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Antes de entrar na corrida da IA, e-commerces precisam organizar seus dados

Por: Luiz Fernando Ruocco

Nasceu no interior paulista, na pequena cidade de Águas de Prata. Em 2007, ingressou na Universidade Federal de São Carlos (UFScar) no curso de Engenharia de Materiais. Em 2014, entrou na Raccoon, onde ficou por cinco anos e por lá passou de estrategista de contas até gerente de marketing e mídia, sendo responsável por gerenciar os maiores clientes de varejo e sendo pioneiro na implementação de omnichannel em seus clientes e no Brasil. Em 2019, foi para outra empresa do Grupo Raccoon, a agência full digital Rocky - selecionada em 2021 como a quinta melhor empresa para trabalhar entre as Agências de Comunicação. Por lá, ajudou a transformar o time inicial de dez pessoas que hoje conta com mais de 250 colaboradores. A empresa se fundiu ao grupo S4 Capital, holding de publicidade digital fundada por Sir Martin Sorrell, passando a se chamar Rocky.Monks por um tempo, até a unificação das marcas Media.Monks no Brasil, quando assumiu como Manager Director em Sorocaba.

O varejo brasileiro vive um momento de questionamento sobre suas estratégias de marketing digital, e um dos principais debates é a respeito do uso de cookies de terceiros em navegadores. Está claro que contar com esses cookies já não é tão eficiente como antes, tanto que o Google anunciou o fim deles para o ano que vem. Nesse ponto, o que se coloca em discussão é o nível de maturidade digital no setor para realizar a mudança – que é incontestavelmente necessária para que as possibilidades oferecidas por ferramentas de inteligência artificial (IA) possam ser aproveitadas de fato.

Descubra como o varejo brasileiro pode aumentar suas receitas focando em estratégias comerciais simples e organização eficaz de dados, sem depender de tecnologias emergentes.

A principal mensagem é ser possível ter sucesso no digital sem dominar todas as tecnologias emergentes. Inovações são positivas para os negócios, mas não devem ser priorizadas se algo básico ainda precisa de atenção: a organização de dados.

Estratégia comercial x preocupação com tecnologia

No varejo brasileiro, temos um caso emblemático que ilustra como a estratégia comercial precisa vir antes da preocupação com a tecnologia. Com a ajuda da Media.Monks, uma marca conseguiu aumentar em 497% a receita obtida com a venda de uma determinada sandália graças a uma simples mudança: redução de apenas R$ 10 no valor mínimo para frete grátis.

O produto em questão, o mais vendido pela empresa, custava R$ 370, mas o frete só era oferecido gratuitamente quando o carrinho de compras chegava a R$ 380. Isso resultava em uma taxa de compra, após adição da sandália ao carrinho, de apenas 11%. Quanto o frete grátis foi reduzido para R$ 370, a taxa de compra do produto dobrou para 22%.

IA + dados

Para realmente utilizar IA de forma eficaz, precisamos garantir que todos os dados estejam organizados. IA não é algo que se pluga e resolve problemas automaticamente. Sem dados organizados, não se toma decisões eficazes. A coleta de dados hoje é feita por ferramentas como Google Analytics, criando um banco para se coletar informações de diferentes fontes, mas a responsabilidade pela organização é dos varejistas, e poucos estão preparados para esse desafio. O anúncio do Google para adiar o fim dos cookies para 2025 é um retrato desse atraso.

Um exemplo prático que se pode fazer é coletar dados para entender o comportamento do usuário e implementar soluções simples, como a redução do frete na análise do momento do abandono do carrinho, o que pode aumentar as vendas significativamente, como vimos no caso da varejista. Em um mundo sem IA, já é possível melhorar a performance digital com informações como frete e tempo de entrega. Com IA, a capacidade de decisão aumenta exponencialmente.

A inovação deve ser definida como a capacidade de resolver um problema de maneira nova, não especificamente por uma pessoa, um CEO ou um time comercial. O mercado brasileiro precisa entender: inovar deve ser uma prática cultural, impulsionada por quem está na linha de frente, resolvendo problemas do dia a dia. Sem uma organização eficaz dos dados, não há inteligência artificial que faça milagres.