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Os benefícios e riscos de um marketplace

Por: Leandro Ramos

Head of Projects

É Head of Projects da Corebiz, agência que faz parte do WPP, referência na implantação de negócios digitais na Europa e na América Latina. Especialista em Gestão de Projetos, Marketing Digital e E-commerce, já atua no mercado há 15 anos, sendo 8 anos na Corebiz.

Quando o comércio eletrônico surgiu há pouco mais de 20 anos atrás nos Estados Unidos, rapidamente dois modelos de negócios ficaram em lados opostos: de um lado a Amazon, com sua ampla seleção de livros, que a tornou a maior livraria do mundo. De outro lado estava o E-Bay, uma plataforma que reunia compradores e vendedores dos mais variados produtos, que o transformou no primeiro marketplace do mundo.

As coisas mudaram de figura quando Jeff Bezos, fundador da Amazon, decidiu que venderia livros de outras lojas dentro do seu e-commerce. A proposta do empreendedor foi recebida com ceticismo pelos seus executivos, mas a ideia foi colocada em prática. A Amazon inaugurou um novo modelo de negócios: um e-commerce com um marketplace integrado.

A estratégia deu tão certo que a Amazon tornou-se o maior comércio eletrônico do mundo. Em 2014 o marketplace da Amazon faturou US$ 43 bilhões, o que representou 48% de sua receita total. Além do brutal incremento de faturamento, o marketplace permitiu a Amazon aumentar sensivelmente sua oferta de produtos. Hoje a varejista possui mais de 5 bilhões de produtos em seu portfólio.

Diante desse sucesso, esse modelo híbrido, de um grande e-commerce possuir um marketplace com loja de terceiros passou a ser replicado mundo afora. No Brasil, a pioneira nesse modelo foi a Cnova, que em 2013 criou um marketplace integrado ao site do Extra.

O movimento da Cnova logo foi seguido pela B2W, que criou o marketplace do Submarino e depois expandiu para a Americanas. O Walmart também criou o seu marketplace e a entrada dos principais varejistas online nesse mercado fez com que o faturamento de marketplaces no Brasil chegasse a R$ 9 bilhões em 2014.

Ainda que os números do mercado de marketplaces no Brasil já chamem atenção, existe muito espaço para crescimento nesse mercado. Hoje cerca de 10% do faturamento da Cnova é proveniente dessa estratégia, ainda bastante distante dos 50% da Amazon.

Para um grande varejista online, qual a vantagem de criar um marketplace? Em primeiro lugar, ele amplia sua oferta de produtos. A Cnova passou de 100 mil para mais de 700 mil produtos ofertados em seu site. Uma outra grande vantagem é a redução dos estoques, que fica a cargo do varejista parceiro, assim como a entrega.

Além dos ganhos de eficiência, quando um grande varejista cria um marketplace em seu site, ele consegue conhecer novos nichos de mercado, além de fidelizar seus clientes com a oferta de um portfólio complementar ao seu. Por fim, existe um ganho financeiro direto nessa estratégia: os grandes varejistas cobram de 10% a 25% dos parceiros pela venda de cada produto.

Se os grandes varejistas ganham com a estratégia de marketplace, o parceiro também pode se beneficiar ao se associar a um grande e-commerce. Um ganho imediato é aumento do número de clientes, que chegam à sua loja com custo de aquisição nulo. Outro ganho é que normalmente o atendimento de primeiro nível fica com o e-commerce parceiro, que só aciona o vendedor se algum problema não for resolvido.

Do ponto de vista de infraestrutura, ainda é possível ter benefícios nessa parceira. Um ganho sensível, é com a possibilidade de utilizar uma plataforma tecnológica de ponta para vender seus produtos. Uma nova possibilidade que surgiu recentemente é utilizar o serviço de entrega dos grandes e-commerces, que obviamente cobram por esses serviços.

Ainda que as vantagens do marketplace nos grandes sites de e-commerce esteja exposta, existem riscos para os dois lados. O grande e-commerce pode ter sua reputação manchada caso algum parceiro atrase a entrega de produtos ou preste um serviço ruim.

Já para os parceiros, os riscos podem ser maiores: além das altas taxas cobradas para fazer parte de um portal relevante de e-commerce, ninguém garante que caso um nicho fique atraente o grande varejista passe a vender diretamente esses produtos.

Aliás, essa é a grande queixa nos Estados Unidos dos pequenos lojistas contra a Amazon, que é acusada de dominar nichos que fazem sucesso. Ainda que exista esse risco, o marketplace pode ser uma boa estratégia para quem pretende entrar no e-commerce, sobretudo quem tem loja física e nunca vendeu online.

Mas antes de entrar em um marketplace, verifique se o seus produtos possuem uma margem que possa bancar a operação e se o marketplace que pretende ingressar apresenta o público-alvo correto para seu produto.

Já para os grandes varejistas, o marketplace parece ser uma das poucas saídas que encontraram para tornar suas operações rentáveis.