O mundo inteiro está tomando diversas ações para achatar a curva de contágio do Covid-19. Entre estas ações está o fechamento do comércio físico. Não resta dúvidas sobre a necessidade destas medidas, mas é preciso analisar mais profundamente seus efeitos no varejo brasileiro.
Estas ações já foram tomadas na China, Itália, Espanha, Estados Unidos e outros países, com destaque para a Coreia do Sul que obteve excelentes resultados até o momento. Entretanto existe uma grande diferença entre estes países e o Brasil. Estes países são desenvolvidos, e o governo e empresas possuem saúde financeira para suspender suas atividades por 2 ou 3 meses, sem sucumbir a economia. Já no Brasil, a situação é bem mais complicada.
Efeitos do coronavírus às MPEs
Com uma economia em progressiva decadência há 7 anos, as micro e pequenas empresas brasileiras que ainda não fecharam estão literalmente vendendo o almoço para pagar o jantar. As valentes empresas que ainda estão de pé, se encontram com elevado nível de endividamento, sem reserva de caixa e baixa lucratividade. Não há a menor dúvida que um percentual muito grande delas não resistirá ao fechamento de portas por dois meses ou mais. Com o dólar já em crescimento elevado, a bolsa em queda exponencial, os efeitos deste vírus no Brasil poderão ser mais fortes do que da queda da bolsa de 1929.
A única solução para as empresas varejistas neste momento é focar no e-commerce — e outras formas de venda não presenciais, como WhatsApp, tele-entrega, entre outros. Isto, claro, se o governo não paralisar também os Correios e as transportadoras.
Presença digital
E inconcebível que, em pleno 2020, existam varejistas que ainda não trabalham o mercado digital. O omnichannel não é uma tendência, e sim uma necessidade de qualquer empresa que queira sobreviver no mercado atual. Estima-se que mais de 93% das compras sejam iniciadas a partir de uma busca na internet, e que mais de 60% dos consumidores mudam de canal de contato ao longo de sua experiência de compra.
Com o mercado consumidor cada vez mais dinâmico e conectado, não oferecer vários canais de atendimentos (integrados entre si) é desconhecer as expectativas de seus clientes. Além de atender o cliente como ele gostaria de ser atendido, trabalhar com vários canais permite ainda que a empresa fique menos dependente de um canal somente. Se as vendas online não estão boas, ele pode concentrá-las no varejo físico — e vice-versa, como se tornou necessário neste momento.
O número de empresários que busca ingressar no mercado digital tem crescido gradualmente nos últimos dias. Entretanto, engajamento, relevância orgânica e outras métricas importantes para o sucesso de um negócio digital não é algo que se conquista em uma semana. É um trabalho gradual, que exige conhecimento e muita dedicação. As empresas que já trabalham bem o ominichannel certamente sairão bem à frente neste momento.
É preciso senso de urgência, cabeça erguida, muito trabalho e foco no omnichannel para atravessarmos este complicado momento do país.