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O metaverso como mundo e o NFT enquanto ativo de performance para o e-commerce

Por: Claudenir Andrade

Diretor do grupo de trabalho de software houses da Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços (AFRAC). Além disso, é diretor de tecnologia e marketing do grupo Elgin/Bematech e Regional Director / MVP Microsoft.

Nos últimos tempos, muito se ouviu falar sobre o metaverso. A realidade virtual estava em todas as esferas – na dramaturgia, na relação de negócios e até no convívio familiar através dos jogos.

Contudo, em meio aos holofotes, com exceção dos jogos que já estão consolidados (Fortnite, Minecraft, Roblox, The Sandbox entre outros), o metaverso como mundo/loja no âmbito corporativo já não possui a mesma evidência de antes. Mas, dentre os elementos, quando falamos do comércio, logo o NFT (token não fungível) se destaca e, portanto, é sem dúvidas algo que precisa ser analisado e considerado.

Entre os elementos do metaverso, o NFT se mostra um ativo promissor na relação comercial.

Porém, antes de adentrarmos nas questões em torno do NFT, é válido olhar para o cenário virtual e entender os motivos pelos quais o metaverso como mundo perdeu força. Afinal, estamos falando de uma tecnologia que até pouco tempo era considerada uma grande aposta e, consequentemente, prometia revolucionar o mercado. E, de fato, ela teria e tem potencial para isso, mas, nesse meio tempo, a inteligência artificial, que antes estava nas mãos apenas dos profissionais, se tornou massiva e se popularizou. Hoje, por exemplo, com o ChatGPT, através da parceria da Microsoft, todo mundo tem acesso à IA.

Entendendo o atual cenário, a própria Meta, empresa de Mark Zuckerberg, disse que tiraria o foco do metaverso e investiria no desenvolvimento da IA. Um movimento que é natural e que deveria ter acontecido antes. Se pensarmos na IA no metaverso como mundo, como relacionamento de negócio, como ensino, como fidelização, como compra, no geral, como business, a tecnologia aplicada a esses elos do metaverso aumentaria a efetividade e a utilidade da ferramenta, trazendo mais resultados. Mas o metaverso chegou primeiro, isto é, popularizou-se primeiro. Portanto, pode-se dizer que essa inversão da ordem dos fatos acabou comprometendo a junção das tecnologias para a eficácia dos negócios.

Comércio – NFT como meio de fidelização e identificação

Mas, como adiantado, entre os elementos do metaverso, o NFT se mostra um ativo promissor na relação comercial. Temos visto um movimento significativo de grandes empresas varejistas utilizando os tokens para ações de fidelização de clientes.

Recentemente, uma marca de cosméticos lançou o NFT da Boca única. Bastava tirar uma foto da sua boca em uma das lojas da rede que já gerava um token. Ao pagar um valor especificado, além da digitalização da sua boca – que criava um marketplace de NFTs -, você tinha uma série de benefícios, como fazer uma visita na fábrica, criar batom que combinasse com a tonalidade da sua pele, entre outros. Uma verdadeira campanha de fidelização.

Além disso, é possível utilizar os tokens no ponto de venda. Na prática, funciona assim: se uma padaria, por exemplo, comercializa NFTs e, como benefício, o adquirente tem o direito, por um determinado período, de tomar café com pão de queijo todos os dias da semana e sem pagar nada, porque, na verdade, ele já pagou pelo NFT, o cliente terá apenas que apresentar o ativo no caixa e consumir o que lhe é de direito. Isso gera custo-benefício para o estabelecimento porque o dinheiro entra antecipadamente no caixa, uma vez que os NFTs são assinados pela blockchain, e possibilita a identificação do cliente como sendo único. Assim, a chance de fraude é praticamente nula, o que traz maior segurança para a operação.

NFT no e-commerce

Posto isso, por que não pensar no NFT no e-commerce?

Diferentemente da loja física e com exceção dos próprios marketplace de NFTs, infelizmente pouco se vê esse movimento no e-commerce. Contudo, quando falamos de estratégias para atrair e fidelizar clientes, é válido considerar os NFTs, pois em um mundo cada vez mais digitalizado é preciso acompanhar os avanços da tecnologia, bem como as diferentes formas de ações promocionais, para ficar à frente da concorrência. À vista disso, o responsável pela loja pode pensar em ações das chamadas “casadinhas”, em que na compra de um produto físico o shopper leva um ativo digital que lhe dá alguma vantagem, como cashback, desconto na compra de um segundo produto, entre outras.

Por se tratar do digital para digital, automaticamente torna a jornada mais fluida. Então, diferentemente da experiência fidigital (o digital nos ambientes físicos), o shopper não vai precisar baixar nada no celular, talvez nem precise fazer download em um aplicativo para validar o NFT, pois ele pode já constar na sua conta. Diante disso, sem dúvida, a jornada de NFTs no e-commerce tende ser melhor e, portanto, sem fricção.