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Consumidor digital: quem está por trás das telas?

Por: Adriano Greca

É Diretor de Operações da Vértice Embalagens e gestor especialista em negócios B2B.

A pergunta mais desafiadora para quem atua no varejo, atualmente, é descobrir qual é o perfil – ou os perfis – do consumidor moderno no Brasil. O comércio digital e, principalmente, a pandemia de Covid-19 trouxeram novos paradigmas ao mercado, que vem buscando essas respostas em um terreno ainda nebuloso. Empresas de consultoria e institutos de pesquisa têm se dedicado a fazer esse mapeamento.

Quando o assunto é o consumidor, fica claro que, por mais subsídios que esses levantamentos forneçam às empresas e aos profissionais que atuam no e-commerce, está cada vez mais comprovado que é a partir da prática diária, do contato próximo do cliente, do produto oferecido e do nicho que será atingido que serão obtidas essas respostas.

Empresas que têm valores claros e agem com transparência estão mais propensas a acertar o tom do discurso com seus públicos e obter os melhores resultados em vendas.

O marketing digital – que envolve uma série de estratégias para chegar ao público-alvo de um produto – costuma criar as “personas” para elaborar o caminho para chegar às pessoas com aquele perfil desejado.

São representações fictícias dos potenciais consumidores, criadas para ajudar as empresas a entender melhor seu público-alvo. Elas representam um ou mais grupo de pessoas que guardam características e comportamentos semelhantes, principalmente no que diz respeito ao comportamento na hora da compra. Essas personas estão embasadas em pesquisas de mercado, dados demográficos, interesses e comportamento dos clientes reais.

Único perfil de consumidor?

Com tantas informações disponíveis, não se pode mais falar em um único perfil de consumidor. Trata-se de um sujeito que precisa ser analisado no plural!!! Isso porque, em uma sociedade diversa e múltipla, todos os consumidores precisam se sentir representados e celebrados. E são as empresas que estão sensíveis para captar essas diferenças que estão conseguindo se destacar no mercado e oferecendo não só produtos diferenciados, mas principalmente uma comunicação assertiva com seus clientes potenciais.

Veja alguns exemplos de campanhas de comunicação recentes que tiveram uma ampla abrangência, alcançaram vários perfis de consumidores e geraram impacto positivos para as marcas:

– Natura: quando o assunto envolve as estratégias de comunicação, a Natura vem oferecendo bons exemplos de sucesso. Em 2019, com a campanha “Toda Vida é um Jardim”, a gigante de cosméticos destacou a importância da biodiversidade e da sustentabilidade, alcançando um grande público nas redes sociais e nos veículos tradicionais de comunicação, o que resultou em um aumento significativo nas vendas. No ano seguinte, com a campanha “Toda Beleza é Natural”, o objetivo da empresa foi celebrar a diversidade e a beleza natural de todos os tipos de corpos. O sucesso da campanha foi tanto que ganhou destaque na mídia nacional e internacional, gerando muita repercussão e engajamento nas redes sociais.

Magazine Luiza: o Magazine Luiza lançou a campanha “Vem ser feliz” em um momento em que a empresa buscava expandir sua presença no mercado e enfrentava a concorrência cada vez mais acirrada do comércio eletrônico. Com a campanha, buscou se diferenciar ao fortalecer sua identidade de marca e seus valores. Foram realizadas ações em diversas plataformas, incluindo as redes sociais e a própria loja online, o Magalu. O resultado ajudou a apoiar o crescimento do Magazine Luiza nos anos seguintes, e a empresa se tornou uma das maiores varejistas do Brasil e expandiu sua presença para outros países da América Latina.

O que se percebe com essas estratégias da Natura e do Magazine Luiza é a atenção ao crescimento das plataformas digitais e ao investimento na diversidade das tais personas. Mais uma vez: são muitos os públicos que podem ser atingidos!

Entre os fatos concretos, é possível afirmar que não existem padrões pré-estabelecidos ou roteiros a serem seguidos, apenas tendências que mostram consumidores muito mais conectados e preocupados com questões referentes ao clima, à sustentabilidade e à diversidade – no amplo aspecto da palavra.

Consumidor em constante transformação

O aumento contínuo da conectividade e da tecnologia vem transformando o consumidor – e os consumidores em geral – em um cidadão altamente digitalizado, que usa ferramentas como inteligência artificial e realidade virtual em seu cotidiano para explorar as informações a respeito daquilo que busca consumir.

Outra questão que vem ganhando força é o fato de, independentemente de características sociais, os consumidores estarem mais conscientes ambiental e socialmente. Tendem buscar empresas com as quais estão alinhados, seguem seus valores e têm um impacto positivo no mundo. Em um futuro próximo, isso deve refletir no aumento do interesse por produtos éticos, desenvolvidos a partir de processos sustentáveis e por empresas que valorizam a transparência.

O Brasil tem hoje cerca de 200 milhões de habitantes e, de acordo com o “Relatório Digital 2021: Brasil”, o número de usuários de internet no Brasil em janeiro de 2021 era de aproximadamente 151,3 milhões de pessoas. Ou seja, cerca de 70% da população do país está conectada e disponível para receber informações sobre os mais variados produtos e serviços.

Às empresas, a questão que fica é: qual parcela desse público querem atingir e de que forma? O mercado existe, e os consumidores estão apenas aguardando produtos e serviços inovadores que falem a mesma língua que eles.