A Olay, marca norte-americana de produtos para cuidados com a pele, oferece ao seu público o Skin Advisor, um aplicativo que detecta detalhes do rosto a partir de uma selfie, usando tecnologias de visão computacional. O sistema consegue recomendar produtos e tratamentos específicos em tempo real.
A performance desse aplicativo poderia ser avaliada apenas pela recorrência de compra: após quatro semanas de uso, 94% dos usuários continuaram consumindo a marca. Mas esse resultado não seria possível sem velocidade de processamento e capacidade para monitorar dados de interação do usuário no menor intervalo possível.
Esse foi o recado dado por Jomar Silva, Gerente de Relacionamento com Desenvolvedores para a América Latina da NVIDIA, em sua apresentação na 14ª edição do Fórum E-commerce Brasil. Conhecida por suas placas de vídeo de alta performance e qualidade gráfica, úteis para quem tem aplicações gráficas exigentes (como renderização 3D) e jogos, a empresa se tornou referência na produção de chips e tecnologias que apoiam o desenvolvimento de inteligências artificiais generativas.
Inteligência em toda a cadeia
Na visão da NVIDIA, o comportamento exigente do consumidor conectado faz com que toda a cadeia esteja sob pressão por eficiência e agilidade. Por isso, a adoção de tecnologias de IA, com foco em desenvolvimento de software, arquitetura de servidores e soluções em nuvem, pode atuar em todas as etapas do negócio.
Engenheiro eletrônico especializado em tecnologias opensource, Silva começou sua palestra explicando como a NVIDIA vem desenvolvendo sua arquitetura computacional em nuvem: as camadas de software baseadas em alto desempenho (HPC) e inteligência artificial se apoiam em uma camada de hardware. É nessa pilha que se apoiam os SDKs e frameworks que permitem o desenvolvimento de aplicações adaptadas às necessidades dos clientes.
Estas quatro camadas estão abertas a fabricantes de computadores, provedores de serviços e desenvolvedores. “Temos hoje mais de 150 SDKs e mais de 500 bibliotecas. Como fizemos esse desenvolvimento, nós conversamos com os usuários finais das nossas tecnologias para entender quais são as necessidades especificas pra gente descobrir como implementar isso”, explicou Silva.
Bibliotecas em código aberto
O discurso da palestra se baseou em algumas das soluções da NVIDIA que exploram o poder da aceleração para uma variedade de tarefas, desde treinamento de modelos de dados até inferências em tempo real — como no exemplo da Olay. A otimização da carga de dados para a memória da GPU, através do uso de bibliotecas abertas otimizadas, representa um ganho significativo de desempenho e eficiência no processamento. “Há casos em que o processamento de um dataset, que levava dez, quinze horas, caiu para um terço, um quarto do tempo”.
Silva destacou dois frameworks em sua fala: o RAPIDs, voltado para ciência de dados, e o Merlin, útil para sistemas de recomendação. “O RAPIDs, é um software de código aberto. Ele foi desenvolvido para resolver três grandes problemas: você perde muito tempo para fazer qualquer desenvolvimento, qualquer treinamento. Esse tempo implica diretamente em custo, não só computacional, mas também de pessoas envolvidas nesse desenvolvimento. Por fim, para o desenvolvedor, esse processo é muitas vezes frustrante”.
O Merlin também se baseia em código aberto para agilizar as etapas de tratamento de dados, treinamento de modelos e inferências. “Existem funcionalidades computacionais que faltam tanto em bibliotecas como TensorFlow e PyTorch, que não faziam sentido implementar isso dentro delas para uso específico em motores de recomendação. Por isso desenvolvemos toda essa biblioteca do Merlin”.
Convite aos desenvolvedores
Ao final, Jomar Silva lembrou que a NVIDIA oferece o Deep Learning Institute, uma área de treinamentos para quem deseja aprender estas e outras tecnologias. “Alguns treinamentos são pagos, mas vão economizar horas de estudos e de aprendizado. Esses treinamentos são feitos em GPUs e servidores da NVIDIA, em um cluster com ambiente profissional de produção”.
Para organizações, a NVIDIA também mantém o programa Inception, que apoia startups que trabalham com inteligência artificial. “Ajudamos essas startups a entender o funcionamento dos nossos frameworks, encontrar o framework que serve para a necessidade ou para a dor computacional delas”, finalizou.
Esse texto foi escrito por André Rosa, em cobertura especial para o Fórum E-Commerce Brasil 2023.