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Crise na Americanas: um ponto de vista feito para vendedores e parceiros do marketplace

Por: Cláudio Dias

Co-founder e CEO da Magis5

Co-founder e CEO do Magis5, possui vasta experiência em varejo e e-commerce. Formado em Direito e com MBA, também tem uma formação consolidada em gestão e governança de empresas tech.

Nos últimos dias, fomos bombardeados sobre a atual situação da Americanas S.A., a qual, atualmente, soma um prejuízo estimado em R$ 40 bilhões relacionados a dívidas a seus credores.

Uma análise da crise das Americanas e como isso afeta o desempenho e a confiança de quem vende no marketplace.

A crise na Americanas deve ser vista como um desafio para vendedores e parceiros do marketplace. A empresa enfrenta problemas financeiros e operacionais, o que pode afetar o fluxo de pedidos e pagamentos. No entanto, é importante lembrar que as dificuldades da empresa não significam necessariamente o fim das oportunidades para os vendedores e os parceiros, nem mesmo o fim da empresa. É importante continuar a se concentrar em oferecer produtos e serviços de qualidade, manter boas práticas de negócios, comunicar-se regularmente com a Americanas e acompanhar o desenrolar da situação.

Não queremos aqui discutir as razões nem as questões de governança da companhia; queremos sim discutir qual vai ser o impacto para os vendedores, e se isso vai levar a uma crise de confiança tanto por parte dos sellers como por parte dos clientes.

Histórico

As Lojas Americanas são um dos principais marketplaces do Brasil, tendo uma forte presença no mercado de e-commerce e uma ampla variedade de produtos. Hoje, elas contam com mais de 100 mil lojistas, o que as coloca entre as cinco maiores do Brasil.

Essa não é a primeira grande crise da companhia: vale lembrar que em 2022 a empresa já tinha presenciado uma crise após um ataque cibernético, que fez os seus canais ficarem quatro dias fora do ar, o que causou um prejuízo aproximado de quase R$ 3,5 bilhões.

Para termos uma noção do impacto, o valor das ações caiu 11,6% em poucos dias, chegando a R$ 29,79. E, mesmo após a resolução, a insegurança dos investidores fez com que, um mês após a crise, esse valor continuasse a despencar e chegasse a R$ 23,25.

Assim como em 2022, essa crise chegou no primeiro trimestre do e-commerce, o qual não é um período de maior pico de vendas para o segmento. Todavia, esse rombo tem proporções muito maiores do que anteriormente.

Agora, é preciso voltar a atenção para aqueles que vendem na Americanas S.A. e para o quanto isso pode afetar seu desempenho.

Como ficam o desempenho e a confiança para quem vende no markeplace?

Primeiramente, sabemos que eventos como esse afetam a confiança dos vendedores do marketplace com possíveis perguntas a respeito de repasses, por exemplo. Além de, claro, o público em geral, ao ver notícias a respeito da Americanas, desconfiar e se questionar se deve mesmo comprar na plataforma.

Colhendo dados do hub de automação da Magis5, que integra lojistas a marketplaces, observamos o comportamento de nossos usuários na Americanas S.A.

Vemos que não houve alterações significativas no número de vendedores e anúncios ativos, porém, comparando o dia 15 de janeiro com a semana anterior antes do anúncio, vemos uma queda de 28% no GMV no marketplace na base do hub.

Não podemos ignorar que os recentes eventos afetaram o faturamento de lojistas nos últimos dias na plataforma, mas também há outras variações que podem influenciar, como a própria queda comum no primeiro trimestre para o e-commerce.

Entretanto, é preciso reiterar a importância para empreendedores estarem em mais de um marketplace, para que ações como essa não os impactam fortemente, e lembrar que casos como o da Americanas ocorrem no cenário internacional e nacional, sendo, infelizmente, mais comuns do que pensamos.

Não há necessariamente o que aprender com todo o cenário que está acontecendo, apenas que devemos respeitar os milhares de funcionários que podem perder o emprego em meio a essa crise, assim como os lojistas parceiros que dependem do marketplace para ter rentabilidade.

Se o objetivo da Americanas é sobreviver em meio a esse cenário, é necessário priorizar os pagamentos aos sellers de sua plataforma. Caso contrário, os sellers rapidamente deixarão de vender, migrando para outros canais. É muito importante que a companhia consiga passar por esse momento crítico e volte a crescer. Afinal, muitos vendedores brasileiros têm o marketplace da Americanas como um canal relevante e importante para seus negócios.