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Fazer a feira online caiu no gosto dos brasileiros

Por: Bernardo Carneiro

Formado em Administração com Ênfase em Finanças e Mestre em Estratégia pelo IBMEC, também é graduado pela Harvard Business School (OPM 49). Possui mais de 15 anos de experiência em e-commerce, participou da fundação da Braspag, Netcredit, MoIP e Site Blindado. Atualmente é sócio diretor na Stone Pagamentos.

Era questão de tempo para que o consumidor descobrisse a praticidade de “fazer a feira” ou “ir ao mercado” via internet, mas é fato que a pandemia acelerou o processo de adoção. O que estava previsto para acontecer em cinco anos, virou realidade em cinco meses. Pesquisa recente realizada pela Linx e a Mercadapp constatou um crescimento de 900% na compra de alimentos em plataformas digitais, liderados por frutas e hortaliças.

Não por acaso, muitas empresas embarcaram nesta tendência. Uma delas foi o iFood, que passou a oferecer a opção supermercado em seu aplicativo. Outra foi a LivUp, famosa pela venda de pratos congelados, que começou a disponibilizar itens de supermercado. E ainda posso citar a Shopper, que já era supermercado e passou a vender produtos frescos; ou a Americanas, que de olho na tendência, anunciou a compra do Hortifruti Natural da Terra. A empresa é um case de sucesso no setor sendo o supermercado com a maior penetração online em suas vendas. Eles também foram criativos na digitalização da geração 60+, que pode efetuar as compras pelo WhatsApp, tendo um contato direto com os shoppers para que a fruta ou o legume seja do jeito que ele desejar.

A intenção por trás da tendência é entrar no mercado de produtos frescos, que são comprados com maior frequência por terem um tempo de validade menor. E realmente as oportunidades abertas são enormes. Nesse cenário, diversos modelos criativos podem ganhar espaço:

  • Serviços de assinaturas para receber os produtos em casa de forma automatizada, sem precisar fazer a compra manualmente. Só é preciso definir se os itens devem ser entregues semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente.
  • Live commerce: apresentação dos produtos frescos preparando uma receita, e no mesmo vídeo vender todos os itens do preparo preenchendo automaticamente o carrinho de compras.
  • IOT: equipamentos nas casas dos clientes que fazem a leitura dos itens descartados, para preencher o carrinho de compras automaticamente.
  • WhatsApp: como canal de venda assistida, pois aqui o cliente pode falar com o vendedor e discutir qualquer questão relacionada ao pedido. Assim, aumenta o ticket e a satisfação do comprador, que também sente que está participando do processo de compra.

Como toda mudança drástica, o processo de digitalização da venda de frescos tem seus desafios. A frustração pós-compra é mais comum, pois como não é o comprador que seleciona os itens, o produto pode chegar diferente do esperado. Um exemplo do que poderia acontecer, é o cliente pedir uma fruta e ela chegar verde ou de um tamanho distinto do que ele esperava. Outro ponto que deve ser tratado com cuidado é o transporte, pois produtos frescos são difíceis de armazenar e estragam facilmente. Por isso, dependendo do que estiver sendo levado até o cliente, os carros deverão ser refrigerados e manuseados com extremo cuidado.

Além disso, o comportamento dos compradores muda em caso de eventos importantes, podendo causar uma alteração brusca na demanda. Isso acrescenta uma camada a mais de complexidade ao negócio. Para resolver essa questão, logtech’s têm sido muito utilizadas no setor. Assim, se em um dia forem feitos 100 pedidos, e no dia seguinte, 500, fica fácil aumentar o número de carros a serviço da empresa sem pressionar as despesas fixas desse novo canal.

Apesar dos desafios, as oportunidades são muitas. Aproveitará mais quem sair na frente e conseguir se antecipar ao desejo do consumidor. Neste novo mercado, o timing faz diferença, afinal, quanto mais fresco, melhor.