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Líderes do Mercado Livre, Raia Drogasil e GPA debatem características e tendências do varejo na América Latina

Por: Helena Canhoni

Jornalista

Bacharel em Comunicação Social pela ESPM. Experiência em tráfego pago, cobertura de eventos, planejamento de marketing e mídias sociais.

Fernando Yunes, vice-presidente do Mercado Livre Brasil, Marcilio Pousada, CEO da RD-Raia Drogasil e Marcelo Pimentel, CEO do GPA, foram convidados ao Latam Retail Show na última terça-feira (19) para debater as tendências do varejo na América Latina. 

Mediados por Marcos Gouvêa, diretor geral da Gouvêa Ecosystem, os executivos levantaram a importância do segmento de serviços para a sociedade, o impacto das novas tributações e a criação de marca própria. 

Fernando Yunes, Marcilio Pousada e Marcelo Pimentel participam do Latam Retail Show
Imagem: reprodução, Fernando Yunes, Marcilio Pousada e Marcelo Pimentel

Dando início às conversas, Pimentel comentou acerca da situação atual da marca. Passando por um processo de transformação, o grupo foca em retomar como uma referência do varejo premium; através de uma estratégia de dois momentos: crescimento no volume de negócio e reconexão com os clientes.

Para o vice-presidente do Meli os desafios enfrentados são outros. Lidando primeiro com o sortimento, Yunes explicou que a demanda pelos produtos existe, mas é necessário uma reformulação para que a oferta inclua mais produtos na plataforma. Além disso, a logística é essencial, “é preciso democratizar o acesso para que mais pessoas consigam receber as compras em um dia”.

Já Marcilio, detalhou que o foco para a RD é criar uma sociedade mais saudável. Com uma visão de longo prazo, a estratégia da empresa é ser cada vez mais responsável pelo cuidado com as pessoas, investindo em um hub de saúde. 

Serviços

Quanto mais a sociedade se desenvolve, maior se torna a necessidade de serviços, afirmou Gouvêa. No painel, cada uma das empresas concordou e discorreu sobre o impacto desses serviços na vida dos consumidores, apesar de suas diferenças de segmentos.

Marcelo detalhou que, por conta de uma demanda dos clientes por proximidade, o Minuto Pão de Açúcar tem se expandido cada vez mais. Simultaneamente, o programa digital cresce com uma média de 50% das entregas para o mesmo dia, em função da implementação das novas lojas. 

No caso do Mercado Livre, a empresa incluiu um novo serviço de devolução e retirada de mercadorias em lojas físicas, visando facilitar a jornada do consumidor. Fernando também explicou que o Meli é  um sistema de banco digital completo, oferecendo crédito, cartões e outros serviços. 

Para a RD, os serviços são parte do cerne da empresa. Almejando a construção de hubs de saúde, atualmente as lojas já possuem três profissionais da área farmacêutica para atender a população. Porém, Pousada levou uma importante consideração: “os serviços não vão gerar a rentabilidade que se espera; o serviço é o que vai gerar a fidelização do cliente, o vínculo”. 

Tributações

Pensando em termos financeiros, os convidados concluíram que endereçar somente as novas tributações e legislações não será suficiente para que o varejo enfrente o novo momento de competitividade. 

O CEO do GPA defendeu que os desafios estão além da resolução da tributação. “O varejo nacional pode observar as possibilidades do exterior, mas precisa aproveitar a internalização e procurar por oportunidades”, afirmou. 

Yunes completou que ao invés de beneficiar o comércio estrangeiro, é necessário garantir uma competição pela produtividade, qualidade do produto e inovação. “Não precisa beneficiar o local, mas não pode prejudicar também”.

Contribuindo para o painel, Gouvêa reforçou: “o varejo precisa aprender a jogar o jogo do cross border, levando as marcas brasileiras para fora”. 

“A verdade é que o consumidor quer uma experiência boa, se as marcas não se prepararem digitalmente o varejo vai continuar tendo questões além do imposto”, finalizou Marcilio.

Marca própria

O crescimento de marcas próprias no mercado é cada vez mais forte. Marcos perguntou aos executivos como acontece a evolução desse movimento e qual é o momento da marca própria para essas empresas.

Fernando, ao contrário das outras duas empresas, comentou que desenvolver uma marca própria não está nos planos do Mercado Livre. Considerando a premissa da organização de democratizar o acesso ao consumo, o executivo esclareceu que entrar com marca própria iria contra isso. 

Já para o GPA, o momento da marca própria é de revolução e renascimento.

Por outro lado, Pousada afirmou que as marcas próprias são uma forma de estabelecer vínculos com o cliente.

Insights

Encerrando o painel, cada convidado deixou uma reflexão para o futuro do varejo. 

“O segundo semestre é o momento de preparação da colheita, os frutos virão a partir de 2024”, declarou Pimentel. 

Fernando se diz “moderadamente otimista, primeiro semestre o mercado de e-commerce caiu, mas agora cresce”.

Por fim, Marcilio está otimista com o país, mas ressaltou: “precisamos estar prontos para atender esses consumidores”.