativistas;
- segundo a pesquisa do Google, 63% da Geração Z defende toda causa ligada à identidade das pessoas (gênero, etnia e orientação sexual, por exemplo);
- uma diferença marcante em relação às gerações anteriores é a questão da fluidez. Em termos práticos, é mais complicado indicar “rótulos” para este grupo, uma vez que são mesmo mais plurais.
Assim, algo que pode soar estranho para os mais velhos, para eles é natural que haja mais experimentação em diversos campos da sua vida, incluindo a questão da identidade ou mesmo da própria sexualidade.
Para compreendermos melhor as mudanças que estão acontecendo, vejamos estes dados da pesquisa da 1284.
- 87% da Geração Z deixou de comprar produtos de empresas envolvida em escândalos;
- 82% afirma lembrar de pelo menos um escândalo ou caso polêmico envolvendo empresas;
- 50% deixa de comprar de uma empresa que não considera ética;
- 73% pensa duas vezes antes de comprar algo;
- 63% afirma comprar apenas aquilo que precisa;
- 51% alugaria ou venderia roupas em sites de produtos usados;
- 46% usaria seu carro para trabalhar em serviços como Uber, por exemplo;
- 63% defende toda causa ligada à identidade das pessoas (gênero, etnia e orientação sexual, por exemplo);
- 50% já estão dispostos a pagar mais por um produto personalizado;
- 47% acham legais as marcas que não classificam seus produtos como masculino ou feminino.
O que muda para o e-commerce?
Para começar, no caso desta geração, o ideal não é pensar em loja física versus e-commerce. Essa divisão não faz o menor sentido para o grupo. Mais do que qualquer outra geração, o comportamento é omnichannel.
A implicação disso é que a integração dos canais de contato e de venda tornou-se imprescindível.
A experiência desse público na loja deve funcionar de forma fluída, sem interrupções em função da troca de canal, por exemplo.
Lembre-se de que eles nasceram e cresceram no ambiente digital, portanto, lidam muito melhor com os recursos e, até por isso, gostam de ter autonomia.
Detalhe: não que sejam mais inteligentes, mas receberam mais estímulos, portanto, reagem rapidamente.
Mobile first é um conceito primordial para este público, mas isso não significa que abram mão das demais experiências, como aquelas que podem obter numa loja física.
Mas aqui deve prevalecer aquela proposta que temos indicado como tendência para o e-commerce, a necessidade de tornar o local como um ponto de experimentação, de conexão com a marca.
E, neste caso, vale lembrar que para a genZ propósito é algo extremamente relevante e são mais ativos nas cobranças em relação às atitudes das marcas.
A ideia do “ativismo” vai estar mais presente no seu dia a dia e vão usar as redes sociais, por exemplo, para expor, criticar, angariar mais adeptos a favor ou contra determinada empresa.
O que é melhor para se comunicar com este grupo? Vídeos! Relatório do Google indica que 70% deste grupo segue algum youtober e, no dia a dia, valorizam mais as opiniões deles do que as das celebridades.
Na criação das campanhas, é importante considerar como eles se divertem. Neste caso, os assuntos preferidos são música, games e smartphone, este considerado tanto um meio como um fim.
Como vimos neste artigo, a geração Z apresenta muitas peculiaridades, mas entendê-las é fundamental para ter um negócio de sucesso. Não apenas porque este grupo chegou ao mercado de consumo, mas também por ditarem tendências.