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O que as marcas precisam saber sobre o consumidor da geração Z

Por: Emerson Oliveira

Senior CX Sales Account Executive

Profissional com 25 anos de atuação no mercado de TI e 10 anos de experiência em vendas de soluções de experiência do cliente, incluindo plataformas de marketing, plataformas de ecommerce, CRM e solução de gestão CX (Qualtrics). Apaixonado por tecnologia e inovação, tendo trabalhado para grandes multinacionais de TI como Oracle, SAP e IBM.

Por alguns anos, muitas empresas alimentaram fortes expectativas em relação à chegada da geração Z ao mercado consumidor e ao potencial de gastos que ela criaria. Esses consumidores estão chegando, mas, ao contrário do esperado, vêm trazendo perspectivas, preferências e expectativas completamente diferentes das gerações anteriores, o que tem causado certa confusão entre os profissionais de marketing.

Chegamos ao momento em que as marcas precisam entender como funciona esse novo consumidor e, principalmente, se adaptarem às suas preferências rapidamente. Mesmo que eles tenham chegado há pouco tempo, algumas tendências já podem ser analisadas.

Ainda é muito cedo para dizer quão influentes os membros da geração Z serão em longo prazo, mas já temos alguns sinais que permitem aos profissionais de marketing do varejo identificar algumas tendências.

Começando pela definição, a Pew Research caracteriza a geração Z como indivíduos nascidos entre 1997 e 2012. Isso quer dizer que temos hoje, no mundo, aproximadamente 2,46 bilhões de pessoas entre os dez e os 25 anos, o que representa cerca de um terço da população mundial com uma capacidade enorme de crescimento na influência nos gastos nos próximos anos.

É possível dizer que esse contingente conta ainda com muitas crianças que ainda não compram por conta própria. Por outro lado, algumas pesquisas indicam que a geração Z representa hoje cerca de 40% dos gastos dos consumidores globais, o que representa algo como US$ 143 bilhões em poder de compra. Uma análise mais profunda vai mostrar que, desse total, US$ 43 bilhões têm origem em subsídios, o que significa que os mais novos, mesmo sem fonte de renda, já decidem suas compras.

Esses dados têm feito com que muitos profissionais de marketing planejem suas estratégias pensando que os membros desse grupo possam gastar mais livremente. Ainda é cedo para saber se isso vai se tornar uma tendência, mas é certo que a geração Z gastou mais no ano passado do que antes da pandemia.

De volta às lojas físicas

Mesmo levando em conta o crescimento dos gastos, o planejamento das marcas deve ter em vista algumas peculiaridades no comportamento de consumo da geração Z. Um exemplo é o seu retorno às lojas físicas. Há cerca de dois anos, grande parte dos consumidores se dividia entre as lojas físicas e sites online, com o segundo modelo crescendo tremendamente quando o mundo entrou em quarentena.

De lá para cá, no entanto, a geração Z – considerada a primeira verdadeiramente nativa digital e a mais confortável com a tecnologia móvel – vem liderando o retorno às lojas físicas. Uma parte desse comportamento pode ser atribuído a uma rebelião contra os gigantes do varejo online e outra à nostalgia de fazer compras ao vivo com amigos em uma loja real.

Independentemente do motivo, um estudo realizado pelo CM Group aponta que a geração Z tem efetivamente uma preferência maior pela compra em lojas físicas em diversas categorias, que incluem equipamentos eletrônicos e roupas. Outra pesquisa mostrou, ainda, que os consumidores da geração Z tendem a abandonar as compras online caso as lojas físicas comecem a oferecer a eles experiências excepcionais.

Ao mesmo tempo, essa nova categoria de consumidores ainda depende muito de seus smartphones. Quando se fala em compras online, os membros da geração Z são mais propensos a comprar via smartphone do que por meio de tablets ou computadores. Isso faz todo o sentido se levarmos em conta estatísticas como:

55% dos membros da geração Z usam smartphones cinco ou mais horas por dia, e 26% os usam mais de dez horas por dia;
– Quase um terço (31%) enlouquece se não consegue usar o smartphone por pelo menos 30 minutos por dia;
– Mais de 40% preferem perder suas carteiras a seus smartphones.

Pensando melhor no comércio social

Outra tendência interessante sobre os consumidores da geração Z é que eles realmente gostam do chamado comércio social, que é o feito utilizando recursos específicos de aplicativos como Instagram, TikTok, Snapchat, Spotify e Twitter. Isso mostra que, ao contrário das gerações mais velhas, a geração Z não se incomoda com as interrupções incessantes do feed de notícias e os anúncios pop-up. Mais uma vez, vale a pena levar em conta algumas estatísticas:

– A grande maioria (97%) da geração Z usa as mídias sociais como principal fonte de inspiração para compras;
– Dois em cada cinco consumidores da geração Z (40%) seguem marcas de que gostam nas redes sociais;
– Quase três em cada quatro (73%) compradores da geração Z dos EUA desejam que marcas e varejistas se conectem com eles sobre novos produtos e promoções por meio do Instagram, e metade (49%) prefere a interação no Snapchat;
– Mais de 60% dos TikTokers compram produtos anunciados por marcas no aplicativo;
– O mercado global de comércio social foi de quase US$ 500 bilhões em 2020 e deverá atingir US$ 3,4 trilhões até 2028 na América do Norte, o que é impulsionado em grande parte pelos gastos da geração Z e da geração Y.

Diante desse contexto, além do foco no comércio social e móvel e na ampliação das operações omnicanal, que caminhos devem seguir as marcas? Algumas recomendações incluem:

1. Use dados para unificar experiências de comércio – a geração Z quer os mesmos negócios onde quer que vá e quer que sejam personalizados de acordo com suas necessidades. Contanto que os varejistas não vão longe demais ou se tornem muito assustadores em seu alcance, a geração Z provavelmente retribuirá e gastará dinheiro com eles;
2. Mantenha-se atualizado com os canais e dispositivos preferidos – monitore constantemente as mudanças no sentimento da geração Z para saber se eles estão indo além de determinados dispositivos ou sites de mídia social. Isso pode acontecer num piscar de olhos, e perder um movimento pode ser desastroso para a fidelidade à marca;
3. Mantenha a cadeia de abastecimento fluindo – a geração Z não é particularmente paciente, o que significa que, se não conseguirem um produto de forma rápida e eficiente, eles irão para varejistas que não têm esse problema;
4. Priorize a sustentabilidade – a geração Z se preocupa profundamente com o planeta, tanto que ¾ deles consideram a sustentabilidade mais importante do que as marcas quando fazem compras. O estoque de produtos ecologicamente corretos atrairá esta geração, mas somente se for feito com verdadeiro comprometimento;
5. Reimagine as configurações da loja física – o desejo da geração Z por experiências de compras pessoais é forte, mas seu padrão para tais experiências é igualmente alto, por isso é preciso oferecer experiências únicas que valorizem.

Está claro que ainda é muito cedo para dizer quão influentes os membros da geração Z serão em longo prazo, mas já temos alguns sinais que permitem aos profissionais de marketing do varejo identificar algumas tendências. Estar alinhado com elas desde já é o melhor caminho para conectar-se, envolver-se e ajustar-se lucrativamente às novas demandas ao longo do tempo.