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O mercado de pagamentos de criptomoedas em 2022

Por: Rúbens Neistein

Country manager da CoinPayments no Brasil. Já teve passagem pela Foundation for International Blockchain and Real Estate Expertise (FIBREE). Em 2017, ajudou a lançar a Braziliex, especializada em intercâmbio de criptomoedas. Entre 2018 e 2020, foi CEO e membro fundador da Blockmaster. Aos 25 anos, criou sua primeira empresa, a agência digital Web Factory. Ficou 20 anos nela até iniciar a jornada em cripto e blockchain. Desde 1999, desenvolvesse novos negócios online na internet nacional. Entre eles está o destaque da primeira operação de e-commerce de perfumes e cosméticos no Brasil.

A primeira criptomoeda, o Bitcoin (BTC), foi criada em 2009 e não demorou muito para que ela e outras moedas digitais que vieram posteriormente revolucionassem o mercado de pagamentos no mundo inteiro. Essa nova forma de pagamento, que compete com outras, como os cartões de crédito e débito, já são aceitas por empresas em todo o mundo, incluindo gigantes como Microsoft, Etsy, Twitch, PayPal e Whole Foods.

Agilidade, segurança e custo operacional menor são razões pelas quais consumidores e empresas comecem a adotar criptomoedas.

A adoção, no ano passado, do BTC como moeda legal pelo governo de El Salvador, país da América Central, junto a outros projetos importantes no ecossistema cripto, fez com que aumentasse o interesse, tanto de grandes quanto de pequenas empresas, em fazer transações financeiras (pagamentos e recebimentos) por meio de moedas digitais.

O movimento é importante porque as pessoas começam a olhar as criptomoedas como substitutas do dinheiro oficial e das notas impressas em papel – moedas representativas do dólar, do euro, do real e de tantas outras emitidas pelos seus respectivos bancos centrais. Até 2021, a população em geral via criptomoeda como um ativo para investimento como são as ações na Bolsa de Valores, e não como um meio para as compras do dia a dia.

Impacto das criptomoedas no sistema monetário

E isso deve impactar bastante o sistema monetário internacional, pois as criptos não são emitidas pelos bancos centrais. São moedas descentralizadas, embora possam estar lastreadas em outros ativos. Ao analisarmos o uso das cinco principais criptomoedas para pagamentos nos primeiros meses de 2022, já conseguimos perceber como se dão a evolução e as mudanças dentro do próprio segmento.

O primeiro ponto a se observar envolve a cultura de pagamentos. Mais pessoas físicas querem gastar suas criptomoedas da mesma forma que usam moedas fiduciárias. De janeiro de 2021 até março de 2022, o número mensal de transações por meio de criptos cresceu 32,52%. Já o volume financeiro transacionado dobrou, considerando o mesmo período. Claro que grandes marcas e até mesmo pequenos comerciantes estão de olho e começam a se preparar para capturar esse novo grupo de clientes.

Escolha da criptomoeda

A escolha do tipo de criptomoeda para fazer o pagamento também chama atenção. Líder desde sempre, o Bitcoin (BTC) mantém a primeira colocação, mas perdeu bastante espaço em 2022. No primeiro trimestre do ano passado, o BTC respondeu por quase três quartos do volume total processado, exatamente 74,1%. No entanto, nos três primeiros meses de 2022, reduziu sua posição para 35,6%, o que representa quase um terço do volume total. O mesmo acontece quando a análise é baseada no número de transações: o BTC representava 53,6% do total e neste ano o percentual caiu para 30,2%.

A segunda criptomoeda mais usada foi o Tether (USDT). Entre janeiro e março de 2021, representava 10,4% do volume total e, no mesmo período deste ano, saltou para 46,7%. No ano passado, o USDT representava 4,1% das transações e agora representa 35,3%. Curiosamente, o Tether é uma cripto do grupo das stablecoins garantidas com moeda fiduciária. Um token Tether é atrelado ao dólar americano e mantém uma proporção de um por um em termos de valor.

É uma moeda projetada para fornecer a ponte necessária entre moedas fiduciárias e criptomoedas, oferecendo estabilidade, transparência e custos de transação mínimos aos usuários. Isso pode explicar por que essa moeda é cada vez mais usada. Apesar de digital, ela funciona como se fosse uma cédula em papel, facilitando a compreensão e a própria operação.

Por muitos anos, o Ethereum (ETH) foi a segunda moeda mais usada. Porém, em 2021, começou a perder espaço para o Tether como meio de pagamento e caiu para a terceira colocação. No ano passado, representava 10,3% do volume total de pagamentos e 17,1% do total de transações. Neste ano, contudo, apresentou queda, registrando, respectivamente, 7% e 13,3%.

O Litecoin (LTC) aparece na sequência, com 7,5% do volume total no primeiro trimestre de 2022, bem acima dos 2% do ano passado. Quanto ao número de transações, estava em 9,5% e saltou para 13,5% este ano. Por fim, a quinta moeda virtual mais usada no mundo para pagamento é o Dogecoin (DOGE), que representava 0,9% do volume total e caiu para 0,4%. O DOGE também encolheu em transações: de 10,2% para 3,9%.

Razões para adotar criptomoedas

Agilidade, segurança e custo operacional menor são algumas razões pelas quais consumidores e empresas comecem a aceitar criptomoedas em suas transações financeiras. Há uma clara disrupção no mercado financeiro e até mesmo a preferência pelo BTC começa a mudar. Talvez porque o público em geral já tenha entendido os objetivos da criação de cada criptoativo.

Enquanto o USDT surgiu para funcionar de forma parecida à moeda tradicional, o BTC, por exemplo, que, devido à sua escassez, pode ser considerado mais como ativo de investimento do que moeda para transação diária. O fato é que não dá mais para ficar fora desse mercado.

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