Logo E-Commerce Brasil

Como aumentar seu faturamento sem gastar mais em tráfego?

Por: Fabio Ludke

Fabio Ludke é o Gerente de YouTube no Ecommerce na Prática, a maior escola de e-commerce do mundo. Empresário, consultor de Ecommerce e mestre em engenharia, Fabio atua no e-commerce desde 2018.

Ver página do autor

Você sabia que, de acordo com dados da Skai, o custo por clique em anúncios pode subir até 79% em datas promocionais? Isso significa que a disputa por atenção tem ficado ainda mais intensa no tráfego pago.

Mesmo assim, boa parte dos e-commerces continua usando as mesmas fórmulas de anos atrás, esperando resultados diferentes.

Mão apontando para tela de tablet ao entrar em loja online.
Imagem: Envato.

Enquanto isso, as operações que mais cresceram em 2024 – aquelas que já ultrapassaram os R$ 100 mil de faturamento mensal – não focaram em atrair mais visitantes… Focaram em vender mais e melhor para quem já estava dentro da loja.

Não se trata de tendências passageiras, mas de estratégias comprovadas por mais de 2.600 lojas analisadas no NuvemCommerce 2025.

Então, vamos entender que estratégias são essas?

Quais os principais desafios de grandes empresas?

À medida que o faturamento aumenta, os obstáculos deixam de ser operacionais e passam a ser mais estratégicos.

No topo da lista dos desafios enfrentados por lojistas está o marketing: 43% dos que faturam mais de R$ 100 mil/mês têm como maior problema o alto custo de aquisição. E mesmo com maior maturidade, 23% ainda lidam com taxas de conversão abaixo do esperado.

Isso escancara uma verdade incômoda: aumentar o investimento não garante retorno se a jornada de compra continuar ineficiente.

Aqui estão alguns dados do NuvemCommerce que expõem o cenário:

– 43% consideram o custo em marketing um desafio central;

– 23% ainda sofrem com baixa taxa de conversão, mesmo com operações estruturadas;

– Entre empresas que faturam até R$ 5 mil/mês, esse número salta para 61%;

– 60% já ultrapassaram a marca de R$ 5 mil mensais em anúncios.

Como aumentar seu faturamento sem gastar mais em tráfego?

Neste ponto do artigo, você já entendeu que aumento no orçamento publicitário, por si só, não resolve problemas crônicos de conversão.

As marcas mais resilientes são aquelas que tratam o investimento como parte de um ciclo contínuo de melhora.

Agora, vamos mostrar algumas estratégias aplicadas por empresas que aprenderam a crescer sem depender da variação diária do CPC.

1. Venda mais para quem já está na sua loja

O maior erro da maioria das operações não está na falta de tráfego, mas na subutilização dele.

Em vez de insistir em atrair mais visitantes, as marcas que crescem com consistência priorizam o aumento do ticket médio dentro da base atual.

Essa virada de chave começa com um dado revelador: em 2024, o ticket médio do e-commerce brasileiro atingiu R$ 247,60 – 16% a mais que em 2023.

Mas quais as ferramentas que lojistas têm para usar melhor o tráfego que já conseguem?

Aqui vão algumas ideias:

– Kits de produtos, por exemplo, foram utilizados por 39% dos lojistas Nuvemshop que faturam acima de R$ 20 mil por mês;

– Ofertas-relâmpago também entram como alavanca. As lojas que aplicaram campanhas com duração de 24 a 48 horas, focadas em produtos de alta demanda ou estoque parado, elevaram suas taxas de conversão;

– O frete grátis escalonado (que requer definir um valor mínimo para liberar o frete) também ajuda o aumento natural do valor do carrinho.

2. Use o que você já sabe sobre seus clientes

No e-commerce, todo clique deixa um rastro.

Navegação, produtos visualizados, categorias preferidas, origem do tráfego, tempo de permanência – cada dado forma um mapa de comportamento.

O problema é que boa parte das lojas ainda trata esses sinais como ruído, e não como insumo para personalização.

O Facebook Ads, por exemplo, permite criar campanhas segmentadas com base no seu perfil de cliente, usando o Pixel.

Isso sem falar em outras ferramentas, como as automações de e-mail marketing.

Só para você ter uma ideia, de acordo com o NuvemCommerce, 15% das vendas da Black Friday de 2024 foram impulsionadas por automação de marketing.

3. Aumente o LTV com estratégias simples de fidelização

O LTV (Lifetime Value) é o valor total que um cliente gasta em sua loja durante todo o relacionamento com a sua marca. Ou seja, é o quanto ele contribui para o seu faturamento desde a primeira compra até a última.

Existem diversas maneiras de fortalecer o relacionamento com seus clientes e aumentar o LTV.

Veja algumas delas:

Cashback com validade curta (30 dias)

Com o cashback você devolve parte do dinheiro para o cliente. Se ele tiver um prazo curto para usar, volta a comprar mais rápido.

Mas quais os benefícios dessa estratégia?

– A validade curta incentiva o cliente a comprar com mais frequência, o que contribui diretamente para o aumento do LTV;

– A comunicação sobre o cashback com prazo de validade mantém o cliente engajado com a sua marca, pois ele fica atento às oportunidades de utilizar o benefício;

– Você pode aproveitar a estratégia para promover produtos relacionados à compra anterior do cliente ou oferecer opções de maior valor, aumentando o ticket médio.

Programas de pontos simples e diretos

A beleza dos programas de pontos está na sua simplicidade.

As regras são fáceis de entender e aplicar: a cada compra, o cliente acumula pontos, que podem ser trocados por benefícios.

Mas para criar um programa de pontos que realmente traga resultado, existem algumas boas práticas:

– Defina uma regra de acúmulo simples (por exemplo, cada R$ 1 em compras equivale a 1 ponto, ou o que fizer sentido para sua empresa) e um catálogo de recompensas claro, com opções variadas;

As recompensas devem ser relevantes para o seu público. Descontos, frete grátis, brindes exclusivos, acesso antecipado a lançamentos, produtos ou serviços gratuitos são algumas opções;

– Mantenha o cliente informado sobre seu saldo de pontos, as recompensas disponíveis e as oportunidades de acumular mais pontos.

Grupos VIP no WhatsApp ou Telegram, com ofertas exclusivas

Ao convidar clientes selecionados para fazer parte de um grupo restrito, você os faz sentir especiais e valorizados.

E essa valorização, por sua vez, traz maior engajamento e lealdade. Para fazer esses grupos darem certo, defina critérios claros para a participação.

Você pode, por exemplo, incluir clientes que já fizeram um determinado número de compras, que gastaram um valor específico ou que fazem parte de um programa de fidelidade.

Ali dentro, o conteúdo deve ser realmente diferenciado, com ofertas exclusivas de verdade e mensagens que facilitam o engajamento.

Algumas ideias são:

– Lançamentos antecipados;
– Enquetes sobre lançamentos futuros;
– Sorteios e promoções-relâmpago;
– E mais.

E-mails pós-venda com recomendações personalizadas

A compra não encerra na compra ou no recebimento do pedido por parte do cliente. As marcas que oferecem um bom pós-venda criam vantagem competitiva difícil de copiar.

Atualmente, o canal mais eficiente para isso continua sendo o e-mail – desde que bem segmentado.

Estratégias que funcionam bem nesse contexto:

– Criar fluxos automáticos de pós-venda com base na categoria do produto comprado;

– Aplicar testes A/B em linhas de assunto personalizadas com o nome do cliente e sugestão direta;

– Programar envios com base em ciclos de uso do produto (ex.: reposição em 30 dias para cosméticos ou pet food);

– Usar cupons restritos a clientes ativos em janelas de recompra específicas.

4. Use o upsell e cross-sell como armas

Como você já percebeu, aumentar o faturamento sem aumentar o tráfego depende de elevar o valor de cada pedido. Nesse ponto, upsell e cross-sell deixam de ser buzzwords e viram ferramentas.

Mas antes, entenda o que é cada coisa:

Upsell significa mostrar ao cliente um produto melhor do que aquele que ele está prestes a comprar.

– Cross-sell, por outro lado, sugere itens complementares que aumentam a lógica da aquisição.

O relatório NuvemCommerce aponta que lojas que implementaram recomendações personalizadas com base em IA registraram um aumento de mais de 20% na receita gerada pelas automações.

Essas práticas funcionam porque refletem comportamento real.

Clientes que visualizam determinado tipo de produto tendem a se interessar por upgrades ou acessórios que potencializam sua escolha.

5. Teste – não adivinhe

Em 2024, de acordo com estudo da Nuvemshop mais de 50% dos lojistas ainda não usavam recursos básicos como vídeos de produto, automações com IA ou testes A/B. Isso revela um problema estrutural: boa parte das decisões ainda nasce da intuição, não de dados.

Enquanto isso, as operações que mais escalaram aplicaram ciclos curtos de validação para cada iniciativa, antes de expandir.

Na prática, funciona mais ou menos assim:

– Quem quer testar um novo tipo de oferta primeiro executa um teste controlado para 5% da base ativa;

– Quem pretende mudar layout cria duas versões e roda um A/B com tráfego real;

– Quem quer testar um novo canal começa com uma fração do mix de produtos, não todos de uma vez.

Para colocar esses testes em prática, qualquer um deles, defina um objetivo claro antes de começar.

Crescer o ticket? Reduzir abandono? A meta é o que determina o teste.

Além disso, meça com disciplina. Decisões boas para o seu negócio dependem de dados limpos e bem analisados.

6. Crie uma estratégia que equilibra performance e posicionamento de marca

Marcas que realmente faturam no e-commerce são aquelas que conseguem equilibrar oferta com a comunicação de marca e de propósito.

E nós podemos ver isso no comportamento de empresas de alto faturamento. Além de investirem em mídia paga, elas priorizam ações que fortalecem o branding e aumentam a autoridade no setor.

Em 2024, redes sociais, performance e posicionamento formaram o tripé de marketing mais citado entre esses lojistas. Isso porque o branding bem executado reduz o custo de aquisição (CAC) ao longo do tempo.

Isso pode ser feito, por exemplo, com:

– Uso de conteúdo de marca (como bastidores, valores e visão de produto) em campanhas de aquisição;

– Integração de influenciadores reais com a rotina da operação, e não apenas com publis pontuais;

– Garantir que cada ponto de contato – e-mail, pós-venda, atendimento – reforce o mesmo discurso central.

A ideia é construir relevância para que, mesmo quando sua empresa não estiver investindo em anúncios, sua marca continue forte.

Isso tudo mostra que você não precisa triplicar seu investimento em tráfego para dobrar o faturamento.

Mas precisa, sim, otimizar cada etapa da jornada e fazer o máximo com o tráfego que você já tem.