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Indústria 4.0 do agronegócio brasileiro: como a tecnologia e o crédito digital impulsionam o setor?

Por: Robson Rizzon

Chief Commercial Officer da Orbia

Tem mais de 20 anos no setor agroindustrial e é CCO da Orbia no Brasil. Formado em Direito (AVEC), Administração (FADEP) e Técnico em Produção Agrícola (Colégio Agrícola Camboriú), atuou em empresas como Souza Cruz, FMC, Central Agrícola e Lavoro Agro, desenvolvendo estratégias comerciais de sucesso. Também é produtor rural de soja e milho e quer aproximar a Orbia dos agricultores, oferecendo soluções inovadoras e personalizadas. Além disso, sua liderança em campanhas e vendas buscará mostrar o valor agregado dos produtos e serviços da marca no cotidiano do campo, fortalecendo a parceria com o produtor rural.

A digitalização do agronegócio já não é mais uma tendência – é uma realidade que transforma profundamente o setor. Um estudo realizado pela pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB), Maira de Souza Regis, revelou que mais de 95% dos produtores rurais do Brasil utilizam algum tipo de tecnologia digital. O destaque é para o uso de softwares e aplicativos, utilizado por mais de 70% dos produtores. As soluções digitais para o agro incluem desde o controle do fluxo de caixa ao planejamento anual e telemetria, além de tecnologias como drones e sensores de vegetação. A nova geração de agricultores, com alta escolaridade e foco em culturas como soja, milho e feijão, lidera a digitalização, especialmente no manejo agrícola.

Saiba como o crédito digital está impulsionando a transformação tecnológica no agronegócio, trazendo inovação, eficiência e inclusão digital para produtores rurais.

Os benefícios do crédito digital para o agronegócio

Tornar o agronegócio digital atrela-se à busca por maior eficiência, expansão dos negócios e controle de custos. Utilizar crédito digital pode acelerar essa mudança, uma vez que ele oferece aos agricultores acesso simplificado, ágil e personalizado a financiamentos. Uma de suas principais vantagens para o produtor rural é conseguir, em um único ambiente digital, comparar diferentes ofertas, taxas e modalidades de financiamento, com pré-aprovações que consideram dados específicos da propriedade e do produtor – seja para custeio, investimentos ou seguros agrícolas. Esse processo, simplificado por assinaturas digitais e integração de informações via plataformas de marketplace, permite que agricultores com diferentes perfis encontrem soluções sob medida para suas necessidades. A personalização ocorre via tecnologias como inteligência artificial e análises preditivas, que ajustam taxas de juros e condições de pagamento de acordo com o perfil de cada cliente.

Desafios e oportunidades da digitalização no campo

Porém, mesmo com avanços significativos na transformação digital do agronegócio, persistem desafios importantes. A conectividade limitada atinge cerca de 84% das propriedades rurais do país, impactando principalmente os pequenos e médios agricultores. Os dados são de uma pesquisa realizada pela KPMG, em parceria com a Sociedade de Engenheiros da Mobilidade do Brasil, que mostrou que apenas 16% têm acesso à conexão de internet de qualidade. O avanço da tecnologia no campo é promissor e fundamental para superar as barreiras que ainda limitam o potencial produtivo e competitivo do agronegócio brasileiro.

Investimentos em infraestrutura digital, aliados a políticas públicas e privadas, podem dar a mais produtores acesso a tecnologias que otimizam o manejo agrícola, reduzem custos e aumentam a produtividade. Com soluções que vão desde aplicativos de gestão até drones e sensores, o agro digital se posiciona como um aliado indispensável para enfrentar os desafios de um setor cada vez mais exigente e globalizado. O crédito digital pode contribuir significativamente para a melhoria da conectividade no campo, pois facilita o acesso dos produtores a recursos financeiros para investir em infraestrutura tecnológica, como a instalação de redes de internet, aquisição de antenas e roteadores, além de contratar serviços de conectividade mais avançados. Ao simplificar e agilizar o processo de obtenção de crédito, as plataformas digitais permitem que diversos perfis de produtores tenham acesso a soluções que ampliam a conectividade, promovendo inclusão digital e fortalecendo a transformação tecnológica no agronegócio.

O Plano Safra 2023/24, por exemplo, atingiu, entre julho de 2023 e fevereiro de 2024, 67% do montante que foi programado para a safra para todos os produtores – pequenos, médios e grandes, totalizando R$ 293,1 bilhões, e isso foi possível principalmente pelos mais de R$ 211,7 bilhões de financiamentos de crédito rural que foram liberados pelas instituições financeiras. Com o crédito, os produtores conseguem inovar, trazer mais assertividade e de forma mais preditiva, ou seja, de forma mais preventiva. Com acesso a dados e informações, além de muita tecnologia envolvida nos algoritmos, é possível indicar não só o melhor insumo, mas o melhor momento de aquisição de um crédito personalizado, além de prever o melhor tipo de moeda para se fazer aquela operação naquele momento, de forma muito personalizada, muito específica para cada perfil de agricultor, cultura e região determinada.

Ao facilitar a tomada de decisão e reduzir custos operacionais, o crédito digital contribui para uma gestão mais profissional das propriedades rurais. Exemplos de sucesso já se multiplicaram, desde operações de barter até financiamentos para a aquisição de insumos e maquinário – ferramentas essenciais para agricultores que buscam aumentar sua competitividade e eficiência em um mercado cada vez mais exigente e dinâmico. Em suma, o crédito digital é mais do que uma alternativa ao modelo tradicional: é uma alavanca para o crescimento sustentável do agronegócio brasileiro. À medida que novas tecnologias emergem e a conectividade rural se expande, o crédito digital consolida seu papel como um aliado indispensável do produtor brasileiro, fortalecendo não apenas o campo, mas toda a economia nacional.