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Desafios para o supermercado online

Por: Leandro Alves

Consultor de Varejo Digital, Desenvolvimento de Negócios e Transformação Digital. Membro do Conselho de Curadoria da E-Commerce Brasil.

Eu sempre gostei de compartilhar conhecimento e experiências. Entendo que essa é uma forma de retornar para a sociedade parte do que ela me proporcionou adquirir. Foi assim que me aproximei do E-Commerce Brasil e tive a oportunidade de escrever artigos, palestrar, ser apresentador, participar do Conselho de Conteúdo dos Eventos e muito mais.

Contudo, por uma série de motivos, nos últimos anos, praticamente não escrevi para este portal. Mas também nunca deixei de acompanhar as preciosidades do Marcelo Linhares, Mauro Tschiedel, Erick Melo, Leonardo Naressi, Jean Makdisse, Anthony Long e tantos outros.

Este mês, a pedido (e por que não intimação) da Vivianne Vilela, estou me juntando a esses profissionais que admiro para falar de um segmento que vem se destacando: o de Alimentos e Bebidas.

Vendas decolaram na pandemia

Ainda que a venda online de Alimentos e Bebidas seja incipiente em toda América Latina quando comparamos com o resto do mundo, ela decolou durante a pandemia. A experimentação forçada pelo fechamento de vários estabelecimentos físicos de outros segmentos e pelos lockdowns ao redor do mundo elevou a penetração online global de Grocery a um pico de 10%1.

Mesmo com o esperado recuo para algo em torno de 7,5% de share em 2021-2022, o segmento está com tração elevada e é previsto que ele cresça mundialmente a uma taxa anual de 25% até 2030, alcançando um valor estimado de US$ 2,1 trilhões2.

Desenvolvimento distinto nas diversas partes do mundo

Outro ponto relevante na análise é que esse desenvolvimento não tem a mesma velocidade em todo o globo, estando distribuído de forma bastante díspar entre as regiões. Na Ásia, a penetração alcançou 15,3% em 20213, já na América Latina essa participação foi de somente 0,9%. Contudo, observa-se na prática que as empresas com canais de vendas digitais já estabelecidos apresentam uma participação mais acentuada desse canal, em torno de 2,5%. Em outras palavras, o share médio do online é reduzido pelo fato de um relevante número de empresas que ainda não venderem online.

Isso pode ser exemplificado no ramo supermercadista4, em que apenas 1/3 (36%) das empresas vendem através de e-commerce (próprio, marketplaces e/ou aplicativos de entregas) e um pouco mais, 46%, utilizam-se de aplicativos de mensagem para capturar pedidos.

De imediato, isso traz uma grande oportunidade de desenvolvimento para o segmento. Ao mesmo tempo, demonstra o longo caminho que deve ser percorrido até se igualar às referências mundiais. Todavia, na construção desse caminho, é importante sempre colocar o cliente no centro das estratégias e entender as suas necessidades e o seu comportamento.

Cliente é o foco

No caso de Alimentos e Bebidas, é sabido que a experiência sensorial é importante e que as lojas físicas, ainda que tenham que alterar o seu papel na jornada do consumidor, nunca deixarão de existir e se manterão como a principal opção de compra5 do consumidor.

Mas, superado esse entendimento, o aumento da frequência de compras e do número de consumidores online6 será alavancado pelas soluções que as empresas trarão por meio de temas como taxa de entrega, qualidade dos produtos frescos, disponibilidade de mix online, pedido mínimo e tempo/janelas de entrega.

Mas esses serão temas para os próximos artigos.

1 – Mastercard Economics Institute.
2 – Global Online Grocery Market (2022 – 2030) – Research and Markets – Jun/22.
3 – Winning Omnichanel Report 2022 – Worldpanel Division, Kantar & GFK & Intage; NilsenIQ-Abras.
4 – Ranking ABRAS 2022.
5 – Investigation of online grocery shopping and delivery preference before, during, and after Covid-19 – Hui Shen – Elsevier.
6 – McKinsey – The next horizon for grocery e-commerce.