Diferente da tímida evolução da nossa malha ferroviária e rodoviária, o setor de condomínios logísticos que começou a conquistar seu espaço na década de 90 vem registrando um grande crescimento. Durante a pandemia, enquanto muitas empresas diminuíam seu ritmo, o setor apresentou um grande aumento no número de aluguéis. Muito disso, portanto, se deve ao aumento do e-commerce no período.
Os galpões voltados para o e-commerce são conhecidos como Centros de Distribuição (CDs). Geralmente utilizam um processo logístico chamado de armazenagem de passagem, o cross docking — neste, os materiais após conferidos, separados e reembalados, são enviados nesta ordem diretamente ao comprador em um fluxo contínuo, semelhante a filosofia just in time.
O nome cross docking vem do fato dessa operação possuir duas docas laterais em lados opostos. Neste caso, um dos lados é responsável pelo recebimento enquanto o outro pela expedição. Esse sistema visa diminuir a estocagem, mas pode ter objetivos diferentes, como consolidar cargas, reduzir custos, etc.
Não só importantes pela agilidade e economia, os CDs contribuem para resolver gargalos logísticos, como tempo de entrega e custos de armazenamento. Isso é ideal para o e-commerce que busca eficiência em suas operações de transporte e armazenamento. Afinal, agiliza a fase final do ciclo logístico, aumentando a competitividade e tornando os prazos de entrega muito mais curtos. Em alguns casos, levando menos de 24hs.
Armazenagem de carga em locais estratégicos
Embora possa existir inúmeras classificações para um galpão logístico ou CD, sua função principal é uma só: armazenagem de carga em locais estratégicos.
Importante dizer que armazenagem e estocagem não são a mesma coisa. Enquanto estocagem cria um estoque de produtos, a armazenagem é o processo de armazenar mercadorias movimentadas com frequência. Por isso a importância dos CDs serem construídos em locais estratégicos.
Quando digo locais estratégicos, refiro-me ao fato da área de armazenagem estar próxima das regiões metropolitanas. Os centros urbanos ainda possuem muita capacidade construtiva e acabam sendo um diferencial competitivo em escala nacional.
Por conta disso, grandes players de e-commerce estão focando seus investimentos em centros de distribuição próximos dos principais pontos de consumo espalhados pelo país.
A expansão destes armazéns mais urbanos vai além de apenas tornar as grandes varejistas cada vez mais independentes de outros serviços de entregas externos. Ela também tem como objetivo expandir suas operações com galpões menores em regiões urbanas próximas de suas lojas.
A competição entre os CDs com sistemas logísticos mais eficientes
A empresa Via varejo, por exemplo, possui o segundo maior centro de distribuição do mundo e o maior da América Latina, instalado em Jundiaí (SP). Para esse ano, ela anunciou um investimento de R$ 13 milhões em dois novos CDs: um no Rio de Janeiro e o outro em Hidrolândia. Sem contar a ampliação do seu CD de Cachoeirinha (RS).
Recentemente, a Magazine Luiza inaugurou um novo centro de distribuição no Rio Grande do Sul — e anunciou a instalação de um novo CD na cidade de Gravataí, que já se encontra na fase final de construção. Lembro que a empresa já possui dezenas de CDs, além das 1.300 lojas espalhadas pelo país.
Isso porque eu nem citei Amazon e Mercado Livre, que já adotaram essa estratégia há mais tempo. Os novos centros de distribuição são um grande diferencial competitivo entre as varejistas que visam aumentar o reconhecimento de suas marcas através de entregas cada vez mais rápidas.
Dentro dessa estratégia urbana ainda ressalto a possibilidade de aquisição de pequenas lojas próximas da falência, ou processos de fusão e aquisições de empresas de tecnologia e logística.
Conclusão: isso tudo torna a competição entre as gigantes do comércio online cada vez mais acirrada. Dentre outras coisas, posso dizer que o diferencial acaba sendo a eficiência dos CDs em seus sistemas logísticos.